Tornou-se costume desdobrar a cidadania em direitos civis, políticos e sociais. O cidadão pleno seria aquele que fosse titular dos três direitos. Diretos civis são direitos fundamentais à vida, à liberdade, à propriedade, à igualdade perante a lei. Direitos políticos referem-se à participação do cidadão no governo da sociedade. Os direitos sociais garantem a participação na riqueza coletiva. (Carvalho, José de. Cidadania no Brasil: o longo caminho. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001, p. 9-10). Logo entendemos que não a exercemos e que instituição desses direitos não ocorreu da mesma maneira. A nossa história é marcada por lutas, perdas, conquistas, liberdade, opressão e exploração. O nosso anseio é pela conquista e perseverança da nossa dignidade.
Queremos que o poder dos nossos lideres políticos seja limitado, que tenhamos o direito de nos defender desse lideres e do próprio Estado; que eles inspirem confiança e assim tenham o nosso respeito.
Queremos a nossa igualdade perante a lei; que nossos interesses sejam comuns, reconhecidos, respeitados e difundidos pelo Estado. Ansiamos não apenas por nascer livres, mas também sermos livres e iguais em direitos.
Continuaremos lutando pela liberdade de pensamento, imprensa, expressão e culto, sendo respeitados como seres livres com direito de falarmos o que pensamos e sermos acolhidos com igualdade. Que essa liberdade de expressão seja usada com sabedoria e moderação.
Ansiamos pelo direito ao trabalho decente, ou seja, "um trabalho produtivo e adequadamente renumerado, exercido em condições de liberdade, equidade e segurança, sem quaisquer formas de discriminação, e capaz de nos garantir uma vida digna'' (OIT: Organização Internacional do Trabalho). Que o trabalho seja de fato um instrumento de emancipação continua de homens e mulheres.
Queremos que os imigrantes vivam com alguma proteção legal e sejam reconhecidos tanto nos países de origem como pelos países que o recebem. Que os nossos políticos se coloquem a favor da causa deles e que haja grupos organizados na defesa dos seus direitos, oferecendo alternativas de rompimento da imposição do capitalismo, pois os imigrantes são os "cidadãos do mundo".
Ansiamos que as mídias contribuam de fato para a efetivação dos nossos direitos, possibilitando a democratização do acesso aos meios de comunicação disponíveis. Que as mídias sejam espaços essenciais para a interação de grupos políticos e sociais de diferentes partes do espaço compartilhando nossas lutas e conquistas.
Ansiamos por justiça, seja por motivos cotidianos quanto à vida coletiva, pois vivemos em sociedade de direitos. Ansiamos o direito a justiça, sem o qual a concretização da cidadania será impossibilitada.
Estamos indignados em cumprir nossas responsabilidades sociais, esperando o bom funcionamento da sociedade que deveria acontecer.
Ansiamos para que sejam identificadas e resolvidas os vários impasses e desafios da cidadania plena que são, entre vários, as questões de corrupção interna, uso privados da máquina do Estado, violências policiais, formas organizadas de criminalidade e violência, tráfico e comercio ilegal de drogas, assaltos a banco, sequestros e abusos de pessoas, narcotráfico, lavagem de dinheiro, fraudes bancárias, corrupção de autoridades e governantes, mercados ilegais e mercado político, campanhas políticas, fechamento cultural, perseguições, torturas, censuras e execuções, ataques físicos e morais, intervenções arbitrárias e imperecíveis, violência doméstica contra mulheres e crianças, racismo e racismo silencioso, apartheid social, trafico de pessoas, etc. Queremos planos de ação que envolvam práticas de policiamento repressivos e preventivos, técnicas de investigação policial, formas de recrutamento e formação de profissionais. "Não queremos ser reféns da violência, mas ter um mínimo de previsibilidade em nossa vida".
Queremos defesa à diversidade cultural, linguística, sexual e religiosa, aos indígenas, aos ribeirinhos, aos caboclos do interior, a mulher, ao homem, aos moradores de periferias, aos sem-terra, aos imigrantes. Não queremos ser políticos ou servidores que se beneficiam ilicitamente dos meios da administração pública, bem como furar fila ou recorrer a um pistolão bem-posto numa repartição qualquer. Queremos ser agentes de mudanças, reduzindo os níveis de exclusão social e econômica e suas respectivas consequências.
A educação pode ser um meio efetivo para a construção de uma sociedade pautada no respeito e aceitação à diversidade, da aprendizagem por meio da cooperação e atendimento às necessidades específicas, reconhecendo os direitos universais e das liberdades fundamentais dos seres humanos. E a escola pode ser o espaço democrático destinado a todos; um elemento de superação de diferenças socais e construção da cidadania. E por que não investir na educação? Por que não equipar a escola? E por que não tratar o professor como tal? Ansiamos por uma sociedade justa e igualitária, na qual todos nós possamos ter uma vida digna de um ser humano.
POR FERNANDO MARTINS
-Professor, escritor e palestrante;
-Licenciado em Ciências Sociais e
Especialista em Metodologia do Ensino da História e Aconselhamento Familiar e
-Doutor em Teologia.
Nota do Editor:
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Caríssimo, ansiamos muitas coisas, muitas delas dependem apenas de nós mesmos, mas depositamos em terceiros e políticos a decisão de transformá-las a nosso favor; clamamos por educação, quebramos as escolas e faltamos com o respeito ao professor, queremos melhores empregos mas não procuramos formação adequada, queremos menos violência, mas compramos produtos de origem duvidosa, queremos mais saúde mas prevaricamos com nossos corpos.
ResponderExcluirOu seja, sonhamos com um Brasil melhor e entra eleição sai eleição caímos nos mesmos truques elegendo gente despreparada, oportunistas e demagogos. Fazer mais do mesmo e esperar resultados diferentes é uma equação daninha...
Caríssimo professor, abdicamos do nosso poder de evitar que políticos se perpetuem no poder em família, então perdemos o direito de limitar suas ações; alimentamos as rodas da corrupção reelegendo, e adquirindo produtos sem notas fiscais e de procedência duvidosa.
ResponderExcluirEducar uma nação demanda tempo dinheiro e filosofia; perdemos o direito quando não temos o devido RESPEITO pelo professor e esse perde o direito quando FOGE de suas atribuições que é ENSINAR para traduzir ideologias e sindicalismo barato.
Sim, educação nos salvaria, mas educação começa no BERÇO; educação se inicia na conquista da criança alavancada por um processo de ganho e perdas de acordo com sua produção e não de manhas, cotas ou coitadismos...