"Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender"
Paulo Freire
A profissão docente é árdua e exige frequente dedicação à formação por parte dos professores, além dos desafios encontrados em sala de aula diariamente é preciso buscar atualizações constantes, adaptar-se as novas tecnologias e recursos, assim como ao publico atendido, que está cada vez mais incutido de informações rasas, encontradas em meios não acadêmicos.
Tamanha complexidade aliada a fatores como os baixos salários, violência, indisciplina, falta de participação da família na escola e o estereotipo depreciativo em relação ao magistério tem levado cada vez menos jovens a buscarem a profissão professor.
Em recente matéria divulgada pelo jornal "O Estado de São Paulo” apenas 2,4% dos jovens brasileiros querem ser professor, há dez anos o percentual era de 7,5% segundo estudo da OCDE. Baixos salários e a falta de reconhecimento social motivam a recusa. De acordo com a matéria alguns desses jovens escolheram ser professor justamente por exemplos que tiveram durante sua vida escolar, mas a profissão docente ainda está associada à escolha de jovens de baixa renda cujos pais não tiveram condições de estudar. Apenas uma jovem filha de pais médicos é citada na matéria e é desencorajada pela família a seguir com a escolha. Em 2003 foi feito um estudo pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais do Ministério da Educação (Inep/MEC) concluindo que faltam 250 mil professores nas escolas do País.
Segundo Nóvoa (1995b) "Essa crise está associada a sobrecarga de trabalho, preenchimento de relatórios, tornando sua ação mecânica e repetitiva, impedindo sua essência criativa e autônoma."
A questão de o professor ser visto como um ser dotado de uma missão que tem a responsabilidade de causar todas as mudanças necessárias na sociedade, causa na verdade um imenso sentimento de impotência e frustração.
"As vezes, ou quase sempre , lamentavelmente, quando pensamos ou nos perguntamos sobre a nossa trajetória profissional, o centro exclusivo das referências está nos cursos realizados, na formação acadêmica e na experiência vivida na área da profissão. Fica de fora como algo sem importância a nossa presença no mundo" (Freire, 2001, pg 79).
O que move os professores a continuarem em seu percurso quando, como diz Perrenoud "A primeira aula pode lavar o professor recentemente saído da escola normal de todas as suas ilusões e ambições". Realmente a realidade e a pratica são muito diferentes dos livros e das teorias, dos planos de aula perfeitos e leva o professor a se reinventar o tempo todo refazendo seus percursos e revendo seus métodos e a forma de atingir cada aluno em sua real necessidade de aprendizagem.
Quais os caminhos que podemos trilhar para encorajar os jovens a escolherem serem professores sem que esta seja sua única opção, por que as licenciaturas são em sua grande maioria faculdades mais acessíveis, e sim levá-los a docência por paixão, por escolha, por dedicação em se tonar a cada dia um professor melhor para si e para os seus alunos.
Os alunos passam pelas mãos de um professor um ano de suas vidas, mas aquele professor passa a vida naquele aluno que se lembra com detalhes das lições aprendidas quando lhes foram ensinadas com didática, afeto e conhecimento.
Precisamos urgentemente parar de andar na contramão dos países desenvolvidos e seguir exemplos de sucesso onde os professores são bem remunerados, tem prestígio social, tem o respeito de pais, alunos e colegas, encontra alegria e prazer em suas atividades e ambientes extremamente calorosos e criativos para exercer seu ofício.
"A nossa mais elevada tarefa deve ser a de formar seres humanos livres que sejam capazes de, por si mesmos, encontrar propósito e direção para suas vidas" Rudolf Steiner
Referências Bibliográficas
Freire, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes Necessários à pratica educativa: Paz e Terra, 1996;
Freire, Paulo. Política e Educação 6 edição São Paulo: Cortez, 2001;
Nóvoa, Antonio (org.) Os Professores e sua Formação. Lisboa Dom Quixote, 1995a;
Silva, Maria Helísa Aguiar da Perez, Izilda Louzano/ Docencia no Ensino Superior. Curitiba IESDE Brasil S.A., 2009;
POR SAMIRA DALECK
-Graduada em:
-Educação Física pela Universidade Cidade de São Paulo -Unicid (2006);
-Pedagogia pela Universidade Brasil - Unicastelo(2008;
-Pós graduação em:
-Arte Educação pela Faculdade Campos Elísios (2013)e
-História da Arte pela Faculdade Campos Elísios(2013);
- Instrutora de Yoga e meditação pelo Pequenos Yoguis(2017);
- Atualmente trabalha com a primeira infância e busca incansavelmente conhecimento sobre criação com apego, disciplina positiva e todo tipo de educação não violenta.
Nota do Editor:
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Caríssima, educar uma nação demanda tempo, dinheiro e dedicação. No Brasil, nossa educação foi cooptada pela política e onde há política jamais haverão soluções reais e práticas. Hoje a categoria dos professores pagam o preço pelo devaneio eleitoral de políticos que galgaram altos postos, excelentes salários e a invejável estabilidade econômica almejada pelos professores.
ResponderExcluirNos anos oitenta, após sucessivas greves em busca de melhorias salariais a categoria enterrou o respeito que a sociedade tinha pelos professores. Os políticos até hoje não elaboraram um plano de carreira e salários para a categoria para assim os deixarem reféns de partidos e sindicatos.
Sim, temos professores dedicados, mas hão de concordar que temos muitos professores relapsos. Com certeza os pais abandonaram a educação de seus filhos, pois a fórmula da educação que seria; Professor ensina + Aluno aprende + Pais Educam = Educação de qualidade está comprometida. O tema ao se tornar político se tornou dispendioso e inútil.
Ao alijar os alunos das dificuldades que ensinam e educam, alijamos os cérebros. O que desenvolve um ser humano são as dificuldades, os desafios a concorrência. Lembrando que a impunidade ao aluno agressor e ao péssimo aluno é uma das mães de tanta convulsão em sala de aula.