Autora: Mariana Casoni(*)
Muitas pessoas acreditam que a literatura é algo supérfluo, feito para matar o tempo ou um meio de alienação. A literatura e as artes sempre estiveram presentes na vida do ser humano e têm uma função importante: a de educar o nosso imaginário.
A vida humana é complexa e a maioria das pessoas não tem uma vida repleta de experiências que abarcam esta complexidade, por exemplo, nem todos têm a oportunidade de viajar e de conhecer novos lugares, nem todos têm a possibilidade de encontrar e conviver com pessoas virtuosas, enfim nem todos nós teremos uma vida repleta de experiências. Desta maneira, a única forma de viver todas elas é por meio da literatura.
A nossa educação vai além daquela que recebemos no período escolar, aliás há uma diferença entre escolarização e educação, a educação é algo muito mais profundo: é educar-se como um todo em todos os aspectos humanos: intelecto e espírito.
Quando iniciamos a leitura de um livro literário, um mundo se abre para nós, a complexidade da vida humana se impõe diante de nossos olhos e, ao fazer este exercício da leitura, nossa capacidade imaginativa se expande. Ao nos depararmos com personagens virtuosas ou inescrupulosas, percebemos que há uma infinidade de situações humanas e não somente aquelas que presenciamos em nosso dia-a-dia.
A vida humana é complexa e muitas vezes em nosso cotidiano, em nossa rotina de estudo, de trabalho e de convivência familiar não vamos nos deparar com toda a complexidade existente das relações humanas. Por isso, a literatura nos auxilia e nos apresenta a vida, com suas inúmeras facetas, múltiplas personagens e situações que jamais imaginaríamos.
Por exemplo, o que entendemos sobre o amor? O que é um amor maduro, que já passou por algumas provas? Pode ser que ainda não tenhamos uma consciência sobre o que ele é, mas temos somente uma visão infantil, de um amor repleto de sentimentalismo ou de frio na barriga, mas ao lermos Felicidade Conjugal de Lev Tolstói, percebemos que até chegarmos ao amor maduro há um caminho a ser trilhado, há o compromisso estabelecido e há, sobretudo, o perdão. Desta maneira, a literatura nos permite ampliar nosso horizonte e a nossa capacidade imaginativa, que é a inteligência.
Quando nos fechamos para a literatura e para as outras artes: pintura, música clássica, teatro, nos fechamos para a inteligência, permanecemos em um estágio muito limitado e isso afeta diretamente nossa visão de mundo e a nossa relação com as outras pessoas.
O crítico literário Northrop Frye (2017) afirma que a educação é "um processo e um desenvolvimento social e moral" (p. 130), e este processo só ocorre de maneira efetiva por meio da literatura, é nela que encontramos ideais e valores necessários para construirmos uma realidade melhor.
Assim, a literatura é uma fonte de humanização, por meio dela compreendemos o que o ser humano é capaz, como são estabelecidas as relações afetivas e principalmente, começamos a compreender a nós mesmos, a dar nome aquilo que sentimos e que até então não sabíamos. Enfim, por meio da literatura podemos viver mil vidas em uma única.
Referência:
FRYE. Northrop. A imaginação educada. Campinas/SP: Vide editorial, 2017.
*MARIANA CASONI
-Graduada em Letras (2010) pela UNESP- Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho";
- Mestre em Literatura Comparada (2013) pela mesma Universidade;
- Professora de Língua Portuguesa e Literatura.
Currículo na Plataforma Lattes: http://lattes.cnpq.br/4705890322409799
- Mestre em Literatura Comparada (2013) pela mesma Universidade;
- Professora de Língua Portuguesa e Literatura.
Currículo na Plataforma Lattes: http://lattes.cnpq.br/4705890322409799
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