sexta-feira, 19 de agosto de 2022

Nada é o que parece ser


Autor: João Luiz Corbett (*)

Nunca em tempo algum e duvido que tão cedo venhamos a ver isto novamente, surgiram novos canais de mídia com milhões de usuários e especialistas. Agências de checagem da "verdade" surgiram como formigas, sabe-se lá de onde e com qual credibilidade. Vivemos um vale tudo da informação e uma caça às bruxas com inquisidores em todos os setores. Se você não pensa como o um determinado grupo logo é taxado dos piores epítetos históricos ou modernos.

O livre pensar é só pensar tornou-se um pesadelo, a liberdade de opinião (não de ofensa), é um crime brutal por determinação de quem detém algum tipo de mando. Para quem viveu o regime militar, houve um presidente que usou uma frase infeliz: "... se fizer mando prender e arrebentar". Hoje passados mais de 50 anos o princípio é o mesmo, há indivíduos que deveriam primar pela legalidade, integridade e liberdade como preconiza nossa constituição, que abertamente ameaçam quem ousar (!!!!) falar ou duvidar de algo.

A pluralidade de ideias que diariamente liamos em jornais e revistas, transformou-se em ideia única, é impressionante que tenhamos jornais e revistas com nomes diferentes já que os artigos publicados têm o mesmo ideal. Não se interessam em mostrar o conteúdo, discutir as nuances o certo e talvez o duvidoso. Importante é pegar uma única palavra e torná-la o centro e o motor do texto, dane-se o fato e o conteúdo. Chegamos ao ponto em que vemos que a manchete da notícia não tem nada a ver com o texto da notícia.

Com estes princípios estão criando pessoas sem conteúdo, leem a manchete se é da mídia que acompanham acreditam, o como e o porquê, a troca de ideias, a polemica, a dúvida deixaram de fazer parte das conversas. A frase feita passou a ser a definição de conhecimento e o demonstrativo da tese.

Um bom exercício para sabermos se estamos nos informando com isenção e correção é procurar a mesma notícia nas mais diferentes mídias. Sempre fui partidário de ler, ler muito, prós e contras, pois ninguém é isento, muito menos se falamos de política. Esta semana fomos brindados por uma agência de fact checking, uma das tais donas da verdade, com uma publicação não apenas absurda como tremendamente sem fundamento aritmético para não dizer matemático, na análise econômica compara a inflação anual do Brasil com a mensal de um país sul americano. A notícia está no site e apesar do erro ter sido comentado pelos mais diversos jornalistas, continua pública como se nada houvesse.

Termos como "despiora" e advérbios como mas, porém, todavia e contudo demonstram a parcialidade ou como alguns preferem "a não isenção", são utilizados em todas as análises em que um segmento não participante do ideário da mídia preconiza. Caminhamos a passos largos para o pensamento único.  O controle da mídia (leia-se censura) é abertamente falado e propagado sem a menor queixa dos que serão controlados, leia-se censurados.

Em nossas expectativas de mudanças significativas em todos os campos como energia, comunicação, medicina, transporte, educação, considerando todas as tecnologias disponíveis, é difícil imaginar que o que estamos fazendo é nos tornamos elementos do livro 1984, de George Orwell, a distopia sobre um poder totalitário.

Sem o menor pudor indivíduos e empresas se transformaram em donos da verdade, ditando o que deve e o que não deve ser publicado, comentado e divulgado. Quem deu a estes o direito de serem e estarem acima de tudo e de todos? Toda cautela é pouca no momento em que estamos perto de uma eleição que mais uma vez virá com as mais disparatadas promessas.

O absurdo (ou não!!!!) vem com a mais nova convocação, pública e notória, para um evento fora do Brasil, em meados de novembro, com a participação de ministros togados, sobre o novo governo e a nova economia do Brasil. Por acaso são videntes?

Melhor ficarmos atentos e seguir os ensinamentos dos livros de Harry Potter, nada é o que parece ser.

JOÃO LUIZ CORBETT










-Economista com carreira construída em empresas dos segmentos de açúcar, álcool, biocombustíveis, frigorífico, exportação, energia elétrica e serviços, com plantas em diversas regiões do país;

-Atuação em planejamento estratégico empresarial, reorganização de empresas, aprimoramento de competências, elaboração de planos de negócios com definição de estratégias, estrutura societária e empresarial, com desenvolvimento e recuperação de negócios e

- Atuação em empresas de grande e médio porte nas áreas de planejamento estratégico, orçamento, planejamento e gestão financeira, tesouraria, controladoria, fiscal e tributária. 

Nota do Editor:
Todos os artigos publicados no O Blog do Werneck são de inteira responsabilidade de seus autores.

8 comentários:

  1. É triste! Penso que se Deus quisesse que pensassemos igual, teria nos dado o livre arbítrio? Cada um interpreta de acordo com a sua bagagem cultural e índole! Como nossa educação desce ladeira abaixo e o máximo que conseguimos olhar a frente é o tal sextou, sabadou; pobre Brasil!

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    1. Por isso é cada vez mais necessário estarmos atentos às notícias e a quem as publica.

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  2. Parabéns Corbett, pelo brilhante texto. Resgatei minha certeza, ao identificar em suas palavras, o mesmo sentimento que tenho dos dias atuais. Nosso professor de Português, Manoel Pereira do Vale, certamente ficaria orgulhoso por não precisar corrigir nada do seu conteúdo. Forte abraço. Noya

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  3. É triste! Mas o 'nós versus eles' limitaram nosso entendimento e ofuscaram nossa compreensão. Imaginava lá nos anos 80, que o advento internet traria conhecimento, cultura e liberdade.
    Hoje, espertalhões e jornalisras i'z'entos sequestraram as mídias sociais e quem não for ou melhor; quem ainda pensa por si é comunista esquerdista comunista...pobre 🇧🇷

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  4. Precisamos estar atentos e não nos deixarmos levar por notícias enganosas.

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  5. Patabéns! Eu busco os sítios oficiais, jornalistas com história e credibilidade, que assinam o que falam e escrevem. As agências de checagem têm as mesmas ferramentas que eu para buscar a verdade. E mais, são patrocinadas. Assim como as empresas de pesquisa, empresas, não institutos. E eu acho muito estranho empresas de notícias se consorciarem, sendo que a concorrência pela audiência é a alma do negócio. Profª Stela Maris

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    1. Imagino que vc como professora deve ter grande dificuldade em mostrar aos alunos que a leitura diversificada e a pesquisa são as pedras fundamentais da educação. Obrigado pela leitura.

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