No Filme "Vendedor de Sonhos",
baseado no livro homônimo de Augusto Cury, temos um psicólogo à beira do
suicídio. Ele é interrompido por um mendigo que lhe dá uma outra perspectiva de
vida e lhe ensina a enxergar a realidade de outra forma. A partir daí a dupla
passa a procurar pessoas que estão prestes a desistir para poderem "vender" seus ideais, e lhe dar novo rumo, novos sonhos, novos objetivos na vida, com
novas possibilidades de enfrentar a realidade em que vivem.
Nesta semana estive pessoalmente, por força de trabalho, na entrega de novas unidades do "Minha Casa, Minha vida", do Governo Federal. A entrega ocorreu simultaneamente em Santa Maria da Vitória/BA, Aracruz/ES e Maceió/AL, e contou com a presença dos Governadores dos estados contemplados, prefeitos dos municípios citados e com Ministros do Governo Lula substituindo-o, haja visto a recuperação de procedimento cirúrgico. Em Link ao vivo com o Planalto, Lula, acompanhado do Ministro das Cidades, falou à população sobre a entrega das casas e da história da conquista de sua primeira casa. Até ai seria algo natural, não fosse o teor de todo o evento que, assim como outros, demonstra que não há projeto de Estado, mas plano de poder, deixando claro àquilo que já ouvimos dantes: Ou é Lula ou não tem nada.
Existem muitos pensamentos divergentes quando falamos do aspecto político em nosso país. Há muitas bandeiras ideológicas e uma grande e grave dificuldade de definir exatamente o que é direita e o que é esquerda, reduzindo esses conceitos a coisas que, no fundo, não fazem jus ao que realmente seja um ou outro espectro político-ideológico. O que vemos são narrativas que tentam emplacar os interesses pessoais como sendo interesses coletivos, usando-se jargões e palavras do senso comum, até redefinindo termos, para que tal e tal defensor deste ou daquele viés, esteja no poder.
A esta altura, deve-se perguntar o que uma coisa tem a ver com outra. E a resposta é simples: jogo de poder. Infelizmente a narrativa que temos no Brasil é sempre desfazendo do anterior e estabelecendo-se como o grande "salvador da pátria", solucionador dos "problemas" do Brasil. Neste ou em outros governos nunca se levou em consideração o momento atual e as necessidades atuais do país. O que vemos é sempre uma disputa com o anterior e a tentativa de demonstrar que o país piorou em virtude de quem já passou, mas na realidade não vemos avanços estruturais no país. O que assistimos é sempre uma tentativa de mostrar que o país com A é ruim, e que só melhora em função de B. Os sonhos são alcançados; a vida progride; a dignidade alcançada apenas de B estiver no poder. Deste ponto em diante, tudo o que vemos é um projeto de poder, uma narrativa triunfalista momentânea e uma evidente declaração de que se algo mudar e B não estiver no poder, os sonhos acabam e A retorna. E nesse duelo de narrativas e de descrições futurísticas está o Cidadão que, ao invés de lutar por melhorias e por opções do restante do alfabeto, ou até colocar-se como tal, só enxerga a realidade binária de que ou é A, ou é B. E aceitam o retrato de futuro que nos é imposto.
A grande questão é: quando falaremos de um futuro para o Estado Brasileiro e não de escolher quem mandará e quem vai ajudar o C a caminhar? Quando pensaremos num Estado forte e justo para que o Cidadão opte não pelos sonhos impostos, mas pela possibilidade de construir seu próprio sonho? Nessa batalha, infelizmente, vence quem vende melhor o sonho dos outros.
*MICHEL DOS SANTOS REIS
-Graduado no Curso de Pesquisa e Extensão sobre combate ao Bullying pela Universidade Estadual Sudoeste da Bahia (2015);
Tudo começa na nossa maneira de pensar e de votar.
ResponderExcluirConcordamos que tudo é poder, seja esquerda,direita,centro....
Mas; dos projetos do molusco este minha casa minha vida não é um projeto que tem alcançado o povo?
Não é esse o problema. A questão é mais profunda. Essa programa alcança o povo como o auxílio emergencial tbm alcançou. A questão é o povo se deixar manipular pela venda de sonhos e não lutar por melhorias em plano de Estado, não de Governo
ExcluirÓtimo texto!
ResponderExcluirOutro ponto que me deixa indignado é quando alguém faz aquele discurso proselitista, afirmando que uma pessoa tem obrigação moral de votar em A ou B porque foi beneficiada por um programa assistencial. Isso é constrangedor, ridículo e covarde.