Autor: Márcio Cavalcante (*)
O encerramento do ano escolar frequentemente se torna um período desafiador para os professores, que enfrentam uma série de pressões e responsabilidades. A preparação e correção das provas finais demandam um esforço significativo e a necessidade de avaliar o desempenho dos alunos pode resultar em decisões difíceis de reprovação. Não apenas atribuir notas, mas também lidar com os questionamentos dos alunos e de seus pais, criando um ambiente tenso e repleto de expectativas.
Além das preocupações acadêmicas, o final do ano muitas
vezes traz inquietações financeiras para os professores. Muitas instituições
efetuam pagamentos de forma parcelada ou com atrasos, agravando o estresse
financeiro em um período em que as despesas podem ser mais elevadas. A pergunta
que não quer calar é: Quando cai o 13º salário??!!
Nesse contexto, a tentação de abandonar a profissão pode se
tornar uma realidade. A exaustão física e emocional combinada com as pressões
acadêmicas e financeiras, leva alguns professores a questionarem se vale a pena
continuar. No entanto, é crucial lembrar que a educação é uma profissão
fundamental e cada professor desempenha um papel crucial no desenvolvimento da
sociedade.
O encerramento do ano escolar com todos os desafios também abre
espaço para reflexão para além dessas obrigações técnicas e gerenciais citadas
acima. Apesar das dificuldades e entraves, uma indignação legítima deve
incentivar, empurrar, motivar, a capacidade de superação e na oportunidade de
fazer a diferença na vida nossa vida acadêmica, pedagógica e por conseguinte na
vida dos alunos, e assim ela nos faça semear uma "Educação para além do Capital" título do livro que István Mészáros.
Nesse sentido, a frase de Paulo Freire "Seria uma
atitude ingênua esperar que as classes dominantes desenvolvessem uma forma de
educação que proporcionasse às classes dominadas perceber as injustiças sociais
de maneira crítica" evidencia que, as estruturas educacionais foram
moldadas para preservar o status quo, perpetuando desigualdades e legitimando
hierarquias sociais sugerindo que a classe dominante (e suas frações de classe)
têm pouco interesse em promover uma educação que encoraje a crítica social, já
que isso poderia ameaçar sua própria posição privilegiada. Portanto, a busca
por uma compreensão crítica das injustiças sociais pode exigir esforços
independentes das classes dominadas para superar as limitações impostas pelo
sistema educacional existente.
Para enfrentar efetivamente as injustiças sociais, a sociedade (eu, você, nós) precisa reavaliar e transformar as estruturas educacionais, promovendo uma abordagem mais inclusiva , crítica e incentivando a curiosidade. Isso implicaria desafiar as normas estabelecidas, incentivando o pensamento crítico desde as fases iniciais da educação e criando um ambiente que capacite as classes dominadas a compreenderem e contestarem as desigualdades que permeiam a sociedade. Um bom começo seria se nós professores não tivéssemos esse sentimento de desistência por causa da sobrevivência e da frustração escolar e com a situações na sociedade em geral, mas graças à ideologia e esperança da mudança que nós mesmos podemos causar na sociedade, mantemo-nos em nossos postos esperando mais um ano letivo...
No mais, Feliz Natal pra vocês e feliz aniversário pra mim, pois nasci no dia de Natal....
MÁRCIO CAVALCANTE
-Graduação com Licenciatura e Bacharelado em História - 2012 - PUC – SP;
-Graduação em Licenciatura em Geografia EAD – Facuminas – MG – 2020;
-Pós-Graduação em História Indígena e Afro Brasileira – Facuminas - MG – 2020; e
-Professor de História e Geografia F2 - Colégio COC -Santos- SP e
-Professor de História F2- Colégio Santa Inês 0 Santos - SP
- Ramo de pesquisa: Trabalho: Saúde, Higiene e Segurança, suas representações e articulações por parte dos trabalhadores.
Instagram @historia.poiesis
Nota do Editor:
Todos os artigos publicados no O Blog do Werneck são de inteira responsabilidade de seus autores.
Feliz natividade, professor! Aqui, uma parcela do 13° já caiu. Quase que minha conta fica positiva!
ResponderExcluirContinuemos remando... Abraço!
E eu que neste ano nem 13@ eu terei.....
ExcluirReflexão perfeita, desse professor incrível. Uma síntese do emaranhado de situações que direcionam o dia a dia dos profissionais da educação. O final do ano realmente nos remete à tais indagações, pois é o "desfecho" de toda continuidade de um ciclo ou fim dele para professores e alunos. A sensatez do "aprender a aprender" é infinitamente válida para que possamos nos alimentar e não desistir, pois a valorização do trabalho docente é ainda uma utopia
ResponderExcluirParabéns professor Márcio.
Reaprender a ser professor em meio a sistemas escolares de mentalidade analógica e alunos digitais.
ExcluirBom texto. Educar, resistir e construir. Esse é o caminho da educação no Brasil. Muita força e luz pra nós professores e parabéns ao autor aniversariante. Vida longa e próspera.
ResponderExcluirUm tanto panfletário o texto , mas é uma divagação de final de ano. Valeu !!
ExcluirHercúlea luta , de momentos de Pirro....
ExcluirÓtima reflexão, professor!! Essa "tentação de abandono" aparece em várias situações que ocorrem durante o ano letivo, porém é evidente que esta, se intensifica no final. Pensando na nossa responsabilidade em relação à formação social e a importância disso, nos vemos muitas vezes sem o devido reconhecimento. Seja ele através da instituição, dos pais e claro, da sociedade. Mas seguimos fortes, pois ainda acreditamos!! Bom final de ano professor e muitos anos de vida! Abraço!
ResponderExcluirA escola é por conseguinte os professores tem que dar conta cada vez mais de aspectos que são da ordem familiar. Isso parece que já é institucional.
ExcluirNenhuma vivência é individual, a frustração é coletiva e são pessoas como você que dão voz e despertam a força pra resistência, que assim como ensinou, façamos a história!
ResponderExcluirEstarei na resistência por aqui também!
Como dissera a Mafalda "Se sofremos juntos, por que não lutamos juntos ?!"
ExcluirSão situações como essa que fazem acender a chama da esperança ainda, continuar na resistência com a ideia de (como me foi muito bem ensinado) que possamos fazer história!
ResponderExcluirA luta continua, e continua daqui também, um dia nós sentiremos orgulho da história que vivemos!
Olá guria !!! Eu sei História, eu faço História, eu sou a História !!
ExcluirComo sempre ótimos textos, grandes reflexões, tenho certeza que seja árdua essa profissão, mas tenho orgulho quando um aluno refere-se à um professor dizendo meu professor é o cara....inteligente, dinâmico, explica de uma forma que todos entendam, parabéns a você mestre
ResponderExcluirÉ um revigorante esses tipos de devolutivas dos alunos....
ExcluirPertinente texto. Situações que afligem a todos nós do professorado. O desânimo em reconhecer-se crucial quando os demais ignoram é fomentado pelo descaso jurídico e financeiro que nossa classe enfrenta. Em Pedagogia da Indignação, na segunda carta introdutória à obra, se não me engano, há o questionamento trazido sobre o salário e a devida remuneração que as professoras e os professores deveriam receber e como, no capital, essa é a maior demonstração de descaso ao nosso papel social, que forma médicos, doutores, economistas que raramente, pensam em fazer por essa classe, o que receberam dela.
ResponderExcluirO financeiro é uma dimensão material dessa problemática, manter o professorado é uma necessidade do Capital, e romantizar a profissão é sua forma de dizer isso.
ExcluirÓtima reflexão, de alguém que mantém a chama docente acesa, fazendo-nos acreditar que ainda há esperança, a despeito de todas as precariedades e desafios inteligentemente denunciados no texto.
ResponderExcluirForça a todos os professores deste país, e muito sucesso a você, meu amigo Márcio!
E agora tu que vai assumir oficialmente uma enorme responsabilidade, entrando ainda mais nesta trincheira da educação, do cuidado e proteção da infância e adolescência, nos ajude.
Excluir