sexta-feira, 13 de setembro de 2024

A Nostalgia e a Angústia do Presente


 Autora: Mônica Maria Ventura Santiago (*)

"Durante a nossa vida: Conhecemos pessoas que vêm e que ficam, Outras que vêm e passam. Existem aquelas que vêm, ficam e, depois de algum tempo, se vão. Mas existem aquelas que vêm e se vão com uma enorme vontade de ficar..."
 Charles Chaplin

Pessoas existem que apreciam viver as lembranças do passado rememorando situações, amigos, entes queridos, acontecimentos, experiências ou épocas nas quais e pelas quais foram muito felizes. Estes indivíduos também gostam de pensar com insistência nos sonhos almejados e não realizados, por isso mesmo, padecem profundo sofrimento e apego, com a dor das emoções incontidas que os amarram aos espinhos do passado dos quais não conseguem se libertar. 

De modo geral, pessoas que se atêm às experiências vivenciadas no passado, guardando-as apenas no campo mental sofrem mais porque não se dão conta que é preciso entender as experiências também com o coração. A mente por si só, como uma rajada de vento que circula em remoinho, tortura a criatura, colocando-a em mal-entendidos difíceis de superar. O melhor seria abrir as comportas da alma para entender as experiências com o coração, pois, somente os sentimentos gerados no âmago do ser e aureolados pelo fogo sublime do amor, podem queimar as injustiças, as mágoas, as tristezas e encontrar a aceitação do passado.

O presente angustioso que se vive na atualidade insiste em atormentar os ideais de plenitude para viver-se o aqui e o agora com a Alma, de cujas orientações deveriam encaminhar para a libertação das amarras do passado e das energias negativas que não permitem o avanço na direção positiva com a criação de belos e saudáveis laços para uma existência feliz. 

Houve um brasileiro, um entre tantos outros, nascido no Sul do Brasil no ano de 1948 que parece ter vivido intensamente entre embaraços e laços, saudades nostálgicas e angústias, contudo, esforçando-se bravamente para viver em plenitude. Foi consagrado jornalista, escritor e dramaturgo. Foi perseguido pelo Departamento de Ordem Política e Social e refugiou-se. Fugiu do regime militar nos anos 70 e exilou-se em Londres passando também por Estocolmo em experiências solitárias e difíceis. Depois de tudo, pode retornar à Pátria mãe gentil, quando retomou sua criação literária em 1974, publicando contos e romances que o consagraram, até que partiu nas asas da morte em 1996, após descobrir a enfermidade que lhe ceifaria a vida, não sem antes, retornar à casa paterna há tempos abandonada. 

Lembrei-me deste brasileiro, cujo nome não citarei em respeito pessoal, como também de tantos outros cujas experiências anímicas de suas consciências e individualidades, foram marcadas indelevelmente, como sói acontecer com qualquer criatura, pelas emissões energéticas de suas personalidades. 

Ao lado de todos os sentimentos conhecidos, pessoas há que emitem suas vibrações com frequência diversificada e assim, transparecem sua condição íntima. Neste contexto, o ser pacífico, não passivo, ou o ser beligerante, expõe o equilíbrio que o guia ou o desequilíbrio que o atormenta, respectivamente. Assim também, as vivências malsinadas ou desvirtuadas do passado, resultam nas drásticas consequências do agora. 

Quando refletimos na nostalgia, obviamente, um sentimento saudoso de carinho ou tristeza por algo ou alguém de nosso passado, indubitavelmente, encontraremos na Lei das Atrações Magnéticas, as respostas para os incontáveis episódios da existência humana, pois, independentemente da faixa etária, social ou cultural, todos carregam ao redor de si o campo que instiga as atrações vinculando criaturas que emanam energias similares para o bem como para o mal. 

Na angústia dos dias atuais, repensar a nostalgia dá-nos conta que os sentimentos necessitam serem educados no caminho do enobrecimento da Alma humana. Destarte, é imprescindível analisar como o Mestre de todos os mestres ensinou: "Vigiai e Orai para não cairdes em tentação"Mateus, 26:41. Isto porque tudo o que se espalha com a lábia enganadora, com os propósitos cruéis de perturbar, corromper, perseguir, caluniar e maldizer, envolvendo outrem para tirar proveito em seu próprio benefício em detrimento da dor alheia, causando sofrimento e feridas nos sentimentos dos outros, um dia, próximo ou remoto, retornará para aquele que se equivocou nas vielas torpes da intemperança, das iniquidades, dos gozos fáceis e dos domínios sobre os outros. E com lições muito duras, a Vida mestra reeducará o indivíduo nos caminhos outrora perdidos do equilíbrio dos pensamentos, das palavras, das atitudes, na reabilitação por meio do trabalho árduo, fazendo sofrer o imprevidente todos os padecimentos, assédios e ataques que impôs aos outros.

Nessas reflexões entre nostalgias e angústias, num belo momento de apreciação musical e linguística, ouço e recordo o inesquecível Duo britânico que foi enorme sucesso iniciado nos idos de 1980, prolongando pela década de 90, após o que, separaram-se permanecendo grandes amigos, embora seguindo rumos diferentes.  

Refiro-me ao Eurythmics cuja tradução "eurítmica" tem origem grega no termo "eurythmía" – substantivo feminino que tem o sentido de justa proporção ou que signifique regularidade entre as partes de um todo. Pospondo-se o sufixo "ico" – (De eurritmia + -ico) – teremos "errítmico" - adjetivo e substantivo masculino do qual se diz que produz "eurritmia" igual "eurythmía" – normalidade de ritmo, cujos antônimos são: arritmia – ausência de ritmo ou perturbação ou desvio do ritmo, como uma arritmia cardíaca. E, disritmia – distúrbio de ritmo como por exemplo o distúrbio do ritmo cardíaco ou do cerebral. 

A vocalista do Duo inglês cantava The Miracle of Love – O Milagre do Amor, na bela canção que diz:

"Quantas mágoas (tristezas, feridas) você tenta esconder num mundo de ilusão 

Isso está encobrindo (nublando) sua mente?

Eu vou te mostrar algo bom! Oh, eu vou te mostrar algo bom!

Quando você abrir sua mente você vai descobrir o sinal 

Que há algo que você está ansioso para encontrar 

O milagre do amor vai tirar sua dor

Quando o milagre do amor vier na sua direção (em seu caminho) novamente

Cruel é a noite que encobre seus medos 

Suave é aquela que enxuga suas lágrimas

Deve haver uma brisa amarga para fazer você doer tão cruelmente 

Eles dizem que o maior covarde é o que pode ferir (machucar) mais ferozmente 

Mas eu vou te mostrar algo bom! Oh, eu vou te mostrar algo bom! 

Se você abrir seu coração você pode fazer um começo (pode recomeçar)

Quando seu mundo em ruínas desmoronar

O milagre do amor vai tirar sua dor 

Quando o milagre do amor vem em seu caminho (direção) novamente".
Nesta tradução livre e literal imaginamos o ritmo que "Eurrítmica" traz com o sentido da regularidade entre as partes de um todo e "Eurrítmico" como normalidade de ritmo. Um é o substantivo feminino o outro, o substantivo masculino. O Yin e o Yang como no conceito Taoísta que mostra a dualidade de tudo o que existe. Forças opostas e complementares que se encontram em tudo o que vive.

Assim, nostalgia, melancolia e saudade como a angústia e a aflição, são sentimentos que convivem no íntimo das criaturas como a arritmia, aquela ausência de ritmo ou perturbação ou desvio do ritmo para que se aprenda a valorizar seus opostos tais, serenidade, leveza, júbilo, satisfação, sentimentos de contentamento e alegria. Vivamos o milagre do Amor, força motriz do equilíbrio de tudo e de todos! 

Referência: 

https://www.youtube.com/watch?v=mAilvA8OA7Y 

*MÔNICA MARIA VENTURA SANTIAGO

















- Advogada graduada pela FADIVALE/GV (1996); 

Latu Sensu em Linguística e Letras Neolatinas pela UFRJ (1992);

-Degree in English by Edwards Language School – London -  Accredited by the British Council, a member of English UK and a Centre for Cambridge Examinations (2000);. 

-Especialidades:  Direito de Família e Sucessões,  Direito Internacional Público e Direito Administrativo;  e

-Escreve artigos sobre Direito; Política; Sociologia e Cidadania.

Nota do Editor:

Todos os artigos publicados no O Blog do Werneck são de inteira responsabilidade de seus autores.

2 comentários:

  1. Receba os meus Parabéns por este maravilhoso texto que produziu aplicando o seu vasto conhecimento jurídico,social,doutrinário religioso…

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