Permitam-me conduzi-los a uma breve viagem. Visitemos um hospital qualquer, na Fortaleza do ano de 1998. Apressadamente entraremos pelo setor de emergências e, logo no corredor, encontraremos doentes sobre macas, uns gementes, outros resignados, esperando por uma dignidade que nem sempre chegará a tempo. Pouco mais a frente, haverá um jovem estudante de medicina inquieto, sob uma tempestade de pensamentos, tentando conciliar a alegria de estar iniciando sua profissão com a precariedade da saúde pública do "País das ilusões" e tudo o que isto representava. Aquele estudante talvez seja eu. Um sonhador, entre muitos, desperto pela crua realidade.
Desde então, revivendo desafios como aquele, algumas evidências ainda me inquietam. A primeira: pessoas, pobres ou letradas, ricas ou semiletradas, são capazes de olhar nos nossos olhos e mentir. E mais "humano" impossível, enganam prometendo nos ajudar. Traem nossa dignidade. A outra é tão essencial quanto: a simples omissão pode causar morte e sofrimento a inocentes.
A "lógica" natural seria procurar um culpado para toda aquela decepção. Encontrei o meu: o então sociólogo Presidente da República Federativa do Brasil. Ora, se a situação era aquela e as autoridades que poderiam melhorá-la não o faziam, "obviamente" a culpa era dele e de seus seguidores. Se, em algum lugar, o mal persiste, alguém encarregado de combatê-lo deverá estar omisso ou, pior, se beneficiando daquele mal. Fui além, e os culpei pelas mazelas da educação e da segurança públicas que nos ofereciam... poupei, ingênuo, governadores, prefeitos, legisladores...
E, àquela época, graças ao "bom destino", com meu desajeitado raciocínio, revelou-se um candidato que olhava nos olhos das pessoas e prometia uma "esperança que venceria o medo", era firme e objetivo: "nunca antes na História do Brasil". Dizia que o Brasil queria mudar. "Mudar para crescer, incluir, pacificar...". Ao brasileiro ofereceu dignidade. E prometia ainda honestidade e firmeza de conduta. Aquela "estrela", ex-metalúrgico, disse tudo que eu precisava ouvir. Oba! Como num passe de mágica, conquistou minha admiração.
Decepção. O candidato social-democrata ganhou. A figura que deveria interferir positivamente na vida dos inocentes, mas não interferia.
E agora? Restava trabalhar para que na eleição seguinte(2002), meu "salvador" fosse reconhecido pela maioria e, enfim, eleito...
Era 2003, e o "primeiro profeta", já meu presidente, "o escolhido", dissimulado no crescimento da China, repartiu o Brasil com os antigos caciques e reacionários. Os do mesmo sistema de sempre. Frustração. Como poderia? E vieram discursos populistas de "ódio", vieram os conchavos e seguiram-se as hipocrisias. Pois bem, por mais de dez anos venho tentando corrigir meu erro. Hoje, aquele senhor que ganhou três dos meus votos, e que se beneficiou do meu suor para converter mais alguns, foi julgado, condenado e encontra-se preso por um crime que cometera. E é réu em mais alguns. Pior, vem continuamente, junto com dezenas de cúmplices, tentando desacreditar de sérias instituições que obedecem às leis.
Nas eleições presidenciais de 2014, já médico, com certa vivência e alguma experiência de vida, tendo apoiado o candidato do PSDB(quem diria hein?) mais para me opor ao PT do que por acreditar no candidato de "direita", usei meu nome, fiz campanha nas redes sociais e votei em uma pessoa que dizia, mais uma vez, olhando nos olhos(e na televisão), quase tudo que eu queria ouvir. Enganei-me novamente. Hoje, são de conhecimento de muitos cidadãos as vergonhosas gravações, os prováveis crimes e as investigações que o então meu escolhido "segundo profeta" vem enfrentando. Apenas mais mentira de campanha. Suspeito, aterrorizado, de que sob proteção suprema.
Há algo no sistema brasileiro, nas leis e em nossa cultura que permite que sejamos enganados. Favorece para que os enganadores muitas vezes permaneçam impunes e persistam no caminho da bandidagem. Por que o Brasil permite isto? Por que isto é normal? Surpreende que em 2018 a turma de políticos investigados, suspeitos e réus seja enorme.
Como desmascarar os impostores? Como combater partidos políticos que protegem e são coniventes com candidatos mitômanos? Candidato que promete em campanha deve cumprir, se eleito. Hoje temos fortes instituições que podem acompanhar e exigir isto. Aquelas que alguns candidatos desejam "sufocar".
Hoje, 20 anos depois, o que vemos no meio de tanta conversa bonita? Pessoas ainda sofrem e morrem em corredores de hospitais? Pessoas são banalmente assassinadas nas ruas? Educação pública é exemplar? Por quê? Omissos ou enganados, somos responsáveis e cúmplices.
Ao confirmarmos que alguns candidatos são falsários, como escolher? Como decidir? Poderemos evitar partidos cúmplices de políticos suspeitos ou mesmo condenados. Outra solução é não reeleger nenhum possuidor de qualquer cargo eletivo. Precisamos ser ágeis em investigar, julgar e retirar da vida pública os criminosos.
Outubro de 2018 será nova chance de escolhermos pessoas que respeitem a vida com sabedoria e que sejam honestas. Poderemos favorecer para que prevaleça a dignidade humana e não para que haja corrupção, fraude e impunidade. Estas pessoas existem! Não quero mais uma "Carta ao Povo Brasileiro". Não quero mais ser ridicularizado. Quero honra, moral e ética.
Eis o desafio: escreva agora sua ideia para desmascarar impostores! Hoje, ideias podem chegar a qualquer canto do Brasil. Divulgue uma maneira de impedir que mentirosos nos governem! Façamos parte desta mudança. A era da sabedoria popular virtual. É chegada a hora de fazermos.
O Brasil de agora é um sistema que precisa mudar. Façamos a nossa parte! Fora cordiais vigaristas!
POR JACINTO LUIGI DE MORAIS NOGUEIRA
-Médico formado em 2003 pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará;
Anestesiologista especializado no SANE-RS / Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul / IC-FUC.; e
- Profissional liberal.
Nota do Editor:
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Pois é doutor; somos enganados ou queremos ser enganados?
ResponderExcluirComo dissestes o molusco enganou a sociedade não uma mas 4 vezes.
Mesmo depois de um escandaloso mensalão entre 2002-2005 ele foi e reeleito e elegeu depois seus postes pelo Brasil além da desmiolada do 171.
Será que nos falta malícia eleitoral ou vergonha na cara?
Hoje o contexto nos apresenta um ex governador acusado pelos seus adversários excomungado pelo povo de seu próprio estado, mesmo este estado ter sobrevivido a ataques terroristas de vários tipos de quadrilhas, ter evitado a morte de milhares de pessoas em relação ao resto do país; cuidar dos doentes do Brasil e da América da Latina que aqui procuram guarida, ter propiciado as melhores estradas O melhor metrô com todos os seus problemas de velhinho mal amado pelo seu povo.
Para encurtar estamos diante de mentirosos que seus feitos são discursos em plenário vazio, briguinha de comadres com direito a cusparada e com punho cerrado à mesa; no mais galopante Lula II ; quem mente para quem? O candidato ou o eleitor?