segunda-feira, 19 de outubro de 2020

Pontos para o Brasil decolar na economia


 Autora: Ana Paula Stucchi(*)


Muitos economistas tinham projeções otimistas para os índices econômicos em 2020. Mas ninguém esperava a assimetria de informações no sentido de um vírus parar a economia globalmente. E mais. A pandemia mostra-se mais grave no sentido do vírus mutar com mais rapidez que os vírus de gripe. Daí, agora em meados de outubro vê-se países refazendo lockdown para tentar conter a segunda onda covid-19.

Mas pense caro leitor. As pessoas precisam continuar comendo, vestindo, hoje em dia certos artigos que eram considerados luxo no passado são de primeira necessidade como por exemplo produtos de limpeza pessoal. 

Vamos a um breve panorama do que aconteceu em 2020: Em 2019 a previsão era de um modesto crescimento em tendência de aceleração, ou seja, mesmo que a previsão fosse de um crescimento pouco acima do 1%, a tendência era que poderia ser maior. Mas com a pandemia isso não aconteceu. O que houve foi uma queda em quase todos os setores. Com o desaquecimento a nível global, o setor exportador não deu tanta risada assim, porque não aumentou as vendas no que se esperava, embora o setor de agronegócio manteve seus níveis de produção, venda e crescimento. Houve até a celeuma em torno do arroz que foi exportado pra China que desabasteceu o mercado interno, e depois a China(!) vendeu (de volta?) arroz para o Brasil (só no Brasil isso). 

Aqui abro um parêntesis para uma grande questão estrutural: pense: não temos nenhuma prioridade em abastecimento do mercado interno (aqui não importa a cor do governo, sempre burros nesse sentido), se tiver que exportar um produto ou serviço, dane-se o mercado interno. Creio não ser inteligente inflacionar o país por demanda reprimida para beneficiar apenas alguns exportadores (que devem contribuir nas campanhas eleitorais, só pode). Além desse caso recente do arroz, olha mais um absurdo: exportamos bauxita (esse minério só existe no Brasil e no Canadá) e desabastecemos nosso mercado interno, fazendo com que as indústrias no caso de alumínio sejam prejudicadas e muitas fechem. Encerram-se postos de trabalho que, se fossem ser refeitos, demorariam 10 anos para serem repostos. Ou seja: o Brasil está se desindustrializando e nada inserindo no lugar para geração de empregos.

Uma alternativa à indústria de bens, é a de tecnologia. Mas ainda, nem de longe, temos mão de obra especializada para esse Mercado. Olhando para o futuro no médio e longo prazo, é assustador o que fizeram com o Brasil. A desindustrialização das duas, três últimas décadas colocou nosso país na lanterninha do crescimento econômico.

Há esperança no pacote de obras a ser lançado em breve. Porém, sempre os governos tentando soluções, podem até estar bem intencionados, mas na maioria das vezes a solução imediatista, como a construção, que emprega mão de obra não especializada, desestimula a formação de profissionais melhor qualificados. E do lado da oposição, as viúvas da política industrial do início da década de 2000 também não se atualizam, defendendo um modelo antigo, onde o Estado bancava quase tudo e não cobrava quase nada. Ou seja, mesmo que estejam tentando fazer as já famosas PPIs - Parcerias Público Privadas, que a meu ver no Brasil são ridículas, porque o governo faz a infraestrutura que deveria ser bancada pela iniciativa privada e entrega então pra um ente privado fazer a gestão e levar os louros e os lucros, enquanto a Dívida pública está em quase 100% do PIB (estamos gastando como governo dois salários sendo que ganhamos só um!!!!!).

Para melhorar as perspectivas, Reforma tributária faz-se mais que nunca necessária para que possamos fazer as empresas respirarem e seguirem em frente e até criando uma atmosfera de boas expectativas para que 2021 possa ser mesmo que na situação de "novo normal" seguir em frente.

Mesmo que você que lê esteja achando esse texto otimista, minha função de beija flor é justamente jogar minha gotinha de otimismo nessa floresta de incertezas chamada economia do Brasil.

*ANA PAULA STUCCHI



 







-Economista de formação;
-MBA em Gestão de Finanças Públicas pela FDC - Fundação Dom Cabral;
-Atualmente na área pública
Twitter:@stucchiana

Nota do Editor:

Todos os artigos publicados no O Blog do Werneck são de inteira responsabilidade de seus autores.

Nenhum comentário:

Postar um comentário