sábado, 29 de agosto de 2015

O país está à beira do abismo. Alô, alô, Congresso!


Brasil está a um passo de perder o selo de bom pagador de sua dívida conquistado a duras penas. A agência de classificação de risco S&P alterou a perspectiva da nota brasileira para negativa, o que significa que pode retirar em breve o grau de investimento do país.

Ao explicar sua decisão, os analistas da S&P deixam claro de quem é a responsabilidade: da convulsão política provocada pela Operação Lava Jato e da base do governo no Congresso, que não consegue aprovar as medidas do ajuste fiscal propostas pelo ministro Joaquim Levy (Fazenda).

"Apesar das amplas alterações nas políticas em curso, as quais acreditamos continuam recebendo o suporte da presidente, os riscos de execução aumentaram. Tais riscos tem sua origem tanto no front político quanto no econômico", diz o comunicado da S&P.

A agência está reagindo ao corte da meta fiscal para apenas 0,15% do PIB promovida pelo governo, mas o recado não podia ser mais claro: a presidente Dilma e sua equipe estão comprometidos com o ajuste das contas públicas, mas a recessão e a confusão no Congresso não permitem o país avançar.

Os técnicos da S&P vão além e citam explicitamente a rota aliança de PT e PMDB que gera "a perspectiva de um suporte menos consistente para as medidas de ajuste fiscal necessárias".

A agência ressalta que as investigações da Operação Lava Jato são um "exemplo do amadurecimento da estrutura institucional brasileira", mas reconhece que "aumentam as incertezas políticas no curto prazo". O melhor exemplo é o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que terminou de romper com o governo após ser atingido pelas investigações.

E agora, Congresso, que o país chegou à beira do abismo? O que os senhores deputados e senadores vão fazer? Continuar utilizando o ajuste fiscal como instrumento de barganha contra o governo ou assumir suas responsabilidades perante o país?

A perda do grau de investimento terá consequências importantes para a economia, que já sofre com a saída de capitais e com uma recessão que deve durar pelo menos dois anos.

O dólar bateu R$ 3,44 com a decisão da S&P, que apenas abriu a fila e deve ser seguida em breve pela Moody's. Muitos analistas acreditam que o real ainda tem espaço para se desvalorizar muito mais, o que vai corroer o poder de compra das pessoas, gerar mais inflação e obrigar o BC a continuar subindo os juros.

"Isso é um alerta para o Congresso, que não está fazendo sua parte. Ainda acredito na capacidade de reação dos políticos para evitar essa crise. O diagnóstico do governo é claro, só falta executar", diz Zeina Latif, economista-chefe da XP Investimentos. Tomara que ela esteja certa.

Artigo postado dia 28.07 às 15,02hs em http://www1.folha.uol.com.br/
Por RAQUEL LANDIM



-Repórter especial da Folha; 
-Escreve sobre economia, negócios e comércio exterior; - Tem especialização em negociações internacionais. 

Comentários

Nós brasileiros do bem também esperamos que  Zeina Latif,economista-chefe da XP Investimentos esteja certa.


Atendam a ligação Srs. do Congresso!!

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