Todos sabem que internet não é
terra sem lei, mas essa premissa, na prática, é verdadeira?
O debate está acirrado, alguns congressistas contrários disparam inverdades e questionamentos a população: "vai tirar minha liberdade de expressão?"; "não vou poder falar da bíblia?"; "não vou poder criticar o governo?"; "a globo vai receber dinheiro?".
O que torna mais peculiar é a ironia de vermos tantas fakes news a respeito da PL das Fake News, surgindo inclusive por autoria da própria associação que reúne WhatsApp, Google, Instagram, TikTok, Facebook e outras plataformas sociais.
É importante esclarecer que o projeto de lei propõe regulamentar as grandes plataformas de tecnologia, adequando as big techs aos princípios democráticos brasileiros, a devida regulamentação se faz necessária, pois atualmente não há normas que regulamentem as mídias sociais no Brasil.
Algumas redes sociais, por exemplo, são omissas, podemos elencar como exemplos:
- O
planejamento de massacres em escolas pelas redes sociais;
- O vazamento de fotos da cantora Marília Mendonça no Instituto Médico Legal e
- Casos de ameaças envolvendo crianças a se filmarem nuas e se cortando nas redes sociais.
O projeto de lei em questão tem justamente como objetivo evitar a disseminação de informações falsas, como sites criados por usuários com a intenção de cometer fraudes, atualmente cada rede social promove sua lei de diretrizes e termo de responsabilidade ao usuário, porém urge a necessidade do estado impor as normas, diretrizes e mecanismos de transparência para os provedores das redes sociais, garantindo só assim a segurança e liberdade de expressão.
Regulamentar é muito diferente de censurar, como os adeptos da comunidade doomsday preppers acreditam que sejam. Regular é impor regras e punir quem desrespeita as regras.
É importante que aqueles que acreditam que o projeto de lei é censura se questionarem se o Reino Unido, França, Alemanha, Canadá, Portugal, Noruega, Austrália são países censuradores, até nos Estados Unidos, país modelo para vários cidadãos do Brasil que se deslumbram com a política Yanke, a Suprema Corte derrubou uma lei que assegurava uma "liberdade total" na internet. Faço essa singela comparação sem "complexo de vira lata" comparando a legislação brasileira com os países "imperialistas", será que nós estamos certos em omitir uma legislação que regulamente a internet e os países supracitados estão errados? A resposta parece óbvia.
No resumo da esteira, segundo as regras atuais brasileiras, as big techs não têm responsabilidade pelo conteúdo criado por terceiros e compartilhados em suas plataformas. Dentro desse recipiente, as empresas só são obrigadas a excluir conteúdos em caso de decisão judicial - o que nem sempre é fácil, barato e rápido de acontecer. Urge necessidade de regulamentar os deveres dos administradores das redes sociais em não permitir que crimes ou preparativos criminais ocorram dentro de suas redes.
* RODRIGO CÂNDIDO DA SILVA NUNES
-Especialista em Direito Eleitoral
pela Faculdade Atame (2022)
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