Autora : Márcia Stochi(*)
Na década de 1990, alguns teóricos desenvolveram o conceito de ócio produtivo, no qual se defende que momentos de lazer podem ser uma oportunidade para a criatividade, o aprendizado e a produção de conhecimento. Sob essa perspectiva, o ócio não deve ser visto como tempo perdido, mas como uma forma inteligente de ampliar o conhecimento, dedicando-se a atividades culturais, intelectuais e criativas, contribuindo para o crescimento pessoal e social.
A defesa do ócio produtivo é fundamentada em estudos que destacam os benefícios da realização de atividades enriquecedoras em momentos de tempo livre objetivando o desenvolvimento pessoal, cognitivo e social. Segundo de Masi (2012), em sua obra "O Ócio Criativo" o ócio pode ser uma fonte de criatividade e inovação quando utilizado de forma produtiva. A obra argumenta que o tempo livre, se dedicado a atividades intelectuais, artísticas ou de aprendizado, promove o desenvolvimento de habilidades e o bem-estar psicológico. Por outro lado, estudos na área de neurociência, como os apresentados por Goleman (1995), em "Inteligência Emocional" reforçam que momentos de descanso ativo, incluindo atividades intelectuais, ajudam na consolidação da memória e na manutenção da saúde cerebral.
O raciocínio matemático traz diversos benefícios ao cérebro, ajudando a desenvolver habilidades cognitivas importantes. Segundo estudos, ele melhora a capacidade de resolução de problemas, estimula o pensamento lógico e aumenta a flexibilidade mental. Além disso, praticar matemática pode fortalecer as conexões neurais, promovendo uma maior agilidade mental e melhorando funções como memória e atenção. Dehaene (2011) também reforça a ideia de que o cérebro processa conceitos matemáticos de forma única, e que praticar matemática pode estimular áreas específicas do cérebro, proporcionando uma maior plasticidade neural. Portanto, a literatura científica apoia a ideia de que o ócio, quando utilizado de forma consciente e produtiva, é fundamental para o desenvolvimento integral do indivíduo, promovendo criatividade, bem-estar e habilidades cognitivas. Além disso, vimos que atividades que envolvam o pensamento matemático são ótimas aliadas para a manutenção de um cérebro saudável.
Quando aproveitamos momentos de descanso para treinar o raciocínio lógico, como por exemplo, resolvendo quebra-cabeças, jogando jogos de estratégia ou estudando algo novo, estamos estimulando o cérebro de uma forma divertida e saudável. Isso não só torna o lazer mais enriquecedor, mas também fortalece nossa capacidade de pensar criticamente, o que irá contribuir para resolvermos problemas do cotidiano, tornando nossas tomadas de decisão mais assertivas. Então, investir em atividades que desafiem a mente durante o ócio é uma excelente maneira de aproveitar o tempo livre de forma produtiva e prazerosa!
Ao incluirmos situações que envolvam raciocínio lógico e matemática em nosso lazer e, demonstrando prazer com isso, estimularemos nossos jovens e crianças a fazerem o mesmo, pois o estímulo surge de modo natural. Existe uma grande diferença em demonstrar satisfação na execução de uma atividade ou indicar algo que deve ser feito. A primeira opção será mais inspiradora.
Algumas sugestões de jogos de raciocínio lógico são: quebra-cabeças lógicos como Sudoku, Kakuro ou enigmas que envolvem raciocínio e estratégia. O jogo de xadrez ou outros jogos de tabuleiro exigem planejamento e pensamento crítico. Além desses, também podemos fazer puzzles matemáticos.
Existem várias opções excelentes de aplicativos que combinam diversão e educação, ajudando a desenvolver habilidades matemáticas de forma agradável e envolvente. Algumas opções são: Prodigy, muito usado por crianças, mas também pode ser divertido para adultos que gostam de desafios lúdicos. Khan Academy que oferece uma vasta gama de vídeos, exercícios interativos e jogos que cobrem diversos tópicos matemáticos, tudo de forma acessível e motivadora. O Brilliant que é uma plataforma que apresenta problemas desafiadores e quizzes interativos para estimular o raciocínio lógico e matemático, ideal para quem gosta de desafios intelectuais. O DragonBox contém uma série de aplicativos que ensinam conceitos matemáticos básicos e avançados por meio de jogos envolventes, muito indicado para quem gosta de aprender brincando. Finalmente o Lumosity que embora seja mais focado em treinamentos cerebrais gerais, inclui jogos que estimulam o raciocínio lógico e a agilidade mental, complementando o aprendizado matemático. Esses aplicativos tornam o estudo mais interativo e divertido, contribuindo com a manutenção da motivação e do interesse.
Encorajar crianças, jovens e adultos a usar a matemática no lazer pode ser uma maneira divertida e enriquecedora de desenvolver habilidades cognitivas e estimular o raciocínio. Incentive o uso de jogos de tabuleiro e aplicativos que envolvam lógica, estratégia e números. Relacione situações do cotidiano com a matemática. Mostre como a matemática está presente em atividades do dia a dia, como cozinhar, fazer compras ou planejar deslocamentos e viagens. Isso ajuda a perceber a utilidade da matemática de forma natural. Inclua em seus passeios a participação em estações de ciências. Isso cria um ambiente social e motivador para mudar a visão que se tem da matemática apenas como um conhecimento rígido e abstrato.
O importante é mostrar que a matemática pode ser uma fonte de diversão, criatividade e descoberta, e não apenas uma disciplina escolar. Se você não aprendeu matemática de modo prazeroso, descubra meios de fazê-lo agora e partilhe suas boas experiências. Divirta-se!
Bibliografia
DEHAENE, S. CHANGEUX, J. NACCACHE, L. The Global Neuronal Workspace Modelof Conscious Access: From Neuronal Architectures to Clinical Applications. Berlin Heidelberg: Springer-Verlag, 2011;
DE MASI, D. (2012). O Ócio Criativo: Como Aproveitar o Tempo Livre para Ser Feliz e Produzir Mais. São Paulo: Editora Senac; e
GOLEMAN, D. Inteligência Emocional. 82. ed. Rio de Janeiro:
Objetiva, 1995.
- Bacharel e Licenciada em Matemática pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (1993);
- Mestra em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2003) ; e
- Doutora em Educação pela Pontifícia Universidade católica de São Paulo (2016).
- Mestra em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2003) ; e
- Doutora em Educação pela Pontifícia Universidade católica de São Paulo (2016).
Nota do Editor:
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Muito interessante!! Vou começar a jogar alguns indicados !!
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