Autora: Maria Antonia Sant'Ana(*)
Cercados
por todas as regras que a sociedade nos impõe, parece contraproducente fazer
pausas durante uma tarde com tantas demandas a serem cumpridas. Abandonar as
tarefas para fazer uma caminhada, tomar um café, conversar com o colega ao
lado, esticar o corpo... nos faz receber olhares que geralmente são entendidos
como repreensão e descontentamento.
A
lógica de que devemos trabalhar em nossos lares ou empresas durante todos os
minutos do dia, sem pausas para ir ao banheiro, por exemplo, existe há tanto
tempo que até parece fazer sentido. Afinal, quantas mais horas eu passo
produzindo, mais resultados eu terei ao final do dia.
Essa
lógica ganha ainda mais força quando nos lembramos da importância de
pertencermos e sermos aprovados que carregamos diariamente em nossos corpos.
Esses desejos nos levam a uma rotina que pouco tem a ver conosco e muito tem a
ver com regras impostas. É um convite ao adoecimento.
Uma
pequena pausa durante um dia de trabalho nos ajuda a esticar o corpo e relaxar
aqueles músculos que nossa concentração não nos deixa perceber que estão
rígidos e doloridos.
Um
olhar atento nos permite conhecer um pouquinho mais aqueles que dividem o
escritório ou nossa casa conosco e, conhecendo-os mais, podemos ter mais
compaixão durante os momentos estressantes que também partilhamos.
Já
ouvimos falar da importância do ócio para a criatividade, mas será que nos
permitimos vivê-lo e, com isso, usufruir de novas ideias para todos os
problemas que precisamos resolver?
Diminuir
o estresse e a fadiga mental porque pudemos parar, fechar os olhos, ouvir os
sons da sala, encher nossos pulmões de ar e agradecer pelo minuto de pausa pode
ser uma alternativa simples, que ainda nos garante aumento de produtividade,
pois nosso foco e energia aumentam.
Uma
pausa diária é um convite ao autocuidado e ao amor-próprio.
É
importante perceber o quanto estamos presentes durante as atividades que
executamos para aprender mais sobre nós e sobre nossas necessidades diárias.
Dias com mais significado, propósito e autocuidado fazem diminuir a nossa
necessidade de passar por cima de nós mesmos para que um outro alguém fique
satisfeito ao final do dia.
Pode
parecer muito complexo ouvir o que nossos corpos pedem, porque não costumamos
ser ensinados a ouvi-lo ou a nos priorizar. As recomendações eram para pararmos
de chorar, mesmo que a dor ainda não tivesse acabado, ou emprestarmos o
brinquedo, mesmo quando não queríamos de maneira alguma emprestá-lo... Raras
eram as oportunidades de aprender o que era sentido, dar nome ao que se passava
dentro de nós, comunicar com empatia e encontrar uma solução que respeitasse a
nós e ao outro.
Todos
os dias temos a oportunidade de proporcionar a nós e àqueles com quem
convivemos minutos diferentes, minutos de descanso e desconexão da rotina
corrida, minutos de atenção plena, minutos de relaxamento.
A
boa notícia é que sempre há tempo para começar, independentemente de ter 15, 30
ou 60 anos. E, caso você precise de ajuda para iniciar o seu processo de
pausas, autodescoberta e amor-próprio, contacte um profissional de saúde
mental.
Com amor,
*MARIA ANTONIA SANT'ANA
-Graduação pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (2016);
-Extensão em Psicologia Analítica pelo Instituto Freedom (2021);
- Extensão em Intervenção em Sofrimentos Extremos pelo Centro Universitário Unifacear e APICE(2022)
Nota do Editor:
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