Freud, em seu texto “Luto e Melancolia”, defende a distinção entre essas duas terminologias, hoje tão interligadas e confundidas pela nossa atualidade. Nesse, Freud postula, nas duas situações, os efeitos da perda de um objeto amado, mas que tem contido em si diferenças peculiares. A primeira se referindo ao esvaziamento do mundo externo e a segunda ao do próprio eu.
Tal colocação nos faz refletir sobre a problemática da depressão, assunto inquietante e polêmico, que ocupa lugar de destaque nos dias de hoje.
O notório aumento de diagnósticos referente à depressão e sua evidente banalização, nos convoca a uma discussão clínica, ao considerar o termo “depressão” como um verdadeiro jargão para demonstrar como o sujeito do século XXI, influenciado pelas promessas da indústria farmacêutica, tem enleado o processo do luto com os quadros depressivos. Discussão essa nada recente, uma vez que Freud, em 1915, prontamente se preocupava com tal distinção.
A correlação colocada por Freud entre luto e melancolia, hoje nomeada como depressão, justifica-se pela similaridade no quadro geral dessas duas manifestações.
O luto caracteriza-se pela reação natural relativa à perda de um objeto amado e a melancolia como um quadro repleto de traços penosos, englobando uma intensa tristeza e total desinteresse pelo mundo externo.
Contudo, é preciso termos cuidado ao trabalharmos com conceitos tão finos, pois o trabalho que o luto realiza se afasta muito do processo patológico estabelecido pela clínica da depressão.
Enquanto o luto se define como a perda de alguma abstração que ocupou o lugar de um ente querido, como fim de um casamento, perda de um emprego ou o ideal de alguém, e assim por diante, a melancolia (depressão) se apresenta como uma tristeza árdua e penosa que não é possível a identificação dessa dor.
No luto sua superação é gradual, o que possibilita, mais tarde, o sujeito adotar um novo objeto de amor e assim substituir àquele que fora perdido. Podemos observar a gravidade da clínica da depressão em relação ao processo de luto.
Na depressão, o sofrimento é de outra ordem, o sujeito não consegue visualizar o que perdeu, é um empobrecimento do próprio ego. Portanto, o sofrimento existe, é algo coevo e cabe entendermos que a perda de objetos que amamos ou perdemos é algo que se presentifica a todo o momento, seja pelo término de uma relação amorosa ou devido à morte de um familiar.
Por VITOR ANDRADE DOS REIS
- Saúde Mental;
- Geriatria;
- Psicologia Organizacional e
- MBA Gestão de Pessoas
- Especialista pela Unifesp e Sociedade Interamericana de Hipnose em :
- Hipnose Clinica;
-Programação NeuroLinguística
-Especialista em tratamento de álcool e outras drogas pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Unifesp e
-Mestrando em Gestão da Educação
Consultório: Edifício Rotary, Sala 212 Itaperuna/RJ
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