sábado, 15 de julho de 2017

A infantilidade de quem já passou dos 30 anos


Quando a gente entra na faculdade, sempre cria uma expectativa acerca do mercado em que desejamos atuar, e as práticas e conhecimentos adquiridos nos estágios práticos de pedagogia foram extremamente esclarecedores e ao mesmo tempo assustadores. O que eu tive a absoluta certeza é de que eu não queria trabalhar em escolas particulares na educação infantil, pois os pais acham que pagam para a escola educar e fazer o papel que cabe a eles. Por outro lado, a direção da maioria dessas escolinhas não deixam as professores agirem com mais firmeza com as crianças mimadas, para que não haja reclamações por parte dos pais e consequentemente perda desses alunos.

E tive a felicidade de, logo que me formei, comecei a trabalhar na secretaria acadêmica de uma Instituição de Ensino Superior em Curitiba, e desde então tenho me mantido na coordenação e orientação pedagógica de alunos “adultos” (apenas na idade). E acabei descobrindo o quão difícil é lidar com pessoas que já passaram do tempo de adquirir maturidade, mas ainda se comportam como crianças mimadas, que não sabem seguir regras, que acham que só porque estão pagando o curso podem fazer o que querem, não ter comprometimento, e acham que devem receber a certificação de conclusão de curso só por terem a mensalidade em dia. A ponto de eu ter que nas aulas inaugurais, fazer eles assinarem um termo de compromisso do regimento interno, explicando as consequências de faltas excessivas, chegadas atrasadas e saídas antecipadas sem justificativas. Precisa comprovar e explicar o óbvio. Eu sempre tinha que explicar que não vendemos diplomas, que ele é importante, mas não vai executar o serviço pela pessoa. E mesmo assim tinha “adultos” que saíram bicudos e com cara brava da minha sala, só porque eu não passei a mão na cabecinha imatura e irresponsável deles.

E nos atendimentos que eu fazia individualmente com cada um, pude perceber que a culpa de tudo isso é de uma educação defasada dentro de casa, onde os pais não ensinam os seus filhos a terem respeito, a batalhar pelo que quer, a ouvir os “nãos” que a vida nos dá, a aprender que a derrota também nos faz crescer e nos traz grandes lições de vida.

Por isso que o mercado de trabalho sofre com pessoas que pensam que o trabalho é a extensão de suas casas, e que o chefe é como o papai e a mamãe, que vão ceder às suas birras e caras feias só porque o mimadinho não gostou ou não quer fazer algo.

Cheguei a tal ponto de não querer contratar professores abaixo dos 30 anos, mas acabei percebendo que a imaturidade não tem idade. E todo o trabalho que não foi feito quando essas pessoas imaturas eram crianças, eu tenho que fazer agora que eles são adultos. 

POR CINTIA VASCONCELOS











-Pedagoga;
-Formada há 6 anos pela Universidade Anhanguera(2011), sempre atuando na coordenação pedagógica em escolas de níveis médio e superior.

Nota do Editor:
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2 comentários:

  1. A imaturidade tardia é um dos grandes males da humanidade atual.
    A incapacidade de exigir de si mesmo autonomia, acaba por delegar a pessoas, grupos ou até aos entes do Estado decisões exclusivamente individuais.
    Simon Salama

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  2. Verdade a família não dá limites e os pais não tem aquela educação básica para dar aos filhos. Torna a convivência escolar mais difícil e sobrecarrega a escola.

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