De acordo com dados divulgados pelo IBGE a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, realizada em 2016, o Brasil mantém uma situação histórica de elevada desigualdade de renda.
Alguns números
889 mil brasileiros tiveram rendimento médio de 27 mil reais mensais durante o ano de 2016, enquanto que 44,4 milhões de pessoas tiveram um rendimento médio de 747 reais mensais. A desigualdade de renda até caiu no período entre 2001 e 2015, porém menos do que se esperava.
Tratando-se de desigualdade, não podemos deixar de apresentar o Índice de Gini, o qual é utilizado para medir a desigualdade. Este índice vai de 0 a 1, quanto mais próximo de zero, menos desigual, quanto mais próximo de um, mais desigual é a economia. Considerando o rendimento mensal real de toda a população ocupada de 14 anos de idade ou mais, o Brasil apresentou um índice de Gini de 0,525.
O Índice de Gini no Mundo
Fonte:https://www.dicionariofinanceiro.com/indice-de-gini/
No mapa ilustrado acima podemos
ver o quanto o Brasil precisa avançar em termos de diminuição da desigualdade
de renda se quisermos nos aproximar de países desenvolvidos como os Estados
Unidos, Canadá, Japão, Austrália, Rússia, Índia, países da Europa e até mesmo alguns
países da África.
Quando olhamos para o Brasil e o dividimos por região, temos os índices abaixo apontando para uma menor desigualdade da região Sul e uma desigualdade maior na região Nordeste.
Gráfico I - Comparação por Região
Fonte: Pnad
Contínua 2016/IBGE
A
transferência de renda através de políticas sociais é elemento importante para
demonstração quando tratamos de desigualdade de renda. Conforme o gráfico
abaixo, a região Sul é a que possui menor quantidade de domicílios que recebem
o Bolsa Família, 5,4%, enquanto que a região Nordeste concentra o maior número,
29,3%, seguida pelo Norte, com 27,2%.
Gráfico II - Transferência de renda
Fonte: Pnad
Contínua 2016/IBGE
As questões implícitas
Um dos
principais vilões é o nosso sistema tributário, que tributa mais os pobres e a
classe média, podendo chegar a absurdos 40%, enquanto que para os detentores de
grandes fortunas o impacto é em torno de 5% de sua renda.
Ainda, em relação a
tributação de grandes heranças, nossas alíquotas variam entre 2 a 4 %, enquanto
que em economias desenvolvidas chega a 30%.
Dessa forma o que se vê é a classe
média fazendo transferência de renda aos mais pobres, que por sua vez devolvem
grande parte do que recebem via a alta carga tributária, que pesam por exemplo
sobre os alimentos, combustíveis e energia elétrica. O resultado desta
transferência de renda a médio e longo prazos é o achatamento da classe média,
sob a ótica de uma pirâmide social, e uma diminuição generalizada do seu poder
aquisitivo.
Como se já não
bastasse, o congelamento das despesas públicas por 20 anos tem impacto negativo
direto sobre as camadas sociais mais pobres, tendo em vista que esta depende
mais dos serviços públicos básicos como saúde e educação, direitos esses
previstos em constituição e que o estado pesado, inchado, injusto e mal gerido,
está sendo incapaz de garantir, mesmo com a elevadíssima carga tributária e a
gigantesca arrecadação. No final de outubro, foi arrecadado 2 trilhões de reais
no valor acumulado desde janeiro de 2018. É muito dinheiro!
Outra
discrepância verificada no Brasil, é a ausência de taxação sobre dividendos
distribuídos à pessoa física, que obviamente atingiria principalmente
detentores de grandes capitais aplicados em bolsa. Os valores arrecadados com
tal sugestão de taxação, poderiam substituir impostos sobre alimentos, combustíveis,
energia elétrica, e produtos industrializados.
O Brasil foi
beneficiado com o boom das commodities,
a economia cresceu, mas os problemas de desigualdade não foram atacados de
forma eficiente e construtiva, as políticas públicas parecem ter sido
utilizadas sob um viés assistencialista, pouco produtivo e pouco transformador.
A conta chegou, e o pior é que não fecha mesmo com a elevada arrecadação.
Ao longo da
história, o Brasil não teve uma reforma agrária eficiente, nem tampouco uma
legislação que regulasse limites à concentração de posse de áreas "gigantescas"de terras, em grande parte ainda subutilizadas.
Problema político
Posto isso, e conhecendo a realidade do Brasil e os problemas que o mesmo enfrentou principalmente na esfera do mundo político ao longo de sua história, é evidente que entre erros e acertos, foram escolhas políticas que definiram esta situação que vivenciamos hoje, e que as políticas de austeridade previstas atualmente, deverão promover maior desigualdade se não forem conduzidas aliadas a reformas estruturantes que sejam capazes de gerar desenvolvimento econômico e promover justiça social.
O Brasil precisa de um projeto de desenvolvimento para que a economia cresça, não há redução de desigualdades sociais sem crescimento econômico.
Teremos um novo mandato dos poderes executivo e legislativo para iniciar o ano que vem, e estará nas mãos deles as decisões que impactarão direta e indiretamente as nossas vidas, que façam as melhores.
POR JACSON MARCOS MARCHIORETTO
-Graduado em Administração na Universidade Regional Integrada – campus Erechim;
-Mestre em Ciências pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e
-Funcionário Público Federal atuando como Coordenador e Gestor de contratos.
Nota do Editor:
Todos os artigos publicados no O Blog do Werneck são de inteira responsabilidade de seus autores.
Caríssimo, como leigo deixo um comentário jocoso 🤔🇧🇷😁
ResponderExcluirDistribuir renda via assistencialismo talvez seja nosso maior problema. O trabalhador entra na empresa e produz 100 pregos ao mês no fim do 3°mês essa produção cai para 80 pregos, depois de duas décadas, 65 pregos...
Ou seja, melhorar a renda é uma ação individual,não coletiva.
O cidadão deixou de estudar, perdeu o interesse devido a tanto faz você produzir 100 pregos ou não, seu salário continuará igual.
Até que ponto o sindicalismo partidário não tem osmose nessa situação, eu não sei...🤔🤔🇧🇷🇧🇷🤗🤗
Muito justa a sua colocação Álvaro. Cabe ao empregador medir o resultado de seus funcionários e substituí-los caso a sua produtividade caia. A reforma trabalhista deveria ser aprofundada para minimizar os custos desta substituição.
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