sábado, 21 de setembro de 2024

Educação Inclusiva e suas particularidades


 Autora: Cintia Vasconcelos (*)


Como profissional contratada pelo governo do Estado de São Paulo para atuar dentro de sala de aula com aluna autista no ensino médio técnico, tenho feito um trabalho relativamente novo no cenário educacional, com alguns desafios e inúmeras decepções.

Sou contratada para cuidar de apenas uma aluna com laudo, e o caso dela, por ser grau 1, não requer um trabalho tão elaborado pedagogicamente no quesito aprendizagem. Requer apenas o estímulo do quesito socialização e superação de suas breves limitações.

Mas infelizmente, me deparo com outras inúmeras dificuldades dentro da sala de aula, de alunos que não possuem laudo, mas que possuem traumas piores que geram dificuldades muito maiores não apenas no âmbito educacional, mas no social, que também irá comprometer futuramente o profissional.

Então, a pergunta que fica é: Por que o apoio psicopedagógico se dá apenas para quem tem laudo, quando nos deparamos com alunos que certamente desenvolveram algum tipo de deficiência intelectual, que compromete a aprendizagem tanto quanto ou mais do que a de um aluno que possui um diagnóstico de TDHA ou autismo, entre outros?

A demanda de famílias desestruturadas nas escolas públicas e nos bairros onde os índices são todos baixos (educação, formação profissional, faixa salarial, entre outros) faz com que a necessidade de o governo do Estado seja muito maior no quesito "suporte educacional" para melhorar os índices de aprovação e melhoria no desempenho dos alunos.

Não adianta investir apenas em equipamentos modernos e em capacitação dos professores. É necessário investir no cuidado com a saúde psíquica dos alunos. É necessário não apenas encaminhar para o psiquiatra passar medicação, mas também aumentar a quantidade de profissionais especialistas nesse suporte dentro da sala de aula, identificando a real dificuldade do aluno, ou também o suporte extra sala de aula, para que esse aluno tenha o acompanhamento necessário para romper com as barreiras que dificultam seu processo de desenvolvimento intelectual.

A demanda é grande. Os tipos de dificuldades também. E nem sempre um laudo irá garantir o direito ao suporte profissional. Precisamos de profissionais que possam oferecer suporte aos alunos com deficiência intelectual ainda que não tenham laudos, mas que têm sérias dificuldades no processo de aprendizagem.

*CINTIA VASCONCELOS

















-Pedagoga graduada pela Universidade Anhanguera(2011);

- Pós-graduada em Neuropsicopedagogia pela Faceminas (09/2024);

- Pós graduando em Tecnologias para a Educação Profissional pelo IFSC;

- Atua como professora de ensino médio técnico - novotec; e

-Atualmente, trabalha também com Educação Especial em escola pública do Estado de São Paulo.

Nota do Editor:

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