segunda-feira, 20 de abril de 2015

Momento Cultural

Embora, o blog tenha como assuntos principais o direito e a política, a partir dessa semana, em substituição ao post Frases, Provérbios & Pensamentos, ele passará a ter  o seu Momento Cultural.

Nele, postarei, Ditados Populares, Frases, Músicas, Poesias e outras formas de manifestações artísticas, tudo como o intuito de levar a todos inspiração para a semana que se inicia.

Vamos ao Momento Cultural dessa 2ª feira!! 


Pátria Minha


Vinicius de Moraes

Versão escrita

A minha pátria é como se não fosse, é íntima
Doçura e vontade de chorar; uma criança dormindo
É minha pátria. Por isso, no exílio
Assistindo dormir meu filho
Choro de saudades de minha pátria.

Se me perguntarem o que é a minha pátria direi:
Não sei. De fato, não sei
Como, por que e quando a minha pátria
Mas sei que a minha pátria é a luz, o sal e a água
Que elaboram e liquefazem a minha mágoa
Em longas lágrimas amargas.
Vontade de beijar os olhos de minha pátria
De niná-la, de passar-lhe a mão pelos cabelos…
Vontade de mudar as cores do vestido (auriverde!) tão feias
De minha pátria, de minha pátria sem sapatos
E sem meias pátria minha
Tão pobrinha!

Porque te amo tanto, pátria minha, eu que não tenho
Pátria, eu semente que nasci do vento
Eu que não vou e não venho, eu que permaneço
Em contato com a dor do tempo, eu elemento
De ligação entre a ação e o pensamento
Eu fio invisível no espaço de todo adeus
Eu, o sem Deus!

Tenho-te no entanto em mim como um gemido
De flor; tenho-te como um amor morrido
A quem se jurou; tenho-te como uma fé
Sem dogma; tenho-te em tudo em que não me sinto a jeito
Nesta sala estrangeira com lareira
E sem pé-direito.

Ah, pátria minha, lembra-me uma noite no Maine, Nova Inglaterra
Quando tudo passou a ser infinito e nada terra
E eu vi alfa e beta de Centauro escalarem o monte até o céu
Muitos me surpreenderam parado no campo sem luz
À espera de ver surgir a Cruz do Sul
Que eu sabia, mas amanheceu…

Fonte de mel, bicho triste, pátria minha
Amada, idolatrada, salve, salve!
Que mais doce esperança acorrentada
O não poder dizer-te: aguarda…
Não tardo!

Quero rever-te, pátria minha, e para
Rever-te me esqueci de tudo
Fui cego, estropiado, surdo, mudo
Vi minha humilde morte cara a cara
Rasguei poemas, mulheres, horizontes
Fiquei simples, sem fontes.

Pátria minha… A minha pátria não é florão, nem ostenta
Lábaro não; a minha pátria é desolação
De caminhos, a minha pátria é terra sedenta
E praia branca; a minha pátria é o grande rio secular
Que bebe nuvem, come terra
E urina mar.

Mais do que a mais garrida a minha pátria tem
Uma quentura, um querer bem, um bem
Um libertas quae sera tamem
Que um dia traduzi num exame escrito:
“Liberta que serás também”
E repito!

Ponho no vento o ouvido e escuto a brisa
Que brinca em teus cabelos e te alisa
Pátria minha, e perfuma o teu chão…
Que vontade de adormecer-me
Entre teus doces montes, pátria minha
Atento à fome em tuas entranhas
E ao batuque em teu coração.
Não te direi o nome, pátria minha
Teu nome é pátria amada, é patriazinha
Não rima com mãe gentil
Vives em mim como uma filha, que és
Uma ilha de ternura: a Ilha
Brasil, talvez.

Agora chamarei a amiga cotovia
E pedirei que peça ao rouxinol do dia
Que peça ao sabiá
Para levar-te presto este avigrama:
“Pátria minha, saudades de quem te ama…


Versão declamada pelo Poetinha






12 LIVROS QUE DESBOTARIAM TODOS OS 50 TONS DE CINZA
Ademir Luiz Ademir Luiz em Livros - Revista Bula

Todo mundo só fala desses tais “Cinquenta Tons de Cinza”. Quando não é o livro é o filme. Só faltam lançar vídeo games e quadrinhos desse negócio! O pior é que, até onde sei (só folheie rapidamente os livros e vi o trailer do filme), me pareceram produtos meio-frouxos, meia-bomba. Sem pensar muito dou uma dúzia de livros que certamente fariam corar (a fã de “Crepúsculo”) E. L. James, “autora” dos romances. E nem preciso citar os mais óbvios, como o Decamerão, o Marquês de Sade, o olho de Bataille, os anais de Anaïs Nin, os trópicos de Miller ou os Budas Ditosos do “escritor ninja” João Ubaldo Ribeiro (alguém aí se lembra do ex-imortal vestido de ninja no Casseta & Planeta?). Realmente, a literatura para ser lida com uma mão só já viu dias melhores.


Cântico dos Cânticos, de Deus

É a prova de que até Jeová, como bom judeu que é, consegue escrever literatura erótica melhor do que E. L. James. Como pregou o bom rabino Woody Allen, “sexo só é sujo quando é bem-feito”. Amém.

O Amante, de Marguerite Duras

Ela achava o tal amante racionalmente inferior, feio e velho. Mesmo assim deu. Ouviu isso, senhorita Anastásia Steele? Galã, rico e jovem, até a Demi Moore aceitaria a proposta indecente, sem nem precisar oferecer um milhão!

A Vida Como Ela É, de Nelson Rodrigues

O bom e velho Nelson, um caso raro de reacionário perdoado pelas esquerdas, usando uma vassourinha ao contrário da usada pelo presidente maluquinho Jânio Quadros, espalhava de volta todo o lixo varrido para debaixo do tapete pela respeitável família brasileira. Foi muito criticado quando disse que “nem todo mulher gosta de apanhar. Só as normais”. Anotou essa, Anastásia?

Bórgia, de Milo Manara e Alejandro Jodorowsky

A tetralogia em quadrinhos baseada nas histórias e lendas acerca da famigerada família Bórgia representa o refinamento máximo do traço do mestre Manara e um excepcional exercício de minimalismo literário do sempre exuberante Jodorowsky. Se alguém ainda acha que quadrinhos é coisa de crianças, vai sair chocado da leitura: orgias papais, incesto e castrações é apenas o começo. O chicotinho do senhor Grey não dá nem para as preliminares.

Identidade Frota, de Alexandre Frota

Nesse livro obrigatório, a autobiografia do gênio incompreendido Alexandre Frota, o Forrest Gump brasileiro, fica provado que seu personagem título possui pelo menos uns 500 tons de cinza em degradê. Porque, afinal, o negócio é comer (autocensurado) e (autocensurado).

Tudo o que Você Queria Saber Sobre Sexo, de David Reuben

Pensando bem, o livro é datado e anacrônico. Prefira a adaptação cinematográfica feita pelo bom rabino Woody Allen: “Tudo o que Você Sempre Quis Saber Sobre Sexo (Mas Tinha Medo de Perguntar)”, de 1972. Se o sádico bonzinho Christian Grey levar uma ovelha para o Quarto da Dor / Prazer, aí sim vai merecer sua fama de mau. Nesse quesito, por enquanto, perde para o ex-presidente Lula, que se declarou especialista no assunto.

O Caçador de Pipas, de Khaled Hosseini

O menininho afegão é estuprado no começo do livro por meninos maus (sim, pedagogas, meninos maus existem). Uma cena terrível! Queria ver como o senhor Grey iria se virar trancado no Quarto da Dor / Prazer com um bando de talibãs tarados. Chicotinho contra AK-47. Certamente, sairiam cantando “a pipa do Christian não sobe mais / A pipa do Christian não sobe mais”.

O Mundo de Sófia, de Jostein Gaarder

Sim, não me enganei, é mesmo “O Mundo de Sófia”. Afinal, em qual mundo uma menina de 14 anos ir escondida encontrar um cinquentão desconhecido e esquisitão numa cabana remota não é um ato altamente reprovável e suspeito? Tenho certeza que a senhorita Anastásia Steele não pretendia aprender filosofia com o grande pensador Christian Grey quando aceitou entrar no Quarto da Dor / Prazer.

O Nome da Rosa, de Umberto Eco

A famosa cena de sexo no chão da cozinha, entre um noviço e uma camponesa, é um complexo mosaico composto por centenas de citações eruditas retiradas da Bíblia, da literatura clássica e de tratados teológicos. Mesmo assim consegue ser mais excitante do que a pornografia para donas de casa escrita por E. L. James.

O Doce Veneno do Escorpião, de Bruna Surfistinha

Parece que Christian e Anastásia estão grávidos. Parece que é uma menina. Parece que vão dar o nome de Raquel para a doce herdeira. Parece que ela vai preferir ser chamada de Bruna quando crescer. Parece que ela não será exatamente uma surfista. Não tenho certeza, li num blog.

O Caderno Rosa de Lori Lamby, de Hilda Hilst

Ehhhh, véia safada!

Os Catecismos de Carlos Zéfiro

Por falar nisso, sabe àqueles calos duríssimos nas mãos firmes e trabalhadoras de seu respeitável avô, esse homem sisudo que jamais passará perto desse tal livrinho sem-vergonha que as mulheres andam lendo? Pois bem, nem todos seus calos são frutos da dura labuta diária. Fique com essa imagem na cabeça.

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