sábado, 5 de setembro de 2015

Por um Ensino de História Apartidário





Um dos efeitos da redemocratização do país, iniciada com a eleição de Tancredo Neves e José Sarney, foi a crescente esquerdização do ensino das disciplinas na área de humanas, principalmente no ensino da História.

Se no final dos anos setenta e início dos anos oitenta , do século passado, a ideologia marxista estava restrita basicamente a pequenos núcleos de professores universitários , ligados diretamente a organizações partidárias de esquerda, nos anos noventa ocorreu uma verticalização da influência marxista, englobando outros segmentos do ensino.

 Com efeito, a doutrinação ideológica rendeu frutos, gerando uma primeira geração de "professores panfletários" , propagadores dos ideais revolucionários do marxismo leninismo. Divididos entre várias correntes de pensamento , derivadas do marxismo, estes "pregadores da utopia socialista" buscaram sempre extender sua influência a grupos sociais de cunho estudantil (UNE) , sindical (CUT) e profissional (OAB) , de forma a estabelecer uma ação política articulada. Nas salas de aula os "professores doutrinadores" procuravam , através de uma retórica simplista, conquistar as mentes e os corações dos jovens, particularmente dos mais sensíveis ao idealismo igualitário.

 O efeito desta doutrinação autoritária e reducionista da História é devastador do ponto de vista epistemológico. O materialismo histórico é uma ferramenta do séulo XIX e apesar de ter sofrido "atualizações" teóricas com Lênin , Trotsky e outros pensadores, foi com Gramsci que se deu o "salto qualitativo" da ação revolucionária, ao transferir o campo de batalha das ruas para os bancos escolares , imprensa , literatura , cinema e outros agentes culturais. Uma revolução que ocorre internamente nas entranhas do capitalismo. 

Um tipo de "vírus" que replica seu "DNA" corrupto enquanto destrói a estrutura de pensamento do hospedeiro. O Gramscismo é , portanto, a ferramenta básica da revolução sem revolução. Nesta primeira década do século XXI vemos , com preocupação, uma ação sistemática e massiva deste "vírus" revolucionário , sendo inoculado diáriamente sem que o receptor perceba claramente a linha divisória entre o pensamento autônomo e induzido. No ensino da História é crítica a situação da bibliografia para os níveis "Fundamental" e "Médio". Livros de baixa qualidade , cheios de erros e omissões, que mais parecem cartilhas de ação política e doutrinação ideológica . Poucos podem ser aproveitados em sala de aula, obrigando o professor a recorrer a "resuminhos" e textos complementares para oferecer uma visão mais científica do assunto tratado. Infelizmente ainda estamos formando muitos militantes no lugar de professores, mas esta equação autoritária esta mudando aos poucos no sentido de democratizar e oxigenar o pensamento científico no ambiente escolar e acadêmico. A sociedade brasileira está se liberalizando e abandonando a tutela sufocante do pensamento monopolista de esquerda. O discurso da luta de classes, do ódio , do "nós" contra "eles" esta sendo questionado e desmoralizado nas ruas pelos recentes movimentos populares. Como professor veterano fico otimista ao ver o numero crescente de jovens , de todos os segmentos sociais, participando desta primavera democrática e ética que tem "invadindo" democraticamente nossas ruas e praças. 

Por OMAR FERNANDES


















-Licenciado e Bacharel em História;
-Graduado pela Universidade Gama Filho;e
-Atuou como Professor na Rede Privada e Pública da cidade do Rio de Janeiro.
Twitter:@omarbrasilrj

4 comentários:

  1. é Gramsci na prática! Revolução cultural e troca da cosmovisão, está sendo implementada a 50 anos...

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    1. Com certeza a Revolução cultural já está em prática a décadas mas só recentemente passou a ser uma política de Estado.

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  2. Parabéns, Professor Omar!
    Excelente artigo que relata uma realidade que, com esperanças pela "primavera democrática e ética", está mudando de rumos!!
    Paz e bem!!

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    1. Grato pelo comentário Monica Ventura. A primavera democrática e ética esta apenas começando mas já colhe seus frutos nas ruas e praças deste nosso Brasil.
      Abraços.

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