Olá,
Grande responsabilidade inaugurar esta seção neste blog tão qualificado. Vamos explicar (tentar) descomplicadamente assuntos de economia. Começando com uma definição aparentemente incompreensível, mas que ilustra bem o conceito:
Numa cidade, muito frio, a cidade parece deserta…
Os habitantes, endividados e vivendo à custa de crédito. Por sorte chega um viajante rico e entra num pequeno hotel.
O mesmo saca uma nota de R$ 100,00, põe no balcão e pede para ver as instalações. Enquanto isso, o gerente do hotel sai correndo com a nota de R$ 100,00 e vai até o açougue pagar suas dívidas com o açougueiro.
Este, pega a nota e vai até um criador de suínos a quem deve e paga tudo.
O criador, por sua vez, pega também a nota e corre ao veterinário para liquidar sua dívida.
O veterinário, com a nota em mãos, vai até a zona pagar o que devia a uma prostituta (em tempos de crise essa classe também trabalha a crédito).
A prostituta sai com o dinheiro em direção ao hotel, lugar onde, às vezes, levava seus clientes e que ultimamente não havia pago pelas acomodações, e paga a conta.
Nesse momento, o gringo chega novamente ao balcão, pede a nota de volta, agradece, mas diz não ser o que esperava e sai do hotel e da cidade.
Ninguém ganhou nenhum vintém, porém agora toda a cidade vive em PAZ!
Moral da história: Economia é fácil de entender, mas difícil de aceitar...
Uma definição simplista de Economia é a ciência que estuda (e tenta concatenar) a escassez de recursos tanto para consumir quanto para produzir. Consumo que atenda as necessidades humanas (ilimitadas) versus produção de bens e serviços. Sempre que se pensa em dinheiro, no que compra, sempre, por mais que seja rica uma pessoa, sempre haverá insatisfação. O céu é o limite para as necessidades do ser humano.
Depois dessas definições (que sempre geram reflexão e dialética) vamos ao tema de hoje:
Brasil 2016 – Mais complicado que a crise de 1929?
A declaração foi do Ministro da Fazenda Henrique Meirelles. Quando em maio último em entrevistas foi feita essa declaração, muitos se debruçaram a ver semelhanças e diferenças nos dois momentos históricos econômicos.
Comparativo entre a crise de 1929 e 2016:
1929
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2016
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Cenário comparativo
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Economia em pleno
desenvolvimento nos EUA e Europa se recuperando da 1ª Guerra mundial
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Mundo patinando, saindo da
crise de 2008
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Excesso de produção sem ter para quem vender
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Exportações prejudicadas por crise na Europa e
China
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Alta do dólar
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Desemprego
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Desemprego
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Queda brusca no preço das
ações
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Queda brusca nos preços de
ações de estatais que movem o Mercado: Petrobrás, Eletrobrás, entre outras
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No quadro acima vemos o que basicamente semelhante aconteceu e acontece. Nos EUA havia superprodução, mas não tinha para quem vender, pois a Europa estava se recuperando da Primeira Guerra Mundial e voltou a produzir industrialmente, enquanto que no Brasil a produção que era escoada para Europa, em crise, deixou de ser exportada, junto com a alta do dólar que prejudicou todo um setor que dependia de importações pra produzir no país. Nos dois períodos gerou forte desemprego, e o setor de investimentos a longo prazo retraiu-se (Mercado Financeiro).
Comparativo New Deal (1929) e Plano Temer
1929
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2016
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Cenário comparativo
Medidas corretivas
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Investimento em
Infraestrutura, incentivos ao agronegócio,
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PEC que limita gastos do
governo
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Modificação nos sistemas Financeiro e bancário
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Extinção do Fundo Soberano;
Realocação de recursos do BNDES para o Tesouro;
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Controle de preços
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Instituição de benefícios sociais
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Subsídios
Continuação dos Programas Sociais
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Ponto divergente entre 1929 e 2016 é que num cenário onde a
economia está em retração, os gastos do governo devem aumentar, investimentos
em infraestrutura como hospitais, malha viária, isso gera empregos e melhora a
atividade econômica. Os EUA aumentaram os gastos enquanto que o governo
brasileiro, sem reservas, é praticamente obrigado a estancar gastos provocando
um efeito perigoso. O risco no Brasil pensa-se diminuído ao cortar gastos quando
realoca recursos do Fundo Soberano e do BNDES para o Tesouro, assim
possibilitando pelo menos manter os benefícios sociais, que nesse período de
crise se faz mais que necessário.
No Brasil, o Sistema Financeiro Nacional é um dos mais
seguros do mundo contra fraudes, pois quando foi instituído, já foi feito pós
crise de 1929. Por essa razão que muitos investidores internacionais colocam
suas divisas em títulos do Mercado brasileiro.
Em 1929 os preços estavam acima do mercado. Como nas bolhas
imobiliárias que vimos no Brasil por exemplo. Lá era carvão, petróleo, entre
outros. Naquele momento deu certo o governo intervir no controle de preços. Mas
no Brasil na década de 1990 mostrou que aqui pode ser desatroso, aumentou mais
ainda a inflação. Um detalhe: com menos atividade econômica, a inflação até
cresce, mas fracamente. É o que temos como ponto positivo para o momento
delicado que estamos passando.
Concluindo: as medidas tomadas são suficientes? No caso da
Crise de 1929 os efeitos dessas medidas só foram realmente sentidos em 10 anos.
Pergunto: temos a paciência de esperar? Já se fala na volta da famigerada CPMF
para o próximo ano, pois agora os efeitos da crise serão mais aparentes. No
imaginário do eleitor médio, Temer e equipe tem 90 dias para fazer um
“milagre”. O que tirou os EUA da crise foi muito trabalho, confiança nas
Instituições e visão de médio e longo prazo dos governantes (planejamento
estratégico). Que o brasileiro continue
trabalhando e não desistindo nunca.
Por ANA PAULA STUCCHI
-Economista de formação;
-MBA em Gestão de Finanças Públicas pela FDC - Fundação Dom Cabral;
-Atualmente na área pública
Twitter:@stucchiana
-Atualmente na área pública
Twitter:@stucchiana
Muito bom precisamos cada vez mais, simplificar para que pessoal comece raciocinar e entender as políticas adotadas pelo governo, criando a capacidade de discutir e criticar.
ResponderExcluirThiago, quase ninguém se atenta, mas a política pública de educação produz maus professores nas áreas de exatas justamente para que o brasileiro médio não faça contas, não atente para a visão de longo prazo na vida pessoal, familiar e coletiva. Espero que essa contribuição seja um trabalho de formiguinha mas que seja uma semente que gere frutos. Cada um fazendo sua parte. Qualquer sugestão de tema que queira que seja esclarecido fique a vontade para nos contatar.
ExcluirAbraços