*Franciele Vieira Pereira (*)
Autismo ou Transtorno do Espectro do Autismo-TEA, é um transtorno do Neurodesenvolvimento, isso significa que a forma dos "neurônios", ou do cérebro funcionar é diferente. Essa forma de funcionamento diferente, irá refletir em três áreas significativas, a qual chamamos de tripé do autismo, que são: linguagem/comunicação, interação social e afeto. O Manual MSD que é o padrão global em referência, Merck são referências médicas publicadas pela empresa farmacêutica americana Merck & Co., que cobrem uma ampla gama de tópicos médicos, incluindo distúrbios, testes, diagnósticos e medicamentos. Os manuais são publicados desde 1899, quando a Merck & Co. ainda era subsidiária da empresa alemã Merck. O esse manual nos esclarece sobre o transtorno em questão como veremos a seguir.
Ele destaque que os distúrbios do neurodesenvolvimento são déficits neurológicos que podem interferir, na aquisição, retenção, ou aplicação de habilidades; ou conjuntos de informações específicas. Eles podem envolver disfunção da atenção, da memória, da percepção, na linguagem, na solução de problemas ou da interação social. Esses distúrbios podem ser leves e de fácil controle com intervenções comportamentais e educacionais ou podem ser mais graves, e a pessoa afetadas podem precisar de mais apoio, como por exemplo, uma equipe multiprofissional para estimular.
Diz ainda que: Os transtornos do espectro autista são quadros clínicos nos quais as pessoas têm dificuldade em desenvolver relacionamentos sociais de maneira natural, usam linguagem de forma não esperada ou não a usam em absoluto domínio e também apresentam comportamentos restritos ou repetitivos. Quais as características observar?
- As pessoas afetadas têm dificuldades para se comunicar e se relacionar com terceiros;
- As pessoas com transtornos do espectro autista também têm padrões de comportamento, interesses e/ou atividades restritas e com frequência seguem rotinas rígidas;
- O diagnóstico é feito com base na observação, relatos dos pais e outros cuidadores, e testes de triagem padronizados específicos para o autismo; e
- A maioria das pessoas responde melhor a intervenções comportamentais altamente estruturadas.
Os transtornos do espectro autista ( são considerados um espectro de transtornos, porque as manifestações variam amplamente em tipo e gravidade). Anteriormente, os TEAs eram subclassificados como autismo clássico, síndrome de Asperger, deficiência intelectual, transtorno desintegrativo da infância e transtorno generalizado do desenvolvimento não especificado. Contudo, existe tanta sobreposição que a distinção se torna difícil; portanto, os médicos atualmente não usam essa terminologia e consideram todos esses como TEAs (exceto para a síndrome de Rett, que é um distúrbio genético distinto). Os TEAs são diferentes da síndrome de Rett, ainda que muitas pessoas com TEAs tenham ambas. O sistema de classificação enfatiza que, dentro desse amplo espectro, diferentes características podem ocorrer de maneira mais ou menos intensa em um dado indivíduo.
Esses transtornos ocorrem em cerca de 1 em cada 54 pessoas nos Estados Unidos e são quatro vezes mais comuns em meninos do que em meninas. O número estimado de pessoas identificadas como sendo acometidas de um transtorno do espectro autista aumentou porque médicos e cuidadores aprenderam mais sobre os sintomas do transtorno. As causas específicas dos transtornos do espectro autista não são completamente compreendidas, embora elas frequentemente estejam relacionadas a fatores genéticos. No caso de pais com um filho com um TEA, o risco de ter outro filho com um TEA fica em torno de 3% a 10%. Diversas anomalias genéticas, como a síndrome do X frágil e o complexo da esclerose tuberosa e a síndrome de Down, podem estar associados a um TEA.
Infecções pré-natais, por exemplo, infecções virais como a rubéola ou o citomegalovírus, podem ter alguma participação. A prematuridade também pode ser um fator de risco: quanto maior o nível de prematuridade, maior o risco de um TEA.
Algumas crianças com TEA apresentam diferenças em como o seu cérebro é formado e como funciona.
No entanto, está claro que os TEAs não são causados por má educação, condições adversas da infância ou por vacinação.
Os sintomas de um transtorno do espectro autista podem aparecer nos primeiros dois anos de vida, mas em formas mais leves, os sintomas podem não ser detectados até à idade escolar.
As crianças com transtorno do espectro autista desenvolvem sintomas nas seguintes áreas:
Comunicação e interações sociais
Padrões de comportamento restritos e repetitivos.
Os sintomas de um transtorno do espectro autista variam de leves a graves, mas a maioria das pessoas exige algum tipo de apoio em ambas as áreas. Existe uma ampla variação nas pessoas com um TEA quanto à sua capacidade de agir de forma independente na escola ou na sociedade e em relação à sua necessidade de receber apoio. Além disso, cerca de 20% a 40% das crianças com um TEA, sobretudo aquelas com um QI inferior a 50, desenvolvem convulsões antes da adolescência. Em cerca de 25% das crianças afetadas, ocorre a perda de habilidades previamente adquiridas (regressão do desenvolvimento) por volta da época do diagnóstico, o que pode ser o indicador inicial de um transtorno.
Comunicação e interações sociais
Com frequência, os bebês com um TEA se aninham e fazem contato visual de formas atípicas. Apesar de alguns bebês afetados ficarem perturbados quando são separados dos pais, podem não procurar seus pais em busca de segurança como as outras crianças. As crianças mais velhas muitas vezes preferem brincar sozinhas e não estabelecem relações pessoais íntimas, especialmente fora da família. Quando interagem com outras crianças, podem não fazer contato visual nem usar expressões faciais para estabelecer contato social e têm dificuldade de interpretar o humor e as expressões dos outros. Elas podem ter dificuldade para saber como e quando falar em uma conversa e dificuldade em reconhecer falas impróprias ou causadoras de mágoa. Esses fatores podem fazer com que os outros as vejam como estranhas ou excêntricas, o que leva a isolamento social.
Linguagem
As crianças afetadas mais gravemente nunca aprendem a falar. Aquelas que o fazem aprendem muito mais tarde do que o normal e utilizam as palavras de forma estranha. Elas frequentemente repetem palavras ditas a elas (ecolalia), usam falas memorizadas em vez de linguagem mais espontânea ou invertem o uso normal dos pronomes, especialmente usando você em vez de eu ou mim quando se referem a elas mesmas. Sua conversa pode não ser interativa e, quando presente, é usada mais para rotular ou solicitar do que para compartilhar ideias ou sentimentos. É possível que a pessoa com um transtorno do espectro autista tenha um ritmo e tom de fala incomuns.
Comportamento, interesses e atividades
Com frequência, as pessoas com transtorno do espectro autista são muito resistentes a mudanças, tais como novos alimentos, brinquedos, organização dos móveis e roupas. Elas podem ficar excessivamente apegadas a objetos inanimados específicos. Elas com frequência fazem coisas repetidamente. Crianças mais novas e/ou mais gravemente afetadas com frequência repetem certos atos, tais como se balançar, agitar as mãos ou girar objetos. Algumas podem se ferir por meio de comportamentos repetitivos como bater a cabeça ou se morder. As pessoas menos gravemente afetadas podem assistir aos mesmos vídeos múltiplas vezes ou insistir em comer a mesma comida em todas as refeições. Frequentemente, as pessoas com um TEA têm interesses muito especializados e com frequência, incomuns. Uma criança pode, por exemplo, se interessar por aspiradores de pó.
As pessoas com um transtorno do espectro autista frequentemente reagem de maneira excessiva ou deficitária às sensações. Elas podem sentir repulsa extrema a certos odores, gostos ou texturas ou reagir a sensações de dor, calor ou frio de maneiras incomuns que outras pessoas consideram perturbadoras. Elas podem ignorar alguns sons e ser extremamente perturbadas por outros.
Os sintomas dos transtornos do espectro autista normalmente persistem durante toda a vida. O prognóstico é fortemente influenciado pela quantidade de linguagem utilizável que a criança adquiriu até a idade escolar. Crianças com um TEA com quociente de inteligência mais baixo (aquelas com pontuação abaixo de 50, por exemplo, em testes de QI padronizados) provavelmente precisarão de apoio mais intensivo como adultos.
O Manual MSD ele consegue trazer informações muito claras e precisas que contemplam toda definição e acometimento. Lembrando que todas essas informações não exclui a avaliação por meio de um profissional, qualificado e especializado no assunto.
*FRANCIELE VIEIRA PEREIRA
-Graduada em Psicologia pela União Metropolitana de Educação e Cultura - Unime (2016);
-Pós graduada em Docência do Ensino Superior pela Associação Educacional Leonardo da Vinci - Uniasselvi (2019);
- MBA em Gestão Pública pela Associação Educacional Leonardo da Vinci - Uniasselvi (2020);
- Pós graduanda em Neuropsicologia pela Faveni.
-Psicóloga Clínica, criança e adulto
- Neuropsicologia e Psicomotricista.
Nota do Editor:
Todos os artigos publicados no O Blog do Werneck são de inteira responsabilidade de seus autores.
Nenhum comentário:
Postar um comentário