Autora: Margarete Brito (*)
8, 9..10 da noite...
— Desculpa meu amor, foi a correria, surgiu um problema aqui no trabalho...
Nossa o ano está acabando e não marcamos nosso café!
E assim, na correria a vida passa, correndo...
É como esse trecho do texto "O tempo e o depois" de Mário Quintana: "Quando vemos já são 18 horas. Quando vemos já é sexta feira. Quando vemos já terminou o mês. Quando vemos já se passaram 50 0u 60 anos. Quando vemos nos damos conta de ter perdido um amigo. Quando vemos, o amor de nossa vida parte e nos damos conta de que é tarde para voltar atrás...."
Hoje não perdemos mais tempo em filas de bancos e nem de supermercados (se quiser), alguns já tem o privilégio de economizar horas trabalhando em home office, mas a tal liberdade física, se transformou a meu ver, numa prisão digital.
Reféns de nossos celulares, existe uma necessidade de estar constantemente conectados.
Conectados com desconhecidos, enquanto alguém do nosso lado se sente sozinho.
Conectados com nosso trabalho, que ultrapassou os limites do escritório, e se infiltram com simples mensagens a noite ou durante o churrasco com os amigos.
Corremos contra um tempo que passa rápido demais, porém o tempo é o mesmo, as mesmas 24h, queremos fazer o máximo em menos tempo, então corremos, será este o motivo do sucesso das "fórmulas mágicas"?
Emagreça em 15 dias, fazendo isso todos os dias por apenas 10 minutos!
Será que gostamos de ser iludidos? Ou seria essa vontade louca de não parar, uma fuga da realidade? Afinal o silêncio e o sossego nos faz encontrar com nós mesmos.
As vezes, tenho a impressão, que estar sempre correndo, se tornou uma espécie de glamour, dizemos a todo instante: minha vida está uma correria, essa semana foi tão corrida...
E assim te convido a refletir comigo, qual seria a sensação de sentar-se num banquinho na porta de casa e apenas conversar, vendo o tempo se arrastar lentamente?
Termino aqui de uma forma bem clichê, mas verdadeira: desacelere, tenha momentos de qualidade com quem gosta, deixe seu corpo e sua mente mergulhar no silêncio de vez em quando, descanse seus olhos na natureza, e talvez, quando chegar lá no final da vida, você tenha tido um pouco de vida, apesar da correria.
Pense nisso!
* MARGARETE BRITO
- Membro correspondente da Academia Itabaianense de Letras;
-Integrante do Coletivo Diversos literatura e arte;
- Apresentadora no Canal Caqui
Literário no Youtube;
- Autora de dos livros: A Busca de Luna
(Profac 2019), Katarzze: os bastidores do sucesso (Publicação independente -2020) e Os cinco
sentidos (Kuno Editorial); e
-Faz parte do selo Kuno Editorial, onde contribui na organização e divulgação de Antologias e projetos da editora.
Nota do Editor:
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