Autora: Maria Cristina de Oliveira(*)
A Bolsa de Valores sofreu grande impacto na semana que terminou e devem vir novas interrupções na semana que se inicia.
Desde 2008 que não acontecia expressivamente o Circuit Breaker, que é um mecanismo de interromper as negociações na Bolsa. Na época houve o fechamento por 5 vezes.
Agora já aconteceram 4 Circuit Breaker, sendo que ocorreu por duas vezes em um só dia. A queda na Bolsa brasileira chegou a quase 15%.
Nesta
segunda a expectativa é das piores. Isso sinaliza mais desemprego e aumento de
preços nos produtos.
O
álcool gel é um exemplo. Por conta do coronavírus, ele já começa a faltar nas
prateleiras dos mercados.
Algumas
pessoas comentam de que o Governo deve intervir e tabelar o preço do álcool
gel, para que os comerciantes não pratiquem os preços abusivos.
Não
é esta ideia do Ministro da Economia, ele que quer dar liberdade aos
comerciantes de promoverem seus preços, que façam seus acertos, contratos,
negócios sem intervenção do Estado.
O
Procon de Pernambuco quer multar as farmácias que aumentarem o valor do álcool
gel. Será que esse é o melhor caminho?
É
fato que o álcool gel começa a faltar nas prateleiras, pois teve uma
significativa demanda e a oferta continua a mesma.
A
lógica é que havendo mais demanda, para a mesma oferta, o valor sobe. Essa é a
lei da oferta x demanda, que é uma lei natural. Ela simplesmente existe.
Se
tem mais gente querendo comprar sem o aumento da oferta, o valor já subiu. Se o
preço não acompanhar é até pior, porque se o valor do produto sobe e o preço
não, então terá gente indo à farmácia para comprar por preço barato e vender no
mercado paralelo pelo valor real que resultou da procura.
A
ideia de tabelar o preço tem ar que coisa boa, mas na real não é, porque se
obrigar o comerciante a manter o preço da época de baixa procura, para
justificar que assim qualquer pessoa terá condições de comprar e proteger-se,
quando o estoque das farmácias acabar não haverá esforço do comerciante em
repor essa mercadoria e surgirão os mercados paralelos que fixarão novos
preços.
Se
as farmácias tiverem liberdade para negociar e venderem todo o estoque, elas terão
incentivo para ampliar a quantidade de aquisição de novas mercadorias.
Por
outro lado, o comprador, o consumidor fará sua tarefa de comprar onde lhe
convém e isso gerar automaticamente a regulação dos preços, sem a intervenção
direta do Governo.Haverá uma acomodação da situação, porque as pessoas irão
resolver esse problema.
As
farmácias irão comprar mais álcool gel, porque gerou renda e ela vai cobrar
mais produto do fabricante, que vai aumentar sua produção, que precisará
contratar mais gente para isso.
Quando
o preço sobe o consumidor também compra somente o que lhe é necessário, será
para quem realmente precisa.
Com mercado livre há uma rápida
adequação da situação, logo haverá novamente mais produtos e rapidamente o
preço cai, volta ao normal, porque a oferta atende a demanda.
Com a interferência do Governo para
manter o preço, haverá pouco incentivo na fabricação e conseqüentemente pouco
incentivo na venda do produto, logo irá demorar mais para voltar ao normal o
mercado.
No meio dessa pandemia, o jeito é ficar
em casa o máximo possível, aproveitar o tempo para separar as roupas que não
está mais usando e prepará-las para doação. Sempre é tempo da solidariedade!
* MARIA CRISTINA DE OLIVEIRA
- Professora, formada em Letras na PUCCAMP;
-Pós-Graduação em Ciência Política;
-Atualmente é funcionária pública federal.
Nota do Editor:
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