sábado, 26 de setembro de 2020

Educação Escolar e seus desafios para um pós-pandemia


 

Autora: Maria Cristina Marcelino Bento(*)


Desde o século passado estudiosos e pesquisadores discutem sobre as necessidades da mudança da educação escolar. O perfil docente, o formato das aulas, o conteúdo, a estrutura escolar, as habilidades e competências da equipe de gestão estão em jogo desde então e, após pandemia causada pelo COVID-19 é urgente rever.

Continuo insistindo que o processo educacional escolar deve ser pautado sempre na concepção de ser humano e de sociedade que se pretende formar. Santos Neto(2004), em seu legado alertou nos que cada ao educador ter clareza da concepção pedagógica que defende, ou seja, precisa saber a intenção pela qual educa.

Compreendo, também, que se deve educar para a continuidade da dignidade da vida humana, ou como apresentado por Barros e Beto (2009) a partir de Hans Jonas: a obrigação do comportamento humano é assegurar o futuro da visa no planeta.

Esta premissa, sugestiona que os objetivos da educação escolar seja educar para a sustentabilidade. Sustentabilidade deve ser entendida como a maneira como se deve agir em relação à natureza. 

A agenda 2030 lançada pela ONU pode vir a ser um dos documentos norteadores desde processo. Este documento tem os aceites e criticas como a faca de dois gumes. O que importa neste momento, é que a Agenda 2030 propõe sustentabilidade. O documento é composto por 17 objetivos ambiciosos e interconectados que abordam os principais desafios de desenvolvimento enfrentados por pessoas no Brasil e no mundo. Segundo o site das Nações Unidas no Brasil: os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável são um apelo global à ação para acabar com a pobreza, proteger o meio ambiente e o clima e garantir que as pessoas, em todos os lugares, possam desfrutar de paz e de prosperidade. 

Desse modo, a escola precisa planejar, arquitetar e preestabelecer o trabalho pedagógico, ou como apresentado por Chevallard (1991) a transposição didática, ou seja, adaptar o saber do sábio/científico em saber para a escola. Os alunos devem aprender o saber cientifico de a partir de sua realidade, para poderem utilizar no cotidiano. 

Destaco o apresentado por Battes (2016) sobre a necessidade em focar em métodos de ensino que levem o aluno a desenvolver as competências e habilidades de acordo com as exigências do século XXI, oferecendo mais empoderamento na aprendizagem por meio de resolução de problemas presentes no cotidiano. 

Desta forma destaco duas configurações possíveis para as aulas: ensino híbrido e a aprendizagem por projetos.

O ensino híbrido aqui é pensado em dois momentos: online – aulas invertidas, webinares, lives e a fase presencial- momentos makers na escola e/ou em diferentes espaços da sociedade. 

O trabalho com projetos pode ser compeendido como: Pedagogia de Projetos (KILPATRICK, 1918; HERNÁNDEZ, 1999); Projetos de Vida (DAMON, 2008; VELHO,1999) ou Aprendizagem baseada em Projetos (BENDER, 2014; KATZ E CHARD,2000). 

O trabalho pedagógico por meio de projetos ou pelo ensino híbrido exige formação docente para tal atividade, o fazer a aula será de outra forma, assim como solicita uma outra organização física da sala de aula, promovendo o alargamento da sala de aula. Sendo adversa a escola conteudista, esta no pós pandemia precisa desaparecer.

O pós pandemia marca mantem a educação escolar pela indústria 4.0 e pela sociedade 5.0. De acordo com a agenda brasileira para a indústria 4.0 esta se defini: se caracteriza, por um conjunto de tecnologias que permitem a fusão do mundo físico, digital e biológico. Pereira; Lima; Charrua (2020) explicam que a Sociedade 5.0, no Japão, é considerada uma estratégia para lidar com o impacto do envelhecimento da população, um olhar para o mundo que se está desenhando para o futuro. O foco desta revolução silenciosa ou muito ruidosa é a humanidade e a criação de condições para promover uma sociedade feliz, motivada e satisfeita. 

Associando as mudanças da sociedade, a necessidade de formar seres humanos que compreendam e vivam pela sustentabilidade, os desafios da pós pandemia o retorno às aulas não será uma tarefa simples. Sobre retorno as aulas, no Brasil, se discuti a implantação do Homeschooling[1] - há uma frente parlamentar e pesquisadores que atuam neste movimento como forma de implantá-lo. 

O planejamento de volta às aulas carece primeiro ouvir o que sente a equipe escolar mediante as vivencias durante período da pandemia e Protocolo de Biosegurança. A equipe escolar vai precisar replanejar a escola como um todo, atenta as habilidades e competências necessárias a era da trabalhabilidade, e da aprendizagem para a vida toda. 

Referências 

Barros, M. e Beto, Frei. O amor que fecunda o Universo: ecologia e espiritualidade. Rio de Janeiro: Agir, 2009; 

BATES, T. Educar na era digital: design, ensino e aprendizagem. Tradução: João Mattar et al. São Paulo: Artesanato Educacional, 2016;

BENDER, W. N. Aprendizagem baseada em projetos: educação diferenciada para o século XXI. Tradução: Fernando de Siqueira Rodrigues. Revisão técnica: Maria da Graça Souza Horn. Porto Alegre: Penso, 2014;

BRASIL. Agenda brasileira para a indústria 4.0 – o Brasil preparado para os desafios futuros. Disponível em: < http://www.industria40.gov.br > Acesso em: 15 ago.2018; 

CHEVALLARD, Y. La Transposition Didactique. Grenoble: La Pensée sauvage, 1991; 

DAMON, Willian O que o Jovem quer da Vida? Como pais e professores podem orientar e motivar os adolescentes. São Paulo: Summus, 2008; 

KATZ, L. G.; CHARD, C. Engaging children’s minds: the project approach. 2nd ed. Connecticut: Ablex Publishing Corporation, 2000;

KILPATRICK, W. H. The project method. Teachers College Record, v. 19, n. 4, p. 319-335, 1918;

Pereira A.G., Lima T.M., Charrua-Santos F. Society 5.0 as a Result of the Technological Evolution: Historical Approach. In: Ahram T., Taiar R., Colson S., Choplin A. (eds) Human Interaction and Emerging Technologies. IHIET 2019. Advances in Intelligent Systems and Computing, vol 1018. Springer, Cham; 

SANTOS NETO. E. Filosofia e Prática Docente: fundamentos para a construção da prática pedagógica do professor e do projeto politico pedagógico na escola. In: II Encontro Internacional de Filosofia e Educação, 2004. RJ. Anais do: II Encontro Internacional de Filosofia e Educação, RJ, UERJ, 2004; e

VELHO, G. Individualismo e cultura: notas para uma antropologia da sociedade contemporânea. 5a ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999. 

https://www.camara.leg.br/noticias/694221-frente-parlamentar-promove-simposio-sobre-a-regulamentacao-do-ensino-domiciliar/ 

*MARIA CRISTINA MARCELINO BENTO

- Graduada em Pedagogia; 
- Mestre em Educação pela UMESP-SBC; 
-Doutora em Tecnologias da Inteligência e Designer Digital;
- Atuou na Educação Básica por 22 anos;
Atualmente é Professora titular da FATEA nos cursos de graduação e pós-graduação e
-Professora Coordenadora do Curso de Pedagogia da Fatea

Nota do Editor:

Todos os artigos publicados no O Blog do Werneck são de inteira responsabilidade de seus autores.


Nenhum comentário:

Postar um comentário