O Lugar da Felicidade

 Autora: Rosangela Tavares(*)

Por que a felicidade é a maior busca do ser humano?

Vamos lá: a ideia de felicidade é a de se conseguir manter um estado de prazer constante, onde se acordaria e dormiria numa condição de ausência de qualquer mal estar ou desconforto relacionado, por exemplo, à falta de algo ou de alguém.

A questão é que vivemos num processo de desassossego irracional e inconsciente, ou seja, não se pensa ou não se tem consciência do que exatamente se está buscando sem parar na vida. Muitas vezes não se tem sequer a consciência de que não se para de buscar sem parar.

Um carro novo, uma casa nova, um novo romance, uma promoção no emprego podem trazer a endorfina de que alguém precisa para se sentir alegre, e acreditar que encontrou a felicidade, mas se este estado durasse por um longo tempo, talvez tivéssemos menos pacientes recorrendo a medicações que regulam os neurotransmissores. Teríamos muitos problemas resolvidos, no que diz respeito a pessoas saudáveis e satisfeitas. Dinheiro se mostraria talvez como solução.

Mas na prática não é assim que ocorre.

O motivo que gera a endorfina extra colabora para se produzi-la, mas apenas por um período limitado de tempo.

A busca e o encontro por algo que parecia ser infinitamente bom traz uma felicidade que é circunstancial e com prazo de validade de contentamento expressivo.

Como nos ensinou Freud em sua imensurável capacidade e inteligência, funcionamos pelo princípio do prazer, que consiste em que procuremos o tempo todo (todo mesmo) aliviar qualquer desconforto. Então temos sede e já tratamos de buscar água. Sentimos tristeza e já ficamos mal, procurando uma forma de sair dela. Perdemos muito tempo de nossas vidas imaginando que se tivéssemos muito dinheiro, não sentiríamos nunca mais nenhuma dor.

Desta forma vamos fugindo de nos ater ao presente, que é onde tudo acontece. Onde podemos de verdade e de forma real, cuidar do que estamos sentindo. E fazer algo por nós mesmos e pela nossa vida. Podemos mudar a qualquer momento.

Por exemplo, você gosta de quem você é?

Porque se você responder não a esta pergunta, você já tem demanda de sobra para não se sentir nunca feliz.

Porque você é a primeira coisa que existe para você.

A partir de sua insatisfação consigo, fica improvável que consiga ficar bem com o restante de sua vida.

A felicidade está no sossego.

Uma pessoa que faz o que gosta na vida sente esse sossego.

Ela sente paz na realização que tem a ver com a essência dela. Mesmo trabalhando muitas horas por dia.

E pode ter certeza de que esse sossego não vem, neste caso, do dinheiro que ela ganha, mas do que ela sente ao fazer o que faz.

Uma pessoa que ama a si própria também encontra pessoas que a amarão, e isso também traz o sossego. Porque como seres relacionais que somos, precisamos compartilhar a vida em relações saudáveis e tranquilas, onde tem afeto garantido.

Sossego nós encontramos no equilíbrio. Equilíbrio nós encontramos quando estamos dando conta de nós e de nossa vida. Quando sentimos que nos amamos e que estamos fazendo o que é melhor para nós mesmos.

Se eu estou bem comigo, se eu cuido de mim, se vou atrás do que faz sentido eu fazer na vida, então eu me preencho, fico em paz, e descanso nisso.

A vida acontece dentro de nós. É sempre de dentro para fora.

O dinheiro vem de fora e não cura infelicidade. Apenas disfarça.

Então pare agora e se pergunte se você se gosta e em seguida se pergunte como está a sua vida e se ela está de acordo com quem você é, e seu coração.

E à medida que puder fazer esta análise sobre como tudo tem funcionado em sua vida, os lugares que você tem se dado, você poderá também, com tempo, planejar mudanças. Se encaixar no que é melhor para você. De verdade!

Pare de pensar no dinheiro primeiro. Pessoas felizes e realizadas produzem dinheiro automaticamente.

Realinhe sua vida nesse sentido, sentido obrigatório para o sossego.

Encontre seu sossego.

E não terá mais que procurar pela felicidade por aí.

*ROSANGELA TAVARES

Psicóloga clínica – CRP 06/64149;

-Formada em psicologia clínica pelo Centro Universitário Unicapital, na Moóca, ano de 2000;

-Atende em consultório particular, na abordagem psicanalítica;

-Atendimento de adultos, adolescentes, casal.

Rua Santa 104 – Vila Mascote – São Paulo – SP

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