@ Keity Teixeira Fonseca Valim
Em grande parte das devolutivas de avaliação neuropsicológica, eu diria que em 95% dos casos, quando temos um diagnóstico relacionado ao TDAH os pais mencionam que não são a favor da inserção da medicação. A justificativa na maioria dos casos é por conta da idade das crianças.
Mas, considero importante mencionar algumas informações sobre a questão da medicação nos casos de TDAH em crianças. O tratamento de primeira linha aqui no Brasil é com o Metilfenidato, que tem três versões, sendo duas versões de liberação prolongado e uma versão de liberação imediata. O nome comercial são Ritalina, Ritalina LA e Concerta. Com certeza, você que está lendo esse texto já ouviu falar nessas medicações. Cabe mencionar que temos outros medicamentos no mercado. Não vou me ater a questão farmacológica, mas quero provocar a reflexão dos pais e responsáveis sobre esse meio de tratamento que muitas vezes é visto como ruim para a criança.
O TDAH é um transtorno do neurodesenvolvimento que trazem como sintomas a desatenção, hiperatividade e impulsividade. Grande parte dos diagnósticos são feitos na infância devido a prejuízos, pincipalmente escolares. Entretanto, o transtorno causa também prejuízos sociais e emocionais. É importante que os pais se atentem aos prejuízos que seus filhos estão tendo na vida, não só na parte acadêmica como no desenvolvimento das habilidades sociais e na capacidade de autorregulação das emoções. Prejuízos nessas esferas (acadêmica, social e emocional) quando não tratadas podem perdurar durante toda a vida do paciente.
A questão da inserção da medicação precisa ser vista diante dos prejuízos apresentados pelo paciente. Em muitos casos, apenas a psicoterapia, não será suficiente para uma melhora significativa nos déficits nas áreas que mencionei acima. É fato que muitas vezes, a medicação precisa ser fornecida para que as terapias possam ser bem-sucedidas. Por exemplo, uma criança que é hiperativa, numa sessão de psicoterapia, não estando medicada, terá mais dificuldade em manter-se sentada e seguir as orientações que estão sendo passadas.
Em crianças menores de 6anos os medicamentos não são utilizados porque não tem eficácia nessa idade, os meios de tratamento são psicoterapia e orientação parental.
Os efeitos colaterais mais observados em crianças e adolescentes são diminuição de apetite e problemas com sono. Mas, podem ocorrer também irritabilidade, náuseas, tontura, dor abdominal e vômito.
O medicamento não é milagroso, por esse motivo é importante associar o tratamento a psicoterapia e orientação parental, em alguns casos treinamento de habilidades sociais.
Quando falamos de um transtorno temos que nos atentar a importância de acompanhamento dos especialistas da área, nesse caso o médico psiquiatra ou neuropediatra, além do psicólogo, e da junção de parceria com a escola e a família.
Minha orientação aos pais é que tenham um médico de sua confiança e reportem a ele as mudanças que ocorrem com as crianças após o uso da medicação e alinhem expectativas e realidade com o profissional.
É fato que toda medicação, até mesmo aquelas vendidas livremente nas farmácias (como o Dipirona e o paracetamol) causam efeitos colaterais, o ponto central da discussão (ao meu ver) é sermos orientados e acompanhados durante o uso.
Para saber mais:
https://www.ufpb.br/cim/contents/menu/cimforma/metilfenidato-no-tratamento-do-transtorno-de-deficit-de-atencao-e-hiperatividade-tdah#:~:text=Especificamente%20naqueles%20casos%20diagnosticados%20com,%C2%AE%20LA%20e%20Concerta%C2%AE. Texto elaborado por pela acadêmica Ludmila Emilly da Silva Gomes revisado pelo Professor Dr. Gabriel Rodrigues Martins de Freitas; e
* KEITY TEIXEIRA FONSECA VALIM
-Graduação: Unimep – Universidade Metodista de Piracicaba (2010);
-Especialista em Neuropsicologia pelo Cepsic-FMUSP (2015);
-Atuo em atendimento psicoterapêutico de crianças, adolescentes e adultos, mas estou dando mais ênfase a avaliação neuropsicológica nos últimos 3 anos.
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