segunda-feira, 27 de junho de 2016

Criamos os filhos para o mundo?


Talvez eu seja “apedrejada em praça pública”, mas caros, peço paciência. Espero que entendam ao final desse pequeno texto.

Posso falar “de cadeira” – já morei em outro país e convivi com pessoas de nacionalidades bem diferentes - tempo o suficiente para entender a cultura de vários lugares. Aqui somos muito “carentes” – ficamos com nossos filhos em casa tempo demais? Afinal deveríamos criar os filhos para o mundo ou não? Pincelo algumas ideias com o objetivo de ouvir outras ideias, as suas.

Sim, eu sei que são várias as circunstancias de vida que tornam essa situação real, dos filhos morarem com os pais depois de adultos. A comodidade da casa da família, o conforto de chegar em casa e encontrar a comida pronta, roupa e casa limpa, ter seu próprio quarto e às vezes, nem precisam gastar nada!!! Não pagam aluguel, luz, telefone (talvez o smartphone pessoal) – condomínio, a própria comida também não pagam. Outra circunstância possível é a necessidade financeira, dependência de uma das partes, etc.

Lembro que estou generalizando, hein! 

Também outro ponto que talvez os impeçam de sair é o custo dos imóveis - comprar é uma solução, mas a baixo custo provavelmente somente longe do bairro da família, ou do trabalho, etc – inviável. Alugar? Hum, não sei não, preços altos também inviabilizam essa hipótese. E muitos pais conseguem “bancar” os filhos e eles vão ficando, mesmo os filhos que tem dinheiro para comprar ou alugar: sair para quê?

Ok! Mesmo com recursos financeiros para bancar os filhos, os pais estão felizes com seus filhos “trintões em casa? Algumas angústias que ouço são: “meu filho não tem dinheiro para morar sozinho”; “meu filho fala 4 idiomas, mas não corre atrás de emprego”; “meu filho não trabalha na área de formação dele, trabalha em outra área, na qual não vejo futuro”; e muitas outras angústias. São adultos imaturos, não aceitam muitos não, reclamam muito, se acham donos da verdade? Por isso não conseguem sair da casa de seus pais?

Há também os pais que amam os filhos em casa. 

Desculpem, não estou falando desses - estou falando dos pais que amam seus filhos, mas queriam que eles tivessem vida própria.

Porque isso? Porque esse assunto, afinal? Para falar de algo bem mais sério. As pessoas envelhecem, “aprimoram” seus hábitos – suas manias. Fazer atividades gerais permite que as pessoas se mantenham saudáveis. Ter que cuidar de si mesmo – acreditem – faz toda a diferença. Pais que moram sozinhos, que precisam ir às compras, cozinhar, cuidar de sua casa, sua roupa, do seu dinheiro – só das suas coisas, são mais ligados, ativos - precisam ser! 

Pais que tem os filhos morando na mesma casa, tem que cuidar de mais coisas, mais responsabilidades além das suas próprias. Isso cria uma carga maior que a necessária que acaba por desgastar – a todos. 

Pais que moram com seus filhos e sua nova família (marido, ou esposa e os netos) – acabam caindo em prostração, ficando tristes doentes. Aí a carga para a família é diária e muitas vezes pesada. A maioria precisa trabalhar – mas alguém precisa cuidar desse parente idoso. Esse idoso que mora agora na casa de um dos filhos – que precisa de cuidados.

Pais sozinhos se cuidam, não dependem de ninguém, precisam se virar. Isso permite que o corpo, a mente em constante ação se mantenha mais saudável.

Em vários outros países, os filhos saem de casa cedo. Isso é normal e vão se virar. Acho que assim amadurecem mais cedo, ou na época certa? E os pais envelhecem saudáveis, cuidando de si mesmos. 

E cuidando de nossos filhos ao extremo, com tanto zelo (?) estamos criando os filhos para o mundo? Estamos ajudando ou retardando o amadurecimento deles? Mulheres e homens de trinta ou mais morando com seus pais, isso é bom ou ruim? Queria ouvir sua opinião. 

Estou tentando chamar a atenção para uma pequena parcela – minha zona de conforto, fruto da minha observação. Modelo esse que me chama a atenção, que me conforta – que deixa segura e me guia - me serve de exemplo! De pessoas mais idosas, saudáveis, intelectualmente bem – que se viram sozinhas.

Quero deixar um ponto de atenção: comece a observar as pessoas da sua família, ao seu redor, ouça seus amigos – pessoas que moram sozinhas estão mais lúcidas, independentes? O que elas fazem para ficar assim? 

Ser independente traz alívio, felicidade, paz, sossego, coisas que a gente busca a vida toda, não? Pelo menos todos os exemplos que vejo, conheço e ouço estão ‘dentro desse padrão’.

Por KÁTIA DUARTE MAGALHÃES











-Bacharel e  mestre em Administração;
-Mãe e professora universitária;
-Escritora por diversão:"Fico tentando imaginar o sorriso no rosto das crianças ao ler/ouvir o conto";
- Amante incondicional de livros e entusiasta por incentivar os outros a ler também: "Quando se lê um livro e consegue-se viajar na leitura, não há como descrever esta sensação."

4 comentários:

  1. Como mãe de filhos adultos, meu sentimento é dúbio e posso te garantir que todos nós, sem excessão, queremos filhos independentes e bem sucedidos. Não é tarefa fácil. Não é fácil também, encontrarmos pais que estejam com a vida tão estável a ponto de não necessitar a ajuda de um filho na divisão do aluguel, comida e com muita sorte um plano de saúde. Enquanto pais com nós saúde física e financeira é fácil assumir a independência e desejar que os filhos fiquem distante cuidando somente da própria vida. Nada na vida é regra, sempre temos excessões. Temos pais e filhos de alguma forma ou em determinados momentos da vida necessitando auxílio. Na verdade podemos ter uma vida e relações saudáveis com nossos filhos estando eles longe ou perto, basta respeitarmos as nossas individualidades e necessidades. Podemos ser livres, felizes dar liberdade e proporcionar felicidade, tanto longe como perto deles ou o contrário.

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  2. Oi Sandra, bom dia! Sim, existem todos os tipos de situação. Minha ideia é fazer com que as pessoas pensem sobre isso ao longo do tempo, para que o planejamento faça parte do agora. Quando a gente planeja, mesmo sabendo que muitas coisas podem acontecer ao longo da vida, a vida tende a seguir um rumo "desejado". Já vi muitos jovens falando que precisaram voltar para a casa dos pais, por causa da crise. E você tocou em um ponto muito importante que nem escrevi, sobre o respeito! Essa virtude precisa ser praticada de forma diária para que a convivência seja ótima! Obrigada por expor suas ideias. :))

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  3. Boa reflexão Kátia..... Não acho que distância dos filhos e vice versa, faça com que consigamos ter ganho.... acredito que devemos criar entre filhos e pais .... respeito no espaço de cada um. Precisa ser criado espaço separado entre todos, saber respeitar e entender este espaço...,poderemos ter independência para viver nossa vida é envelhecer com lucidez e saúde.

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  4. Sim, sim - o respeito é uma virtude a ser colocada em prática diariamente para que esse espaço seja respeitado e que a gente consiga viver a vida com independência :)
    obrigada!!!

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