@ João Luiz Corbett
Todo dia saímos de casa bolsa,
mochila maleta, carro, metro, ônibus local de trabalho cadeira mesa estação de
trabalho. Laptop, papeis, canetas, copos, pilha de papel, que alguns insistem
em chamar de trabalho a realizar, gavetas, prateleiras, pastas, arquivos no
computador um sem fim de lugares com
materiais guardados ou "escondidos".
Voltamos para casa armários, gavetas, prateleiras, caixas. Nesse ambiente não tem como guardar os itens na memória do computador, para alguns uma solução foi adquirir a cama com guarda treco embaixo do colchão, para outros livros e caixas se misturam com os móveis.
Aliás livro é um capítulo à parte. Podemos nos desfazer de tudo menos dos livros, que de objeto de adoração se tornaram objeto de decoração, tem alguns que deixam empilhados no chão como se fosse um ambiente "cult".
Somos acumuladores. Talvez não como aqueles que transformam o lugar em que vivem num amontoado de detritos recolhidos nas ruas ou produzidos dentro de casa mesmo. Mas temos que admitir que acumulamos roupas, objetos, livros (porque não?), fotografias, documentos obsoletos, disquetes, canetas, um infindar de coisas que muitas vezes não nos damos conta que ainda existem.
Comece pelas gavetas e prateleiras de roupa, tem alguma roupa que você não usa há mais de ano, dois anos? Tem alguma que você nem lembrava mais? E o armário a mesma coisa? E tem pessoas em situação pior. Os que tem garagem em casa ou depósito junto à garagem no condomínio. Verdadeiros sarcófagos domésticos: ferramentas, eletrônicos quebrados ou obsoletos, escadas, vasos e aquele banquinho que se teima em guardar.
Enfim não temos noção de tudo que nos cerca pois mantemos tudo escondido e não guardado. Até o dia que temos que mudar. Mudar de casa é uma verdadeira operação de guerra. Começa por encarar a verdade quando o pessoal da transportadora vem e calcula a quantidade de caixas e o tamanho do caminhão, a primeira reação é de duvidar e exigir uma recontagem!!!!
Por maior que sejam as caixas percebemos que talvez não sejam suficientes. Mas também é a hora das lembranças. Nossa se lembra disso? Que viagem aquela!!! Será que ainda precisamos disso? Essa sua mania de guardar tudo. Martelo? Quem precisa? Está mais que na hora de se livrar disso.
Começa a fase de definir o que se pode doar e o que teremos de nos desfazer. Abrindo os esconderijos vamos descobrindo a nossa história. Se começarmos pelas fotos serão horas de recordação e lembranças, sem deixar de perguntar onde estão as outras fotos, não estavam todas juntas?
Aos poucos se percebe que o canto onde colocamos o que vamos doar ou até mesmo jogar fora não é nada desprezível. O mais difícil mesmo é quando chegamos aos livros. Todos são importantes, cada um com sua estória, romance, política, estudos, imagine ganhei de presente como posso me desfazer.
Este objeto de adoração em alguns casos pode ser o elemento que define o imóvel que vamos morar, a decoração da sala ou a ocupação de um dormitório. Aí entra a racionalidade há livros que não vamos mais ler ou consultar, há outros com os quais não nos identificamos em seu contexto, e por que guardar livros? Para mostrar aos outros nossa cultura? É uma satisfação pessoal dizer: a minha biblioteca!!!
Na minha penúltima mudança com muita dificuldade me desfiz dos meus. Na época guardei apenas os dois que havia adquirido e ainda não lido. Foi difícil, porém a satisfação de saber que estariam à disposição de muitas pessoas que consultavam aquela biblioteca foi maravilhoso.
Na nova casa cada livro lido uma nova doação. Não há mais estantes ou prateleiras de livros. O que não consegui foi me desfazer de gavetas.
Mas vamos deixar bem claro a doação de livros pode e deve ser feita independente de mudança de domicílio.
JOÃO LUIZ CORBETT
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