sexta-feira, 15 de dezembro de 2023

História cibernética


 Autor: João Luiz Corbett(*)

Os livros de história tornaram-se obsoletos não só por terem sido substituídos por apostilas apócrifas e tendenciosas, mas porque a história que precisa ser transmitida não é somente a que conta sobre descobrimento de continentes, naus e navegadores, dinastias e guerras. A história deve contar a evolução tecnológica.

Inicialmente quero deixar claro que nada se compara à invenção do alfabeto, dos números e das notas musicais. Poucos elementos que se fundem de tal forma que não há como medir seus limites.

O século XX foi de tal forma marcante na evolução humana quanto foram os milhões de anos necessários para a evolução do hominídeo para o ser humano atual. Para se descrever a tecnologia desenvolvida é necessário subdividi-la em todos os ramos da ciência e da comunicação. O próprio ser humano conquistou pelo menos vinte anos a mais em sua existência.

Alguém hoje consegue imaginar uma casa não vou dizer sem geladeira, mas sem freezer e micro-ondas? Alimentação balanceada, glúten, diet, baixas calorias e por aí vai. A idade média do homem em 1910 segundo o IBGE era de 33 anos e da mulher 35 anos. Em 2020 a idade média passou para 73 e 80 anos respectivamente. Com certeza a Covid representou um freio nesta evolução.

Dentre todas as tecnologias uma que está impactando o dia a dia do ser humano moderno é a da comunicação. Neste item, passamos do rádio, da televisão, dos jornais, do telefone e do comércio lojista para um único equipamento. O telefone celular. Para se ter uma ideia do que representa um aparelho celular atual, em visita à NASA nos foi apresentado o salão no qual se controlava o voo das primeiras naves espaciais (década de 60) e segundo o responsável pelo setor, toda a capacidade dos computadores da sala era inferior à capacidade dos celulares atuais.

As novas tecnologias principalmente as que desenvolveram os aparelhos celulares surgidos no final do século XX, permitiram que aos poucos eles passassem de sistema autônomo de conversação para um computador de mão. A popularização do aparelho celular que era de uso exclusivo nas cidades de origem passou a ser usado em todo território nacional e posteriormente em todos os países, isto também graças ao desenvolvimento da internet e das redes de Wi FI. Na sequência vieram outros sistemas, hoje conhecidos como APP, voltados à comunicação interpessoal e comércio.

Alguns sistemas de uso exclusivo em computador foram introduzidos nos celulares. O grande salto se deu quando foi possibilitado o uso de imagem nas conversações. Quando lançados os primeiros sistemas de conversação com imagem eram disponíveis somente em computador, talvez o mais conhecido tenha sido o Skype. Um incremento no relacionamento nas pessoas principalmente para as que viviam em cidades ou países distintos.

O que há de ser analisado é até que ponto estes sistemas de comunicação pessoal aproximaram as pessoas. Da conversa por telefone passamos a deixar os encontros pessoais para a conversa por troca de mensagens, Messenger, Whatsapp entre outros. Daí para a conversa com troca de imagem foi o grande salto da comunicação. Da conversa com troca de imagem passamos a editar "diários"`. Vamos almoçar publicamos foto com os comensais e os pratos degustados. Vamos viajar publicamos fotos. É aniversário de alguém mandamos felicitações pelo "diário" do aniversariante.

Família, amigos ou companheiros de trabalho viraram "seguidores"`. Você é medido pelo número de seguidores, e muito provavelmente não conhece todos, afinal solicitação de "amizade"` vem todos os dias de pessoas conhecidas ou não. Não esquecendo a participação em mais de uma rede social.

Com o advento da Covid o distanciamento das pessoas tornou-se uma medida obrigatória. A forma de manter contato com a família, os amigos e o trabalho foi o uso dos computadores e do celular. As trocas de mensagem e conversas com a utilização do vídeo aproximava as pessoas. Mas será que após a Covid não estamos exagerando e esquecendo o contato pessoal?  Nas grandes cidades a distância cada vez maior que as pessoas da mesma família estão vivendo e a insegurança, reduziram os contatos pessoais ao mesmo tempo em que cresceram as comunicações por celular.

Chegamos a tal ponto de uso do celular que hoje em uma cidade como São Paulo é impressionante o número de pessoas que andam nas ruas, no metrô, nos carros olhando, escrevendo ou falando ao celular. Total dependência e perda da privacidade, isto porque você pode ser localizado e contatado em qualquer lugar.

Mas, sempre há um, mas, junto a esta evolução veio a capacidade de dedilhar o teclado do celular escrevendo um novo idioma com palavras ou códigos muitas vezes inteligíveis, acompanhado de uma mudança física perceptível: alteração na cervical devido ao posicionamento da cabeça sempre curvada. Acredito eu que em um futuro bem próximo teremos o dedo indicador desenvolvido aos moldes do dedo médio do aye – aye primata de Madagascar.

Este primata com o passar dos tempos desenvolveu o dedo anular muito maior que os demais para catar larvas em buracos de arvore. O nosso dedilhar de teclado junto ao "click and drag" , segue no mesmo caminho. Espero que paremos por aí, senão teremos também o crescimento dos olhos.

*JOÃO LUIZ CORBETT














-Economista com carreira construída em empresas dos segmentos de açúcar, álcool, biocombustíveis, frigorífico, exportação, energia elétrica e serviços, com plantas em diversas regiões do país;
-Atuação em planejamento estratégico empresarial, reorganização de empresas, aprimoramento de competências, elaboração de planos de negócios com definição de estratégias, estrutura societária e empresarial, com desenvolvimento e recuperação de negócios.
Atuação em empresas de grande e médio porte nas áreas de planejamento estratégico, orçamento, planejamento e gestão financeira, tesouraria, controladoria, fiscal e tributária. 

Nota do Editor:
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