quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Neurociência da Felicidade


A Neurociência comprova que exercícios mentais regulares modificam nossas células nervosas e sendo assim, modifica também nossa forma de pensar e sentir. Richard Davidson da Universidade de Wisconsin, em Madison; neuropsicológico renomado realizou uma pesquisa ao longo de anos, com Monges Budistas. Sua intenção era, através de exames de Ressonância Magnética Funcional, avaliar os efeitos da meditação na mudança das ondas cerebrais destes Monges. No ano 2000 Davidson esteve com o Dalai Lama, chefe espiritual do budismo tibetano em Dharmsala, local de seu exilio na Índia. Naquela ocasião, discutiram as descobertas neurocientíficas mais recentes, daquela época, acerca de como surgem as emoções negativas no cérebro. As emoções como raiva, irritação, ódio, inveja, ciúme, para muitos budistas praticantes, estas são palavras desconhecidas. Eles buscam enfrentar com serenidade e centramento até mesmo o lado mais sombrio da existencia. A meta suprema da meditação consiste em cultivar as qualidades humanas positivas. E a meta de Davidson foi investigar, com auxilio de ferramentas modernas da Ciência, esta meta da meditação milenar. Os resultados desta pesquisa high-tec, no entanto, não surpreendeu o Dalai Lama, uma vez que estas só comprovam o que os budistas praticantes vêm dizendo e praticando há 2.500 anos. Ou seja, a meditação e a disciplina mental conduzem a modificações fundamentais na sede de nosso espirito, o cérebro.

Pesquisador das emoções Davidson queria saber se atividades essencialmente mentais, como a meditação, também poderiam modificar o cérebro e, em caso afirmativo, de que forma este processo afetaria o estado de espirito e a vida emocional de uma pessoa. Os budistas vêem sua doutrina como uma “ciência da mente”, e a meditação, como meio ou método de treinar a mente. O resultado da pesquisa de Richard Davidson foi o seguinte: no córtex pré-frontal, região localizada atrás da testa tem o lado direito e o esquerdo. O lado pré-frontal esquerdo é muitas vezes mais ativo em praticantes de meditação. Isso indica um bom estado de espirito e sensação de felicidade – “um estilo emocional positivo”. A partir deste resultado é possível constatar que o lobo frontal esquerdo é a sede da felicidade e o lobo frontal direito a sede da tristeza e depressão.

Nas pessoas mais infelizes e pessimistas ou ansiosas, o predomínio de atividade é do lado direito do pré-frontal (sede da tristeza). As pessoas mais otimistas, compassivas, empáticas têm o córtex pré-frontal esquerdo mais ativo (sede da felicidade). Fica evidente que essa região cerebral mantem sob seu controle, os sentimentos “ruins” e também o equilíbrio e paz de espirito que caracteriza tantos budistas.

A nossa mente tende à negatividade, ou seja, o cérebro busca, registra,armazena,recorda e reage preferencialmente às experiências desagradáveis .É como se fosse velcro para as experiências negativas e teflon para as positivas .Consequentemente ,mesmo quando as experiências boas superam as ruins em quantidade, as experiências desagradáveis, se desenvolvem naturalmente mais rápido. Aqui fica claro que o cérebro tem uma tendência natural de concentrar suas atividades na sede da tristeza e depressão (lobo pré-frontal direito).Entretanto, felicidade é um comportamento que se aprende. De que forma? Aumentando a atividade da sede do bem estar e felicidade (lobo pré-frontal direito). Uma das formas é a meditação, a outra é cultivando bons sentimentos e imagens passadas e presentes de acontecimentos bons.

A boa solução não é suprimir as experiências negativas; quando elas acontecem, acontecem. Em vez disso pode-se cultivar as experiências positivas, e acima de tudo assimila-las e absorve-las de modo que tornem-se parte permanente do nosso ser.E então como interiorizar o que nos acontece de bom? Além de cultivar o habito da meditação diária, mesmo que por quinze minutos apenas; temos mais três comportamentos que devem ser habituais:

1) Transformar fatos positivos em experiências positivas. Coisas boas nos acontecem frequentemente, só que não damos atenção a elas e, quando damos atenção, raramente as sentimos. Por exemplo: alguém nos faz uma gentileza, percebemos uma qualidade admirável em nós mesmos, uma flor brota no jardim, conclui-se um projeto complexo – e tudo acaba se esvanecendo, porque não estamos presentes. Por isso devemos ir atrás do que é agradável para nós particularmente daquelas pequenas coisas do dia a dia: o vento tocando o rosto em um dia de calor, o cheiro de uma fruta que gostamos, a lembrança de uma viagem prazerosa, uma decisão de sucesso entre outras coisas. Praticando a gratidão por coisas pequenas e trazendo à consciência plena para cada uma delas;

2) Usufruindo da experiência podemos fazer com que dure cinco, dez, vinte segundos, mantendo a atenção e não desviando para outras coisas. Ficando e praticando a presença. Quanto mais tempo algo fica retido na consciência e quanto mais estimulante emocionalmente for, mais neurônios disparam e se conectam e maior será o rastro neurológico deixado no cérebro ou no lobo frontal esquerdo. Isso marca positivamente a mente e

3) Criando a imagem na mente de que a experiência agradável está penetrando de modo profundo em nossa mente através dos pensamentos, e corpo através das sensações. Imaginando que esta boa experiência é como o sol em uma camiseta no varal ou água em uma esponja. Relaxando e absorvendo as emoções agradáveis , as sensações boas e pensamentos proporcionados por esta boa experiência.

Desta forma as pesquisas de Davidson trazem a prova de que por meio da meditação, ou seja do trabalho puramente mental, é possível modificar aspectos específicos da consciência e ,portanto, da personalidade como um todo. As conexões no cérebro, não são fixas; isso significa que ninguém precisa ser para sempre o que é hoje. Meditação não significa sentar-se em baixo de uma arvore e curtir o momento. Esse processo envolve profundas modificações no ser. A longo prazo nos tornamos outra pessoa. Ou seja, felicidade é um comportamento que se aprende porque hoje já sabemos que o cérebro possui plasticidade; ou seja, se renova.

Mas afinal, o que nos faz realmente felizes segundo as pesquisas? Mais dinheiro? Não! Quando as necessidades básicas são atendidas, uma renda adicional pouco contribui para a sensação de satisfação com a vida. Uma boa educação? Não! Nem educação e nem alto nível de inteligência favorecem a felicidade. Juventude? Não ainda! Na verdade pesquisas indicam que idosos valorizam muito as experiências do presente, tendendo assim a ser mais felizes do que os jovens. Assistir TV? Não de novo! As pessoas que passam mais de três horas diárias em frente a televisão – especialmente novelas- costumam ser mais infelizes do que aquelas que usam este tempo para estar com amigos ou dedicar-se a um hobby ou leitura. Beleza? Não propicia um efeito significativo; os mais atraentes tendem a conseguir pequenas vantagens como elogios ou atenção – numa relação mais a longo prazo porem, isso não se sustenta. Saúde? Este aspecto é muito importante para a qualidade de vida, porém, está pouco relacionado com a sensação de bem estar subjetivo.

Em estudos múltiplos realizados pelo mundo, dois fatores têm sido repetidamente apontados como aqueles que proporcionam felicidade sustentável:

1) Fortes laços afetivos com amigos e familiares; o amor que damos e recebemos. Pessoas casadas ou com um relacionamento estável, por exemplo, costumam ser mais felizes do que as solteiras. Alguns especialistas chegam a afirmar que o casamento acrescenta em longevidade, sete anos ao masculino e quatro anos ao feminino;e

2) A sensação de significado na vida: a crença em algo superior a nos mesmos; originada em uma religião, espiritualidade ou filosofia pessoal de vida. Ou seja, ter uma visão de propósito, missão e legado. Criar a sensação de que estamos contribuindo para algo importante maior do que nós mesmos.

A meditação vem no sentido de ampliarmos a atividade do lobo pré-frontal esquerdo (sede da felicidade). Imagine um copo com agua e açúcar; na medida em que mexemos este copo com uma colher, o açúcar turva a agua. Na medida em que o deixamos em repouso, o açúcar desce e descansa no fundo e a água clareia. Em nossa mente também funciona assim: os pensamentos turvam a nossa mente deixando-nos agitados e depressivos. Na medida em que paramos para meditar os pensamentos se alinham e temos clareza de raciocínio e de sentimentos novamente.

POR RENATA REGINATO








-Psicóloga Clinica e Organizacional formada pela UFPR ( Universidade Federal do Paraná);
-Pós Graduada em Psicologia Corporal Reichiana e Psicoterapia Cognitivo Comportamental no Paraná;
-Master Coach Senior pelo ICF - International Coach Federation (USA) ;
- Professional & Self Coach pelo:
  -  ECA – European Coaching Association (Alemanha/Suiça);
 - GCC - Global Coaching Community ( Alemanha);e 
- Behavioral Coaching Instituite - ( Europa),  -IAC –International Association of Coaching ;
- Certificada em:
 -  Executive,Team & Leadership Coaching pelo CCE - Continuing Coaching Education (USA) ; e
 - Professional and Self and Life and Executive Coaching pelo IBC ( Instituto Brasileiro de Coaching) e pelo Instituto Holos de Qualidade- São Paulo ;
- Especialista em Hipnose Ericksoniana pelo Instituite Milton Erickson (Phoenix – Arizona;
- Apresenta uma experiência de nove mil horas de atendimento clinico e em Coaching. Somadas em 20 anos de experiência É fundadora e diretora Executiva da Pulsar Coaching – Desenvolvimento de Pessoas , fundada em 1999;
-Palestrante e convidada frequente para entrevistas em TV e Rádio sobre Resiliencia , Gerenciamento do Stress, Ansiedade e Depressão;
-Trainer de Lideres Coaches e Executivos de empresas como : JFPR (Justiça Federal do Paraná), Accenture, FAP ( Faculdade de Artes do Paraná), O Boticário, Santander, Lojas Marisa, Grupo Pão de Açúcar entre outras. 

Nota do Editor:
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