sábado, 30 de novembro de 2019

Ensino Médio: Mas e a Leitura, Cálculo e Escrita?


Autor: Nelson Valente(*)

A reforma acaba tendo alguns pontos negativos quanto as disciplinas obrigatórias do Ensino Médio: disciplinas de Artes, Educação Física, Sociologia e Filosofia deixarão de ser obrigatórias o que pode causar uma desigualdade no aprendizado, sendo que acaba gerando também uma outra grande preocupação quanto ao vestibular futuramente.

Diversos especialistas argumentam que a proposta poderá levar a uma precarização do ensino, com a ênfase maior em uma formação tecnicista em oposição a uma formação crítica dos estudantes.

Outro argumento contra essa reforma diz respeito à falta de estrutura às escolas para que o ensino ganhe mais qualidade.

Especialistas, professores e profissionais da educação argumentam com frequência que falta estrutura para estudantes e professores.

É necessária formação para os profissionais, tecnologias que ajudem a trazer a prática para dentro da escola e o interesse nos estudos. 

Além disso, faltam condições de trabalho, por exemplo, tempo para que os docentes preparem as aulas e corrijam as provas, o que, de acordo com ele, embora garantido por lei (Lei do Piso), na prática isso acaba sendo feito em casa e nos fins de semana.

Com a reforma, o aluno poderá cursar mais matérias com as quais tenha afinidade e menos com as quais não tenha. 

O que pode contribuir na aproximação aos interesses dos alunos e com isso diminuir os índices de abandono e evasão atualmente verificados. 

A reforma dará aos alunos a possibilidade de cursar matérias técnicas no ensino médio, de modo que possibilitará um melhor preparo para o mercado de trabalho. 

Na flexibilização do novo modelo de Ensino Médio, metade da grade será comum e, para o restante das aulas, haverá a opção de aprofundamento em cinco habilitações: linguagens, matemática, ciências humanas, ciências da natureza e ensino técnico.

Português e Matemática continuam obrigatórias nos três anos do ensino médio. Artes, Educação Física, Filosofia e Sociologia, que haviam sido excluídas do texto original apresentado pelo executivo e motivado o movimento de ocupação das escolas, em 2016, passarão a ser obrigatórias apenas na BNCC, funcionando como matérias "optativas". O Inglês também será obrigatório a partir do 6º ano do ensino fundamental

Apesar de seus pontos positivos e negativos, devemos visualizar a reforma como uma forma de deixar o estudo mais prazeroso, porque é a partir do prazer nos estudos e oportunidades que milhares de jovens poderão no futuro trilhar em rumo dos seus sonhos.]

O currículo do novo Ensino médio será norteado pela base comum curricular (BNCC),onde tem como principais objetivos flexibilizar o conteúdo que será ensinado aos alunos que no lugar de ter 13 disciplinas ensinadas ao longo dos 3 anos: divididas nas áreas chamadas itinerários formativos que são: linguagens e suas tecnologias, matemática e suas tecnologias, ciências da natureza e suas tecnologias, ciências humanas e sociais aplicadas, formação técnica e profissional ,maior peso ao ensino técnico e aumento da carga horária progressivamente até atingir 1,4 mil horas anuais.

Vale a pena pensar no campo de atuação do pedagogo, que tem basicamente duas áreas a seguir: em espaços escolares (aulas na Educação Infantil e anos iniciais do Ensino Fundamental – 1º ao 5º ano; a coordenação pedagógica, a gestão escolar, a educação especial, a orientação educacional, a Educação de Jovens e Adultos) e em espaço não escolares (Pedagogia Hospitalar e Pedagogia Empresarial – hospitais, bibliotecas, brinquedotecas e museus, dentre outros). Considerando que em espaços escolares o pedagogo atua a partir da Educação Infantil até o 5º ano do Ensino Fundamental, a reforma do Ensino Médio tem, inicialmente, um impacto direto para o profissional da Pedagogia. Contudo, o desenrolar desse processo de mudanças poderá em algum momento influenciar o campo de atuação desse profissional. 

O desenvolvimento das competências socioemocionais na escola durante essa fase é considerado estratégico por especialistas. Essas habilidades auxiliam em processos como a formação de identidade – que atinge seu ápice entre os 14 e 18 anos –, na tomada de decisões e na transição para a vida adulta. Além disso, têm sido cada vez mais cobradas no acesso ao ensino superior.

O Ensino Fundamental é um dos níveis da Educação Básica no Brasil. O Ensino fundamental é obrigatório, gratuito (nas escolas públicas), e atende crianças a partir dos 6 anos de idade.

O objetivo do Ensino Fundamental Brasileiro é a formação básica do cidadão. Para isso, segundo o artigo 32º da LDBEN 9394/96, é necessário:

I - o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo;
II - a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade;
III - o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores;
IV - o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social.

Desde 2006, a duração do Ensino Fundamental, que até então era de 8 anos, passou a ser de 9 anos. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB 9395/96) foi alterada em seus artigos 29, 30, 32 e 87, através da Lei Ordinária 11.274/2006, e ampliou a duração do Ensino Fundamental para 9 anos, estabelecendo como prazo para implementação da Lei pelos sistemas de ensino O Ensino Fundamental passou então a ser dividido da seguinte forma:

- Anos Iniciais – compreende do 1º ao 5º ano, sendo que a criança ingressa no 1º ano aos 6 anos de idade e
- Anos Finais – compreende do 6º ao 9º ano.

Os sistemas de ensino têm autonomia para desdobrar o Ensino Fundamental em ciclos, desde que respeitem a carga horária mínima anual de 800 horas, distribuídos em, no mínimo, 200 dias letivos efetivos.

O currículo para o Ensino Fundamental Brasileiro tem uma base nacional comum, que deve ser complementada por cada sistema de ensino, de acordo com as características regionais e sociais, desde que obedeçam as seguintes diretrizes:

I - a difusão de valores fundamentais ao interesse social, aos direitos e deveres dos cidadãos, de respeito ao bem comum e à ordem democrática;
II - consideração das condições de escolaridade dos alunos em cada estabelecimento;
III - orientação para o trabalho;
IV - promoção do desporto educacional e apoio às práticas desportivas não-formais. (ART. 27º, LDBEN 9394/96).

A responsabilidade pela matrícula das crianças, obrigatoriamente aos 6 anos de idade, é dos pais. É dever da escola, tornar público o período de matrícula.

Além da LDBEN, o Ensino Fundamental é regrado por outros documentos, como as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental, o Plano Nacional de Educação (Lei nº 10.172/2001), os pareceres e resoluções do Conselho Nacional de Educação (CNE) e as legislações de cada sistema de ensino.

O objetivo do Ensino Fundamental Brasileiro é a formação básica do cidadão. Para isso, segundo o artigo 32º da LDBEN, é necessário:

I - o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo;

Leitura:

No mundo inteiro, o Brasil ocupa uma das posições mais negativas em matéria de analfabetismo.

Se uma criança não possui o gosto pela leitura na infância, na adolescência ou na fase adulta as coisas se tornarão difíceis. Criar o hábito (ou gosto) pela leitura é um primeiro passo que depende basicamente de pais e professores. 

Respeitar a nossa língua é uma forma de fazer educação.

Em primeiro lugar, pode-se registrar o fato, facilmente comprovável, de que nunca se escreveu e falou tão mal o idioma de Ruy Barbosa. Culpa, quem sabe, da deterioração do nosso sistema de educação básica.

Em segundo, o pouco apreço que devotamos ao gosto pela leitura.

Em terceiro lugar, para não ir muito longe, podemos citar a "contribuição" dos meios televisivos. Donos de uma força descomunal, salvo as exceções de praxe, como os programas gerados pela TV Cultura de São Paulo, praticam um magistral desserviço à educação brasileira.

Comunicadores falam mal, atores não se expressam adequadamente, dublagens são feitas de forma chula, programas infantis deseducam – o que se pode esperar desse triste universo?

Que se lê pouco, em nosso País, não há menor dúvida. Nossa média é de menos de dois livros por habitante. Nos países desenvolvidos é de 6 ou 7, como acontece na França e na Alemanha. Temos uma longa caminhada nessa área, até chegar, por exemplo, perto do que ocorre nos Estados Unidos, onde o consumo "per capita"de livros é de 10 por ano. Será que um dia chegaremos lá?

Os pais devem considerar o livro como um instrumento com que a criança tenha um relacionamento íntimo, no qual vai aprender lições que ajudarão muito na sua formação posterior. Se uma criança não possui o gosto pela leitura na infância, na adolescência ou na fase adulta as coisas se tornarão difíceis. Criar o hábito (ou gosto) pela leitura é um primeiro passo que depende basicamente de pais e professores. Há uma idade para isso, que infelizmente para os calouros não coincide com os seus 17 ou 18 anos. Começa antes, na altura ainda do ensino fundamental. Depois, é só alimentar a cabeça de bons produtos, a fim de que persista o interesse.

O bom professor, que estimula o gosto de ler, promove a leitura acompanhada, dialogada, comentada, leitura a dois etc., para identificar com os alunos a existência de uma obra de arte literária. Quando ocorre a descoberta, não há dúvida, estamos diante do intrincado e maravilhoso mundo da literatura.

O pré-escolar é o grande momento onde deve haver um estímulo à leitura. Essa relação deve ser bem natural, e de forma lúdica, tanto em casa quanto na escola. Mas temos uma grande preocupação com o que a criança realmente deseja. Afinal, o que ela pensa sobre os títulos que estão à sua disposição? Sendo ela a maior interessada, é justo que se faça um levantamento nacional sobre as aspirações do nosso público infanto-juvenil, isso evitaria o pseudodidatismo que pode ser detectado em muitas obras.

O que fazer para os estudantes leiam mais? 

A resposta não é tão simples. Os professores podem, discretamente, variar a oferta literária, entendendo que literatura não é língua somente. A leitura da obra literária, luxuosa ou não, é o ponto de partida ou regra de ouro do ensino de letras, que lidará com gêneros ou tipos conhecidos desde Aristóteles. Assim são criados os fundamentos literários para trabalhar o lirismo, a narrativa ( conto, romance, epopeia etc.) e outros tipos, como as memórias, o diário, a máxima, identificar o gênero é um primeiro e fundamental exercício, a que se deve somar o exame da estrutura da narrativa: enredo, personagem, tempo, ordem de relato, suspense, apresentação e desfecho.

A conclusão é óbvia: sem leitura, como escrever adequadamente? O primeiro passo é mesmo a entrega de voluptuosa aos livros, sobretudo os nossos clássicos, sem esquecer os jornais e revistas também podem ser fundamentais.

Morreu, neste início de século e de milênio, a educadora Branca Alves de Lima, aos 90 anos, deixando órfãos aqueles que acreditam que a alfabetização com cartilhas não só funciona muito bem como é mais simples do que essa "moda" atual do construtivismo.

A vida de Branca Alves de Lima, autora da cartilha ‘Caminho Suave’, é a síntese de um dos principais males – se não do principal mal – da Educação brasileira: o enorme desrespeito dos gestores e das políticas públicas educacionais em relação aos professores e professoras, aos estudantes e suas famílias.

O sucesso da cartilha ‘Caminho Suave’. ‘Eles (o governo, o MEC e o Guia do Livro Didático, o Conselho Nacional de Educação, as secretarias de Educação etc.) estão projetando, quase decretando, que os alunos não usem mais cartilhas.

Veja hoje o caso dos ciclos. Professores e professoras que há décadas têm na reprovação seu principal recurso de disciplina foram, de uma hora para outra, proibidos de usá-la. Mesmo com a proibição e à margem do Currículo Escolar, avós, pais, parentes, amigos e professores, indicam a cartilha ‘Caminho Suave’, na alfabetização de seus entes queridos.

Branca Alves de Lima concebeu, em meados do século passado, a cartilha ‘Caminho Suave’. Mais de 48 milhões dos brasileiros adultos de hoje foram alfabetizados por ela.

Escrita:

Vive-se o convencimento generalizado de que lemos muito pouco (o índice é de menos de 2 livros por ano). Nos últimos tempos, surgiu uma estranha doença entre nossos jovens: DE (Déficit de Escrita).

Se os alunos têm dificuldades de escrever e expor com clareza suas ideias é porque sua cota de informação e leitura é mínima, para não dizer inexistente.

Quando os jovens são chamados aos concursos públicos, o que, infelizmente, está ocorrendo com frequência cada vez maior, a falta de familiaridade com a norma culta da língua tem levado a resultados desastrosos, como assinalam os famosos Exames de Ordem da OAB.

As reprovações acontecem em massa (às vezes o índice é de 80%). Lê-se pouco e escreve-se mal, o resultado só pode mesmo ser deprimente. Isso infelizmente alcança também os exames para o magistério. É fácil imaginar o que ocorre quando o indivíduo se expressa verbalmente, em que as agressões ao vernáculo doem em nossos ouvidos.

Se os alunos têm dificuldades de escrever e expor com clareza suas ideias é porque sua cota de informação e leitura é mínima, para não dizer inexistente.

Ocorreu-nos proclamar da volta da caligrafia às nossas escolas. Nos bons tempos, ela era praticamente obrigatória, com os educandos levados a preencher as linhas paralelas com letras, sílabas e palavras que, como consequência, nos traziam o conforto de uma adequada expressão escrita.

Aos poucos, o hábito foi sendo superado e, para muitos, o exercício da caligrafia era a comprovação da obsolescência dos nossos métodos. Nada mais triste do que essa falsa visão de modernidade, hoje agravada pela fúria do acesso aos computadores de qualquer maneira.

O uso das máquinas (blackberry, por exemplo) acelera a resposta, dá uma agilidade aos dedos, mas não facilita o raciocínio, que requer mais tempo para que os neurônios se organizem, de maneira disciplinada e inteligente, nas caixas cranianas. Do jeito que as coisas caminham, e com essa velocidade coloca-se em risco a sobrevivência da nossa língua inculta e bela, como dizia, no começo do século passado, o inesquecível poeta Olavo Bilac.

Cálculo: 

O domínio de qualquer assunto – ou habilidade – requer doses gigantescas de informação, doses maciças de prática e, no caso de habilidades cognitivas superiores, boa capacidade de relacionar informações e de generalizar. 

A tabuada não é exceção – depois da ideia de quantidade, expressa pelos números, ela é a pedra fundamental do conhecimento matemático.

Nos países desenvolvidos os currículos dos dois primeiros anos escolares dão lugar de destaque à “fluência nos fatos fundamentais” da adição e subtração e, no 3º ano, da multiplicação e divisão. 

Isso é fundamental não apenas para fazer contas – mas para a criança poder resolver problemas "de cabeça".

Memorizar a tabuada é um pré-requisito importante e, em se tratando de pequenos números, mais eficiente do que recorrer a um dispositivo eletrônico para saber se 2 + 2 = 4. Além disso, como em qualquer outra situação, a memorização de fatos e procedimentos alivia a pressão sobre a memória – quando já sabemos a tabuada podemos prestar atenção no raciocínio. Sem ela a criança corre o risco de uma "sobrecarga cognitiva" - e aí ela não consegue fazer nem a conta nem pensar no problema a resolver.

O conhecimento matemático básico se dá numa sequência: o conhecimento de procedimentos, memorização e o conhecimento declarativo. 

O conhecimento de procedimentos significa aprender a contar. Nascemos com a capacidade para contar pequenas quantidades. 

Ampliamos um pouco esse conhecimento entre os quatro e seis anos de idade. 

Contar nos dedos e usar referentes concretos ajuda muito. Para isso as famílias e escolas funcionam bem. Mas precisamos de prática para aprender a somar e subtrair quantidades maiores. 

O segundo passo consiste em desenvolver alguma forma de lembrar desses fatos. O terceiro, conhecimento declarativo, refere-se à capacidade de recuperar direta e automaticamente esses fatos para "declarar" quanto é 2 + 2. Essas duas últimas etapas vêm sendo desprezadas.

*NELSON VALENTE



-Professor universitário;
 -Jornalista e 
 -Escritor








Nota do Editor:


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