quinta-feira, 2 de julho de 2015

Dias de Incertezas




As avançadas conquistas da Ciência e da tecnologia alcançam a cada dia o auge de gloriosas realizações proporcionando às criaturas um ‘modus vivendi’ pleno de possibilidades. Nada obstante, crescem o número de existências vazias de idealismos, vazias de realizações profissionais e afetivas, fazendo que as criaturas caminhem tropegamente pelas vias torpes dos distúrbios depressivos, da inapetência ou da bulimia, da dependência química, dos alcoólicos e/ou do tabagismo, destruidores todos da vida orgânica pelo suicídio indireto; sem esquecer que os suicídios diretos também estão presentes nas mentes desiludidas e desesperançadas, representando um mal que a fraternidade, a compaixão, a indulgência não conseguiram erradicar porque, talvez, sejam estas sublimes virtudes, ainda desconhecidas e escassas nos corações de muita gente.

Enxameiam nas manchetes sociais o exibicionismo dos poderosos e da sensualidade e a loucura pelo prazer que arrebatam as massas exaurindo-as em espetáculos de luxúria, ao tempo em que as páginas criminais anotam a ganância de poder, a corrupção, a libertinagem, o fratricídio, dando-nos a entender que este ocorre toda vez que um ser humano ceifa a vida de outro ser humano, irmão seu.

Em toda parte, vivem-se ameaças de violências, fundamentalismos, intransigências e belicosidades que persistem, fazendo que nosso Planeta Azul, seja tingido das cores sombrias nas arenas da criminalidade e hediondez permanentes. Os atentados suicidas, terroristas e as guerras abrem os porões da perversidade humana, surpreendendo-nos diante de dantescos espetáculos, aparvalhando-nos.

Refugiados chegam aqui e alhures vindos aos milhares fugindo de suas pátrias devastadas pela miséria, pela fome, pelo desemprego, pela violência de ditadores cruéis ou de grupos terroristas e fundamentalistas que desconhecem o valor da vida e o respeito que se deve a própria quanto à vida alheia.

Histórico é que na Terra foram vividos dias de violências atrozes e inseguranças atordoantes, mas, é justo nos questionemos: já se viveu tanto desencanto e tanta falta de segurança como em nossa atualidade?

Aglomeram-se a olhos vistos os partidários do ‘Intolerantismo’ uma doutrina que tem por princípio a intolerância religiosa, mas, que amplia o seu leque distribuindo intolerâncias e intransigências por toda parte. Isto pode até nos parecer algo muito antigo e que não deveria ter mais lugar no mundo. Realmente é história antiga, infelizmente, para infortúnio da Raça Humana ainda vige nos tempos modernos.

Hoje, como há muito tempo, nossos dias estão amargurados e angustiosos pelas tormentas da intolerância. As notícias dão-nos conta dos atentados terroristas que avassalam as terras da Europa, da África e da Ásia Ocidental.

Há poucos dias, noticiavam a intolerância em Terras brasileiras realçada pela ancestralidade da prática das ‘pedradas’ contra praticante do sincretismo afro-religioso. Em dias precedentes a isto, foram registradas blasfêmias por meio de encenações públicas e vexatórias usando-se em vão o ‘nome do Cristo’. Ele, o Justo Cordeiro de Deus, cuja única ‘bandeira’ é a do Amor, a do Respeito, a da Paz!

E mais, foram ouvidas heresias nas falas praticadas por autoridades, na desinteligência de suas discussões trazendo de volta as imagens da ignorância a respeito do personagem bíblico Judas Iscariotes e do Cristo de Deus, como se se pudesse realizar comparações entre as estrelas brilhantes do firmamento e as minúsculas pedrinhas dos grãos de areia do mar.

Ainda, surtiu efeito até em artigo no meio jurídico, as discussões radiofônicas transmitidas em ondas médias e curtas e nas redes sociais entre ditos ‘pastores’ e homens públicos donos do microfone. Como se já não bastassem noticiosas sobre as contendas e os crimes cometidos diuturnamente. Tudo isto para confundir as massas não habituadas ao cultivo do pensamento. E prossegue a insegurança nas praças, nas ruas, nas cidades ou nos campos, nos locais públicos e nas residências perturbando os sentidos de quem não sabe o quê fazer, que providências tomar, para onde fugir ou a quem recorrer, uma vez que as próprias autoridades se mostram incompetentes e se perdem nos devaneios de uma ingovernabilidade que se avizinha.

Pareço demasiado pessimista?! Ou seria a constatação de um realismo que tememos enxergar?!

Enxergar sim, pois, é diferente de ver. Muitas vezes, olhamos sem ver. Ouvimos sem escutar. Falamos sem pensar. Ter ‘olhos’ de ‘ver’, ‘ouvidos’ de ‘ouvir’ é importante para saber e entender o que se ‘vê’, o que se ‘ouve’, para ‘falar’ com a razão do intelecto iluminado pela emoção de quem realmente ‘sente’!

Sou otimista porque acredito que há luz no fim do túnel! Existe um porto seguro e um caminho de retidão para os seres aturdidos quase em decomposição moral, mas, que jamais soçobrarão se abraçarem a proposta do Amor Incondicional como solução para todos os problemas. Esta é a diretriz do perseguido de todos os tempos da Era Cristã, O Cristo Jesus, em Seu Evangelho redentor redivivo desde há dois mil anos. Esta é a ‘bandeira’, a do Amor universal.

Não importam as crenças individuais ou coletivas, não importam as etnias, não importam culturas, tradições, a língua falada, o que realmente importa é o Amor universal tão malbaratado pelas criaturas.

O Senhor Jesus, Judeu de nascimento, não fundou nenhuma religião e nada escreveu. Exemplificou a tolerância ensinando a compaixão e vivenciando a virtude da indulgência à qual nos legou em Sua misericórdia, ensinando-nos que “o verdadeiro amigo é aquele que dá a sua própria vida em benefício do seu amigo”. E assim o fez. Entregou-se em holocausto, diante da ignorância da criatura humana, porque sendo o Amigo Maior da Humanidade, Ele não tinha prevenções contra os homens, nem preconceitos, nem medos, e queria que todos, indistintamente, aprendessem a viver. Desde então, nós, os Cristãos, passamos a chamar-Lhe “O AMIGO INCONDICIONAL” de todos os dias e de todas as horas em nossas vidas.

Para nós, no Ocidente, cujas origens e tradições remontam-se ao berço da Civilização Judaico-Cristã, é triste saber estarem os Cristãos ainda perseguidos mesmo nos tempos modernos e recordar que num daqueles locais atingidos pela insânia terrorista, sem olvidarmo-nos dos outros locais e vítimas atingidos, mas, na França, precisamente na região de Lyon, uma das maiores cidades francesas, não é defeso recordar que lá foi também o berço de mártires do Cristianismo, do amor, do bem e da paz!

Fundada em 43 a.C. como uma colônia romana, numa colina gaulesa, Lyon foi denominada a princípio ‘Lugduno’ – ‘Lug’ do deus Celta ‘Lugus’ – ‘luz’ do irlandês antigo ‘Lugh’, igualado pelos romanos a Mercúrio associado ao deus grego Hermes, o deus da venda, do lucro e do comércio. E ‘duno’ que significa ‘colina’ ou ‘forte’. Daí ‘Lugduno’ ou “Monte de Luzes”. Agripa, reconhecendo a posição privilegiada de Lyon localizada entre dois rios navegáveis, Ródano e Saône, transformou-a na capital da Gália Romana.

Aludem-se às Gálias as antigas tradições dos Druidas, os Sacerdotes do povo Celta, que cultuavam a Natureza, veneravam Deus, o qual era denominado ‘Fraternitate’ do latim, “Fraternidade”. Eram vegetarianos, criam na Imortalidade da Alma e na doutrina das Vidas sucessivas.

Os Cristãos em Lyon foram perseguidos por professarem sua religião e fortalecidos na fé, por amor à Verdade, transmutaram-se em grandes Mártires, o que deu à bela cidade francesa a denominação de ‘Cidade dos Mártires’. No ano 177 d.C. as perseguições desencadeadas com toda maldade de recursos atingiram-nos e suas presenças não eram toleradas em parte alguma, nem nos banhos, nem no foro, nem no mercado. Contra eles levantaram-se acusações e infâmias dizendo-se que se banqueteavam com carne humana, enfim, que praticavam incestos, infanticídios, e toda sorte de crimes.

As calúnias espalhadas incitaram o povo contra os perseguidos que em apupos vociferavam impropérios. A cada dia, mais Cristãos eram aprisionados, submetidos a insultos e humilhações públicas, porém, a exemplo do seu Cristo, tudo suportavam com admirável resistência.

Narra-se que um homem piedoso, Vétio Epágato, assistia a um dos interrogatórios e não podendo presenciar tamanha iniquidade, solicitou realizar a defesa dos acusados, comprometendo-se a provar que não mereciam a pecha de criminosos que lhes era imputada. Vétio era um Homem de vida austera e desde muito jovem, abraçou a Boa Nova do Cristo de Deus, a mensagem do Amor e da fraternidade Cristãs, por isto mesmo, teve recusada a sua solicitação pelo preposto do Imperador, de defensor dos infortunados. Quando lhe perguntaram se era Cristão, recordando-se da ‘negação’ de Pedro, o Apóstolo, Vétio não titubeou em afirmar a sua fé, assim, foi lançado ao rol dos demais prisioneiros. Com ironia, o apontavam, dizendo: “Vejam aí o advogado dos cristãos”. Mas, como a recordar o martírio dos Cristãos no Circo romano, os Cristãos de Lyon, mantinham-se impertérritos na fé mesmo padecendo os tormentos que se lhes infligiam.

Os algozes daqueles mártires acreditavam estar destruindo as sementes da Boa Nova do Amor Universal e jamais poderiam imaginar que aqueles que entoavam em coro – “Ave, Cristo! Os que aspiram à glória de servir em Teu Nome Te glorificam e saúdam”! – realmente viveriam para sempre não apenas nos anais da história mundial, mas, também no íntimo de cada coração de boa vontade, no caráter, na conduta, na atitude, no exemplo e no serviço pessoal incessante, únicos recursos com os quais poderemos garantir a eficiência de nossa cooperação por um mundo melhor, em companhia Dele, o Cristo de Deus, na edificação do Reino do Amor nos corações dos homens.

Urge para a Humanidade a mudança de atitude mental e o despertar da consciência moral mediante a reflexão em torno do objetivo essencial da existência e de como alcançar a diretriz para o comportamento ético, saudável e feliz! É preciso multiplicar o número das criaturas de boa vontade! Os homens e mulheres de bem, abnegados servidores e missionários do amor, num esforço extraordinário entregando-se sem pechas para salvar vidas, como o fazem os Médicos Sem Fronteiras/MSF, que enfrentam as enfermidades contumazes que assolam as populações carentes enquanto outros tantos preferem dizimá-las.

Apontam as estatísticas que setenta por cento das pessoas no mundo estão em algum estágio de depressão. É também grande o número de suicídios inclusive entre os trabalhadores da saúde, médicos e enfermeiros. Estas e outras dores no mundo fazem-nos crer que é preciso vibrar no diapasão do Evangelho do Amor.

O egoísmo, chaga moral da humanidade, é um estado de estupidez da criatura que cria muitos problemas para si e para outrem porque não se permite ‘saber’, conhecer a Vida e autoconhecer-se para agir com lucidez e retidão nas veredas da justiça, do amor e da paz!

Que a criatura se permita ser “lucífero” – aquele que traz luz. “Vós sois Filhos de Deus, portanto, filhos da Luz. Andai, pois, como Filhos da Luz!”.

Rabindranat Tagore anotou num pensamento luminoso:
“O MUNDO DEPOIS DE TI, DEVE SER ALGO MELHOR, MAIS PURO E MAIS FELIZ, PORQUE TU VIVESTE NELE”.

Não se preocupe! Não se atormente! Viva! Seja responsável e feliz, porque Deus escolheu você!

Postado no dia 30.06.2015 em Grupomoneybr… Painel Express
(https://grupomoneybr.wordpress.com)


Por MÔNICA VENTURA SANTIAGO













-Advogada especializada em Direito de Família e Sucessões, Direito Internacional Público e Direto Administrativo.

5 comentários:

  1. Obrigada, Raphael Werneck!
    É uma honra figurar em seu excelente Blog com nosso artigo!
    Espero que seus leitores se sintam agraciados e felizes com tantos bons artigos de bons articulistas que proporcionam boas reflexões!!
    Paz e bem!!

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  2. Hoje a sessão merece pipoca e guaraná pra ler essa seção. Tá quente! Parabéns, Werneck! ...só um aviso a Fernando: Na próxima, não esquece o Cazuza, tá?

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    1. Oi Monica, o problema é que são muitos os cantores que devemos homenagear, más o Cazuza está citado no fim da Postagem, dá uma conferida.

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