Autor: Luís Lago(*)
Nos encontramos em um período sem
precedentes na história.   Estamos
atravessando o temporal de uma pandemia que, 
em todos os seus aspectos,  é
distinta das que a humanidade já vivenciou.
Neste momento em que o
confinamento,  devido à essencial
quarentena,  está afetando a pelo menos
60% da população mundial,  os denominados
transtornos físico-psíquicos,  ou "afecções mentais",  tais como  ansiedade, depressão,  entre outras, 
estão sendo diagnosticadas,  em
larga escala,  durante a pandemia do novo
coronavírus.  
Tal fato tem sido observado,  seja em quem não tinha tais "enfermidades",  seja em quem tinha
propensão de as ter,  ou de quem já as
tinha,  e acentuou-se.  
 O confinamento compulsório,  o medo de ser infectado,  a preocupação consigo próprio,  e  com
os mais próximos,   tudo isso ativa um
alerta de perigo em todos nós.   O organismo
humano  (ou de qualquer outro
animal),   responde ao perigo lançando
algo como uma faísca:  – uma descarga
hormonal, que pode levar a sérios e graves problemas. 
Troquemos em miúdos:
– Quando o indivíduo está diante
de uma ameaça à sua vida,  é ativado o
que a ciência denomina de mecanismo de luta ou fuga,   Esse mecanismo nos foi  herdado dos nossos mais remotos
antepassados,  e  se traduz hoje numa palavra corriqueira:  ESTRESSE.  
Tomemos um exemplo: ―  Há centenas e mais centenas de milhares de
anos atrás,  o homem primitivo andava
pelas savanas em busca de alimentos;   e
ao se defrontar com uma ameaça em seu no caminho,  tinha que se decidir entre "partir para cima" (enfrentamento),  ou "sair correndo" (fuga). 
Essa  é a reação universal que deixa o organismo
preparado para agir.   
E uma vez mais, troquemos  em miúdos: 
― 
O cérebro lança um comando para uma glândula que começa a produzir
cortisol,  o famoso "hormônio do
estresse".   Isso,  por sua vez, 
faz o coração "disparar",  com o
objetivo de levar mais sangue para os músculos "trabalharem".    A respiração se acelera na tentativa de
captar mais oxigênio:  e "estoques" de
energia são liberados para servir de combustível. 
Graças a esse sistema veloz e afinado,  foi que a nossa espécie sobreviveu às
adversidades,  desde as mais "corriqueiras",  e ou as mais severas.
Embora o medo tenha sua função
biológica,  quando sai do controle em
situações como essas que estamos atravessando;  
quando esse mecanismo é acionado repetidamente,  torna-se prejudicial ao  sistema imunológico,  aumentando a morte celular,  em particular,  os neurônios.
O problema é que o inimigo de
2020 não tem rosto,  (não dá para "fugir
dele"). E,  como esse inimigo pode estar
em qualquer lugar,  ele vem a representa
um perigo permanente,  o que dispara o
gatilho da tensão a todo e qualquer instante. 
Em paralelo ao coronavírus,  estamos vendo surgir uma PANDEMIA DE MEDO E
ESTRESSE.   
Eis o começo de uma complexa
jornada mental,  que pode desembocar em
crises agudas e severas de ansiedade,  e
depressão.   
Além disso,  outros transtornos como a claustrofobia , por
exemplo,  podem ser acentuados com a
obrigatoriedade de se permanecer em ambientes fechados.
O mesmo agravamento, ou
potencialização de sintomas, pode ocorrer com os outros quadros psíquicos, tais
como o TOC (Transtorno obsessivo-compulsivo) e o TDAH (Transtorno de déficit de
atenção e hiperatividade).  
Por fim, ressalta-se que todos
nós estamos vivenciando um momento em que a atenção para o comportamento
torna-se redobrado,  e a necessidade de
nos comportarmos buscando uma uma reflexão, 
uma auto-análise,  é crucial para
que possamos evitar danos maiores em nossas vidas,  e nas das pessoas que amamos.   
*LUIS LAGO



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