domingo, 30 de setembro de 2018

Suicídio: o que é que você anda escutando por aí?





Há momentos em que a dor é tão grande, insuportável e desesperadora, que unida ao desamparo pode levar a pessoa a total desesperança, de tal modo que acabar com a vida parece ser a única saída. O que muitas vezes a pessoa não consegue elaborar é que não é com a vida que se deseja acabar, mas com a dor; e que para isso, há alternativas.

Tânia Paris, Presidente da ASEC (Associação pela Saúde Emocional de Crianças) ressalta “suicídio não é um ato de coragem, nem um ato de covardia. Suicídio é um ato de comunicação de um enorme sofrimento; não a dor de uma doença física, mas dor ‘no coração’. E é por ter doído demais que a pessoa não aguentou e matou… a dor. Só que pensou que tinha que ir junto para acabar com ela. Não precisava ter sido assim”. [1]

O suicídio é um fenômeno presente ao longo de toda a história da humanidade, em todas as culturas [...] resultado de uma complexa interação de fatores psicológicos e biológicos, inclusive genéticos, culturais e socioambientais [...] é a consequência final de um processo [...] e o tabu, assim como a dificuldade em buscar ajuda [...] e a ideia errônea de que o comportamento suicida não é um evento frequente condicionam barreiras para a prevenção. [2]

Entre os fatores de risco encontra-se: Doenças mentais; Aspectos psicológicos, como perdas recentes, desesperança, desespero, desemparo, impulsividade; História familiar e genética; Idade; Gênero; Fatores sociais, por exemplo, ter poucos laços sociais, estar desempregada (o), com problemas financeiros – intensificado, segundo a ABP “principalmente nos três primeiros meses da mudança de situação financeira ou de desemprego” [2] – e condição de saúde limitante, por exemplo, doenças degenerativas.

DADOS IMPORTANTES:

A cada 40 segundos uma pessoa comete suicídio, e a cada três segundos uma pessoa atenta contra a própria vida. As taxas de suicídio vêm aumentando globalmente [...] o Brasil é o oitavo país em número absoluto de suicídios [...] entre 2000 e 2012 houve um aumento de 10,4% na quantidade de mortes, sendo observado um aumento de mais de 30% em jovens. [2]

O suicídio representa a terceira principal causa de morte entre jovens no pais, envolvendo motivações complexas que pode incluir problemas emocionais, sociais e de rejeição familiar [...] é também elevado entre idosos, devido a fatores como: perda de parentes e enfermidades degenerativas. Há um risco maior entre 15 e 30 anos e acima de 65. [2]

Os óbitos por suicídio são em torno de três vezes maiores entre os homens [...] [por outro lado] as tentativas de suicídio são, em media, três vezes mais frequente entre as mulheres. [2]

Apesar de homens tentarem menos, eles são as maiores vítimas letais, por usarem métodos mais agressivos. [3]

ALGUNS MITOS E VERDADES SOBRE O SUICÍDIO:

Falar sobre suicídio aumenta os riscos

Assim como falar sobre suicídio não só não aumenta o risco como é dever da mídia e das (os) profissionais de saúde abordar o tema levando informação à população, “falar com alguém sobre o assunto pode aliviar a angustia e a tensão que esses pensamentos trazem”. [2]

Uma vez suicida sempre suicida

Já escutou algo assim? Esse é um dos mitos; inclusive, bastante preconceituoso. “O risco de suicídio pode ser eficazmente tratado e, após isso, a pessoa não estará mais em risco”. [2]

Quem fala não faz; só quer chamar a atenção

É lugar comum dizer que a pessoa que ameaça ou tenta suicídio quer “apenas” chamar a atenção. De fato, ela quer chamar a atenção, mas não no sentido depreciativo que se costuma dizer. Ela deseja chamar a atenção para a sua tristeza. Busca comunicar que está no limite e não vê possibilidades de mudanças. É um grito de socorro, para que as pessoas ao redor percebam a situação em que ela se encontra. [1]

A maioria dos suicidas fala ou dá sinais sobre suas ideias de morte. Boa parte dos suicidas expressou, em dias ou semanas anteriores, frequentemente aos profissionais de saúde, seu desejo de se matar. [2]

Se tudo vai bem, está tudo bem

Se de repente tudo parecer ir bem demais, desconfie! Se uma pessoa que pensava em suicídio de repente, parece tranquila, aliviada, “não significa que o problema já passou. Uma pessoa que decidiu [cometer suicídio] pode sentir-se “melhor” ou sentir-se aliviada simplesmente por ter tomado a decisão de se matar”. [2]

Prever exatamente quem cometerá suicídio e prevenir que a pessoa atue, nem sempre é possível, porém, há maneiras de tentar reduzir os riscos, sendo uma delas, através da informação. A informação leva a familiares, pessoas conhecidas e amigas (os), conhecimento não só dos riscos e mitos, mas também dos fatores protetores: “autoestima elevada; bom suporte familiar; laços sociais bem estabelecidos com família e amigos” [2] [e profissionais da saúde, são de extrema importância].

Já dizia Freud: como fica forte uma pessoa quando está segura de ser amada. 

Fontes consultadas:

[1] CVV Belém
[2] ABP Brasília, 2014
[3] Universa UOL
https://universa.uol.com.br/noticias/redacao/2017/11/15/viver-sem-sofrer-e-uma-utopia-diz-especialista-em-suicidio.htm

POR KARLA KRATSCHMER




















-Atua como psicóloga de orientação psicanalítica, e sua atividade clínica abrange o atendimento psicoterápico para adultos e adolescentes, buscando sempre manter a visão da pessoa como um ser humano inserido em um contexto biopsicossocial.
Contato: (11) 9-9613-5444 | www.karlak.com.br

Nota do Editor:

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