sexta-feira, 23 de novembro de 2018

Escola & Família

Parceria entre escola e família sempre foi importante e eficaz; no entanto, esse assunto tornou-se polêmico em virtude do “jogo de empurra” que se vê atualmente, pois os pais, apesar de restrições às interferências na educação dos filhos, anseiam que o professor faça o que eles, por falta de tempo e questões estruturais da família, não fazem.

Poucos valorizam o contato com a escola, principalmente na participação em reuniões pedagógicas, momentos para inteirar-se das dificuldades e desempenho do filho, e de conversar sobre resultados.

Observa-se que a família tende a deixar para a escola a responsabilidade da educação das crianças, não está havendo, de fato, uma integração entre escola e família no que concerne às responsabilidades de cada lado, que devem ser complementares: a eficácia do professor aumenta quando a criança já chega à escola com bons hábitos, e ela aprende melhor na escola quando há estímulos vindos da família, independente do nível socioeconômico.

O aluno clama por direitos, mas pouca importância dá aos seus deveres, não sabe lidar com frustrações. Os pais exigem da escola parcela da formação que não cabe a ela, esquecem que são responsáveis por mostrar o caminho da persistência, da hierarquia e da disciplina, o que tornaria mais fácil o papel reservado à escola, instituição que tem como vocação transmitir conhecimentos, facilitar a aprendizagem, ajudar a desenvolver a criatividade, estimular o espírito crítico, mostrar a necessidade de adquirir conhecimentos e técnicas que farão dos alunos cidadãos capacitados para ter sobrevivência digna e relevante, tanto individualmente quanto em sociedade. E, obviamente, ser valiosa ferramenta de reforço de conceitos que devem ter sido transmitidos às crianças por seus pais.

É dever deles – e se possível dos demais membros da família – a expressão do amor, e isso influi diretamente no resultado escolar da criança. São dois elementos que se somam, lembrando que atividades conjuntas são importantes ferramentas para a integração das tarefas desses dois lados, que formam as crianças. 

Na sociedade atual pais e escolas são peças insubstituíveis. É época de falta de oportunidades, índices alarmantes de violência e pobreza, diferenciação de classes, falta de tempo, conceito de família em redefinição, desigualdade que causa isolamento social. Se os pais e a escola interagirem de forma contínua conseguirão resolver os problemas, considerar as causas dos conflitos e dificuldades, para certamente encontrar, em conjunto, soluções que favoreçam a família, os educadores, a instituição escolar e, principalmente, os alunos. Não pode a escola fazer de um jeito e a família de outro, senão o maior prejudicado acaba sendo quem deveria ser preservado: o aluno. Essa é a razão de ser da parceria entre a escola e a família.

Pais que enxergam os professores como aliados, e professores que veem os pais potencializando o rendimento escolar, terão maiores possibilidades de conversar abertamente sobre os problemas dos alunos e buscar soluções. 

Muitas vezes, a dificuldade diante da falta de estudo dos pais impede que eles ajudem os filhos nas tarefas escolares, mas isso não impede que participem em atividades de música, esportes, ouçam leituras.  Eles podem dialogar, conversar, doar-se. As brincadeiras, o afeto e o elogio são incentivos, e para isso não é necessário ter estudo. Essas atitudes facilitam de sobremaneira a integração com a atividade escolar.

Pais têm dificuldade para atender todos os afazeres da casa e cumprir sua jornada de trabalho – ou de busca de trabalho – e essa realidade pode afetar participação mais ativa no cotidiano da criança e nos estudos. Entretanto, faz-se necessário que se esforcem, de forma a viabilizar a parceria com a escola. Nenhum dos lados pode se isentar da responsabilidade que lhe compete. 

Os pais que se organizam para depois das aulas verificarem os deveres escolares podem mostrar que estudar fora da sala de aula é bom, e os professores perceberão melhora no comportamento do aluno e maior facilidade em seu aprendizado.

Cumprir a proposta pedagógica apresentada para os pais é obrigação da escola. Pais e escola na verdade devem formar uma equipe que trabalhe baseada em colaboração e compartilhamento, lembrando que princípios e valores de ambos os lados precisam ser compatíveis. 

O professor é fundamental para que a criança tenha êxito na realização de suas escolhas profissionais, mas alunos são passageiros em sua vida, ao passo que a família é para sempre.

Nas últimas pesquisas, o Brasil é considerado o país onde os professores são os mais desvalorizados do mundo. Cabe também aos pais empenharem-se na luta para reverter esse processo e dar as mãos aos docentes, para que juntos possam cobrar uns dos outros, e das autoridades, o que é devido.

Após décadas de intensa liberalidade, quando o “sim” era quase sempre a única resposta oferecida às crianças, a realidade atualmente vivida mostra que pais e escolas precisam voltar a saber dizer “não”, e, mais do que isso, como dosar com o “sim” e quando isso pode ser feito. É a dinâmica do aprendizado de quem precisa ensinar. 

Da harmonia entre pais e escolas depende o futuro de nossa nação e da sociedade em geral.



POR GENHA AUGA


-Bacharel em Comunicação Social, com Habilitação em Jornalismo Impresso -(MTB: 15.320);
-Cronista do Jornal online “Gazeta Valeparaibana” - desde fevereiro de 2012;e
-Direção Geral da Trupe de Teatro “Seminovos” – Sede de ensaios no Teatro João Caetano de São Paulo (Secretaria Municipal de Cultura-Prefeitura de São Paulo) – autora de textos e roteiro - desde 2015 com apresentações em Teatros, CEUs, Saraus, Hospitais, Escolas, Residenciais para Idosos, Centros de Convivências, Eventos, Instituições de Apoio às Crianças Especiais.

Nota do Editor:

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3 comentários:

  1. Muito bem colocado, Auga! Texto objetivo e claro, abordando todos os aspectos desse tema fundamental para o presente e o futuro de nossa gente!

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  2. Muito bem colocado, Auga! Texto objetivo e claro, abordando todos os aspectos desse tema fundamental para o presente e o futuro de nossa gente!

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  3. MT bem elaborado o se texto. Parabéns

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