sábado, 13 de fevereiro de 2021

Empatia em tempos de cólera




 Siomara Campolina(*)


Fácil? Extremamente fácil? E pra você? Pra mim? Pra todo mundo? Em tempo de tamanha impaciência, a empatia é chave de um baú onde há um tesouro que precisamos aprender muito a usar.

Desde o nosso último encontro muitas coisas aconteceram.

Comércios abriram, fecharam, reabriram.

Praias lotaram, foram cercadas, aglomeradas.

Hospitais superlotaram.

Ônibus pararam, queimaram, aumentaram.

Jogos de futebol aconteceram, títulos comemorados, agressões mataram.

Escolas fechadas.

Eventos aconteceram clandestinamente ou nem tanto.

Vacinas chegaram.

Tantas coisas aconteceram na minha vida e na vida de vocês.

Uma palavra caminhou e caminha em muitas conversas, EMPATIA. Muitos a colocam como elo do que foi para o que será.

É dela que vamos falar. Não de uma forma complexa onde sempre temos que ilustrar, mas da forma que muitos vão entender, com FÀBULAS.

Vamos relembrar ou conhecer a história do Velho, o menino e o burro.

JEAN DE LA FONTAINE (1621-1695)

Um velho resolveu vender seu burro na feira da cidade.

Como iria retornar andando, chamou seu neto para acompanhá-lo. Montaram os dois no animal e seguiram viagem.

Passando por umas barracas de escoteiros, escutaram os comentários críticos:

"Como é que pode, duas pessoas em cima deste pobre animal! "

Resolveram então que o menino desceria, e o velho permaneceria montado. Prosseguiram…

Mais na frente tinha uma lagoa e algumas velhas estavam lavando roupa. Quando viram a cena, puseram-se a reclamar:

"Que absurdo! Explorando a pobre criança, podendo deixá-la em cima do animal."

Constrangidos com o ocorrido, trocaram as posições, ou seja, o menino montou e o velho desceu.

Tinham caminhado alguns metros, quando algumas jovens sentadas na calçada externaram seu espanto com o que presenciaram:

"Que menino preguiçoso! Enquanto este velho senhor caminha, ele fica todo prazeroso em cima do animal. Tenha vergonha!"

Diante disto, o menino desceu e desta vez o velho não subiu. Ambos resolveram caminhar, puxando o burro.

Já acreditavam ter encontrado a fórmula mais correta quando passaram em frente a um bar. Alguns homens que ali estavam começaram a dar gargalhadas, fazendo chacota da cena:

"São mesmo uns idiotas! Ficam andando a pé, enquanto puxam um animal tão jovem e forte!"

O avô e o neto olharam um para o outro, como que tentando encontrar a maneira correta de agir.

Então ambos pegaram o burro e o carregaram nas costas!

 

Aos personagens é imposto que sempre devem ter empatia.


Mas onde está a empatia? Em todos? Em nenhum dos personagens?


Acreditando fazer o melhor, acabam por ver imposto a eles os desejos, o cansaço, o caminhar.


Me disseram que devemos ter empatia para não ter antipatia, então, onde encontramos a essência emocional, onde encontramos a Empatia: No velho? No menino? No burro? Nos escoteiros? Nos jovens? Nas velhas? Nos homens?


A chave do tesouro é encontrar empatia em todos e agir por ela.


Viver empatia não é só uma palavra, é princípio de mudança. Perceber que vivemos ligados e agimos em nosso nome, em nome do outro e o outro em nosso nome. Não devemos agir no piloto automático que as vezes nos leva a acreditar que o agir deve ser olho por olho, dente por dente...isso já passou, já somos melhores. É hora de ter a real empatia pois ainda não a compramos em latas.


Espero encontrar vocês em momentos melhores e eles virão!


Um abraço fraterno. Pensem nisso!

*SIOMARA SIDNEY CAMPOLINA













-Graduada em Pedagogia pela FAFI-BH;atual Uni - BH (1996);
-Especialização em Supervisão e Coordenação Pedagógica pela PUC-MG (2004);
-Atuação em consultorias;
-Experiência com capacitação de professores do Ensino Infantil, Fundamental e Formação de Professores de escola pública e privada;
- Experiência de mais de 30 anos  em escolas públicas e particulares e
- Atualmente é professora do Colégio Alumnus de BH.

Nota do Editor:

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