domingo, 18 de dezembro de 2022

A importância do brincar para a criança


 Autora: Bruna Vieira(*)

A brincadeira é tão importante para a criança, quanto o trabalho é para o adulto.


A personalidade de uma criança é formada e influenciada pelo contexto em que ela está inserida, ou seja, é por meio da família, da escola e também da sociedade que ela desenvolve os aspectos primordiais do desenvolvimento humano. Compreende-se que os fatores cognitivos, comportamentais e emocionais são diretamente interligados pelo o meio externo.

Dessa forma, a criança como ser em construção necessita que seus pais e cuidadores a proporcionem os cuidados básicos, porém, essenciais, tais como: higiene, alimentação, educação, respeito e amor.

Apesar de a maioria dos pais apresentarem muitas vezes esses cuidados essenciais, existe ainda, na sociedade uma desvalorização da infância. Obviamente, já evoluímos muito, nesses aspectos sociais, pois, por muitos anos, nos séculos passados, a criança era vista como uma espécie de mini adulto, ela era colocada em atividades perigosas, trabalhava em fábricas e em outras atividades, levavam uma rotina intensa e insalubre, e não tinham acesso à educação, nem a respeito e tão pouco, a uma infância adequada.

Apesar de já termos vencido boa parte do trabalho infantil no Brasil e no mundo, há ainda, uma desvalorização da infância, de modo que, a brincadeira é vista como desnecessária e substituída por smartphones, tv e computadores na rotina das crianças.

A criança já nasce com uma predisposição para o brincar, pode se perceber isso na primeira infância, pois o bebê começa a brincar sozinho, manuseando as partes do próprio corpo, colocando seus dedinhos das mãos e pés na boca, também brinca com os ruídos que emite, cantarola e acha graça de si e dos sons manifestos. A boca começa a representar um de seus primeiros brinquedos, evoluindo até que a mesma comece a engatinhar livremente pelo ambiente, explorando os locais em que está inserida e tendo contato com os objetos da primeira infância: chocalhos, objetos musicais e acessórios que acionem luzes ao ambiente.

A brincadeira favorece e incita o exercício da cognição na criança, porque a estimula a ser mais ativa e criativa, de igual forma possibilita o relacionamento com outras pessoas.

A arte do brincar deixa a criança mais feliz, tornando a mais propensa a ser bondosa, solidária e amorosa. Sobre essa perspectiva é entendido que o primeiro grupo de apoio que a criança possui é a família, de modo que é a partir desse contato primário, que adiante o convívio se expande e posteriormente o infante buscará parceiros para as brincadeiras coexistentes. Esse processo ocorre porque o brincar possui etapas de desenvolvimento cognitivo, emocional e social.

Quando a criança começa a brincar com amigos, ela começa a desenvolver a concepção de grupo e compreende os prazeres e frustações da brincadeira acompanhada, essa ação proporciona o crescimento emocional. Ela aprende a esperar por sua vez, a se relacionar de forma mais ordenada, dando início ao aprendizado sobre regras e o cumprimento de normas. Ela também, aprende a dividir e a compartilhar os objetos, introduz o respeito aos direitos dos outros, assim como as regras estabelecidas pelo grupo, através de jogos e atividades lúdicas, brincando a criança estará melhorando a sua saúde física, emocional, intelectual, mental e social.

É a partir do hábito da brincadeira que a criança dá início ao desenvolvimento das capacidades e aptidões, pois a mesma começa a comparar os fatos, analisar as situações, nomear lugares, animais, e comidas, do mesmo modo, o infante começa a deduzir os eventos e a criar através do "faz de conta".

O processo do brincar desenvolve a capacidade de concentração, beneficia o equilíbrio físico e emocional da criança, proporciona também a oportunidade de expressão e desenvolvimento da criatividade, inteligência e sociabilidade, bem como traz também o enriquecimento do número de experiências e de descobertas.

Crianças que não possuem costume de brincar ou que tem pouco contato com pessoas, apresentam cérebros de 20 a 30% menores do que o apropriado para a faixa etária, de modo que, entende-se que a falta do brincar ocasiona comportamentos anômalos.

Desse modo, entende-se o quanto o processo do brincar é adequado e imprescindível ao longo da infância, porque para se atingir a capacidade do pensamento abstrato do adulto, a criança necessita percorrer todas as etapas de seu desenvolvimento físico, cognitivo, social e emocional.

A brincadeira possibilita que a criança possua seu papel no mundo, onde a mesma consiga projetar no espaço lúdico suas ideias e sentimentos.

Referências bibliográficas

AFFONSO, R. M. L. O brinquedo, sua evolução e seus possíveis significados. In: AFFONSO, R. M. L. Ludodiagnóstico: Investigação clinica através do brinquedo. Porto Alegre: Artmed, 2012. p. 79-99.

* BRUNA VIEIRA










Psicóloga Clínica.

Graduação em Psicologia UNESA (2019).
Especialista em terapia cognitivo comportamental - PUC PR (2022).
Especialista em Psicodiagnóstico e Psicopatologia Infantil (2021) - Unyleya.
Pós
graduanda em Psicopedagogia clínica e Institucional - Veiga de Almeida (2022).
Pós graduanda em Psicologia Escolar - Faveni (2022)

Atendimento em consultório presencial e online: mulheres, adolescentes e crianças pela abordagem Cognitivo comportamental.

Nota do Editor:

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