quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Um olhar da Doutrina Espírita sobre o Suicídio


O assunto é sério e delicado, mas merece muita reflexão, apesar de ainda termos muita resistência em abordá-lo. Trata-se de um grave problema de saúde pública, segundo dados da OMS, a cada 40 segundos, uma pessoa comete suicídio no mundo. Dados de 2012 da agência da ONU, constatam que mais de um milhão de pessoas morrem no mundo vítimas de suicídio por ano.

No Brasil, desde os anos 80, a taxa de suicídio não para de crescer, principalmente entre os jovens. Dos 172 países que enviam dados à Organização Mundial da Saúde, somente 28 países registraram aumento nos índices de suicídio nos últimos anos, e o Brasil é um deles, sendo a oitava nação com mais casos em termos absolutos. Entre 1980 até 2012, a taxa de suicídio subiu 60%. 

Dentre diversos motivos que levam uma pessoa ao suicídio, a depressão é uma delas, e segundo a OMS, o Brasil é o país campeão mundial do transtorno de ansiedade e o quinto em número de pessoas com depressão. Esses dados estão aumentando a cada ano, principalmente entre os jovens. 

Outra constatação da OMS, o suicídio tem uma forte correlação com a pobreza, 75% das mortes ocorrem em países de baixa e média renda e isso se comprova no Brasil, onde as taxas que registraram maior aumento de suicídios estão na região Norte e Nordeste. A cidade de São Gabriel da Cachoeira, de maioria indígena, localizada a 850 Km de Manaus possui a maior taxa de suicídios do país.

Com todos esses dados preocupantes e de aumento de suicídio, principalmente entre os jovens, precisamos conversar abertamente e procurar entender o que se passa na cabeça do jovem, pode ser o primeiro passo para ajuda-lo. Precisamos parar e observá-los, muitos sofrem calados, sem apoio de ninguém, sequer de familiares. Muitos sofrem “bullying” e vivem sobre uma imensa pressão, passam por tudo solitários e desamparados e sem estrutura emocional para tanto.

Há sem dúvida um grave atenuante em relação ao suicídio, a descrença, a falta de perspectiva, fé e desconhecimento do mundo espiritual, pois na perspectiva do Espiritismo, o Espírito jamais morre, somos todos Espíritos encarnados na Terra, a fim de evoluímos através de centenas e milhares de encarnações que necessitamos para alcançarmos a evolução e perfeição espiritual.

Segundo Allan Kardec, o Livro dos Espíritos nos revela: "Deus é todo-poderoso. Porque é único... é soberanamente Justo e Bom. A sabedoria providencial das leis divinas se revela nas menores e maiores coisas, e esta sabedoria não nos permite duvidar da sua justiça, nem da sua bondade".


O suicídio, segundo o espiritismo, é contrário a todas as Leis Divinas, nenhum de nós, na condição de Espíritos encarnados, temos o direito de acabar com nossa própria vida. Tivemos a oportunidade de uma nova encarnação, uma nova possibilidade e precisamos sempre seguir em frente, firmes, passando pelas provas e dificuldades que a vida nos impõe, certos de que absolutamente tudo, está no seu devido lugar e acontecendo da forma que deve acontecer para nosso aprendizado e avanço na trajetória da vida eterna.

No livro Memórias de um suicida, de Ivone A. Pereira, “ O suicida é um espírito criminoso, falido nos compromissos que tinha para com as Leis sábias, justas e imutáveis estabelecidas pelo Criador, e se vê obrigado a repetir a experiência na Terra, tomando um corpo novo, uma vez que destruiu aquele que a Lei lhe confiara para instrumento de auxílio na conquista do próprio aperfeiçoamento... O Espírito de um suicida voltará a um novo corpo terreno em condições muito penosas de sofrimento pelas resultantes do grande desequilíbrio que o desesperado gesto provocou... A volta a um novo corpo é Lei inevitável e irrevogável.

Renascendo em um novo corpo, retomará a programação de trabalhos aos quais imaginou erradamente poder escapar pelos atalhos do suicídio, experimentará novamente tarefas e provações semelhantes ou idênticas às que pretendera arredar...”.

Na questão 943/953 do Livro dos Espíritos: "Donde nasce o desgosto da vida, que, sem motivos plausíveis, se apodera de certos indivíduos?" "Efeito da ociosidade e falta de fé, de resignação e de submissão à vontade do Criador... Pobres Espíritos que não tiveram a coragem de suportar as misérias da existência, felizes os que suportam sem se queixar."

E na questão 944: "Tem o homem o direito de dispor de sua vida?" "Não, só a Deus assiste esse direito. O suicídio voluntário importa numa transgressão desta Lei".

Essas citações de algumas literaturas da Doutrina Espírita, nos esclarece que o suicídio é uma grave transgressão da Lei Divida, mas também nos mostra que precisamos nos atentar e prestar mais atenção às pessoas que estão ao nosso redor: filhos, amigos, pais, irmãos... pois muitas vezes estão sofrendo solitários e em silêncio, e necessitam de nossa ajuda e apoio especializado, através de psicoterapias e até remédios, para que possam se reequilibrar, tanto física, como espiritualmente e enfrentar as provas que nos acometem durante essa belíssima jornada que é a VIDA! 

POR JOYCE MILANO











-Educadora Física;e
-Pesquisadora e aprendiz da Doutrina Espírita.

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