sábado, 12 de maio de 2018

Como a Pedagogia Socioemocional pode Reduzir os Efeitos de Stress e Trauma


Estudos realizados pela neurociência e psicologia tem impulsionado o desenvolvimento da pedagogia socioemocional no decorrer dos últimos quinze anos. É sabido que são as primeiras experiencias das crianças que são responsáveis em moldar os sistemas neurológicos e biológicos. Tais desenvolvimentos podem ser para melhor ou para pior. A exemplo, podemos citar que experiências estressantes comuns em famílias que vivem na pobreza podem alterar a neurobiologia das crianças de forma a prejudicar sua capacidade escolar e de vida. 

Embora isso pareça ser assustador, em um primeiro momento, também sabemos que o cérebro tem uma incrível capacidade de ser reprogramado. Isso se dá pelo fato de que se o trauma vivenciado pela criança receber o devido tratamento, essa experiência pode ser substituída por uma situação positiva, quebrando as sinapses antigas que mantinham o trauma, criando novas sinapses positivas. Essa reprogramação pode ser observada em tratamentos de Programação Neurolínguistica, campo esse que denomina esse procedimento como neuroplasticidade que significa que podemos intervir para reparar o dano que o trauma infligiu a muitas crianças.

Além do tratamento supramencionado, a educação socioemocional pode servir como uma ferramenta importante para lidar com o trauma infantil, pois pesquisas americanas mostram que a instrução explícita na meta-cognição e a prática orientada com habilidades inter e intrapessoais podem mudar a forma como as pessoas, nesse caso específico, as crianças, aprendem e interagem com os outros. 

À medida que o cérebro se desenvolve, caminhos neurais (sinapses) são criados e essas conexões são moldadas ao longo do tempo por sua repetição as quais foram construídas na infância. Há evidências crescentes de que a neuroplasticidade pode ser interrompida por estresse, e essa ruptura é vista nos níveis estrutural e molecular. Experiências iniciais estressantes alteram o funcionamento neural e a conectividade entre as áreas do cérebro responsáveis ​​por coordenar pensamentos e ações e regular a resposta ao estresse. 

Nesse momento é importante frisar que o estresse causa a liberação do cortisol, e situações estressantes que se prolongam ao longo do tempo e não são interrompidos por experiencias positivas, podem causar o que é conhecido como efeito cascata de cortisol. O excesso de cortisol causa problemas de humor, comportamento, além de interrupções na memória. 

Um estudo realizado por Vincent Felitti (Professor Clínico de Medicina; Faculdade do Departamento de Medicina de San Diego – CA – USA) realizado em 1998, descobriu uma forte relação entre exposição a abuso ou disfunção a múltiplos fatores de risco para a saúde na vida adulta. Em outras palavras, quanto mais traumas a criança experimentar, mais o desenvolvimento de seu cérebro será afetado. Entretanto, se nessas crianças forem desenvolvidas competências socioemocionais, essas poderão responder melhor aos efeitos do trauma. 

A neuroplasticidade do cérebro possibilita que experiências repetidas modelem o cérebro e até mesmo revertam os efeitos do estresse/trauma.

Em conclusão a todo o acima exposto, a educação socioemocional desde os primeiros anos da infância, pode ensinar as crianças a lidar com o estresse, controlar a raiva e evitar distrações. Por exemplo, ensinar as crianças a diminuir a respiração em momentos estressantes pode funcionar para controlar suas respostas e gerenciar o comportamento agressivo. Destarte, dado o potencial encorajador da educação socioemocional, é imperativo que nós professores e educadores aprendamos tais habilidades para oferece-las as nossas crianças para que elas possam desenvolve—las e utilizá-las a seu favor. 

POR PATRÍCIA BASQUE












-Futura Pedagoga;
-Auxiliar de Sala no 1º ano do Ensino Fundamental e
-Cursando Pós-graduação em Psicopedagogia

Nota do Editor:

Todos os artigos publicados no O Blog do Werneck são de inteira responsabilidade de seus autores.

2 comentários:

  1. Caríssima, lógico, minhas sinapses comprometidas pelo excesso de cortisol na infância traumática, me deixou com uma dúvida estúpida nesse estudo, claro, válido e coeso, onde minha cognição adultera o sentido:

    Não consigo entender a neurociência que aponta que uma criança ao longo do tempo mesmo exposta as maldades da vida cotidiana

    Como explicar crianças nascidas em berço esplendido, criadas com carinho, conforto e proteção se transformam em monstros e matam os pais? Vide exemplos massivos variados na nossa mídia?

    O que acontece no cérebro de uma criança feliz, amada e cuidada por pais pobres, mas destemidos na labuta, que quando crianças são tão fofinhas e inteligentes e na adolescência emburrecem e se transformam em cupins de seus corpos e da vida alheia?

    Vendo o comportamento de nossos jovens, adultos e de gente madura, fico na duvida se a neurolinguística consegue mesmo quebrar a sinapse retro evolutiva que podemos observar nas nações de forma geral e principalmente no Brasil...

    ResponderExcluir