domingo, 14 de julho de 2019

O Malabarista de Pratos


Autora:Juliana  Fuzinohara(*)

"Nossa! Como ele consegue fazer tantos pratos girarem?"
"Ele deve der muita força"
"Muita coisa pra eu pensar, girar, perceber a força que cada prato precisa"

E por aí vão os comentários de quem assistia o malabarista de pratos. Uma pessoa que sozinha consegue administrar vários pratos, que giram cada um com sua força e velocidade. Ele precisa analisar cada prato, como único, analisando a necessidade de se dedicar a ele, sempre analisando os outros para não deixar que nenhum caia, pois a queda significaria o final de sua apresentação.

De repente parei para analisar nossa vida… SIM!! Somos também malabaristas de pratos.

Fazemos análises e administramos pratos ao longo dos nossos dias...

Digamos que cada prato seja uma área da nossa vida, cuidamos desses pratos todos os dias, vamos ao trabalho, cuidamos de nossa saúde, temos família, pensamos no futuro. Alguns giram mais outros menos, mas lutamos para que os pratos não caiam e não parem de girar, por mais que rodamos cada um em sua velocidade, o que vai variar é a prioridade de cada um.

Posso dizer que temos alguns desses pratos:  vida amorosa, saúde, vida profissional, acadêmica, financeira, lazer, família, futuro, sexo, espiritual, entre outras. Ao longo da nossa vida, pratos vão sendo modificados de nome e alguns sendo acrescentados, conforme a fase de cada vida em que estamos.  Cada um sabe nomear os pratos que sua vida tem. Eles vão surgindo e vamos tentando acrescentá-los em nossas apresentações diárias.

Quando crianças, de modo geral, também rodamos pratos, porém algumas administrações são feitas por adultos. Por exemplo, o prato da escola, a criança roda ele sozinha, ela vai até a escola, aprende, é avaliado, porém ele é validado e instruído por um adulto de que é importante girar esse prato.

Já na fase da adolescência, vamos aprendendo a escolher os pratos de preferência, dando prioridades a alguns, como por exemplo, o prato do relacionamento amoroso, este prato permeia muito outros, cuidamos de nossa aparência, para sermos aprovados, temos curiosidade em relação a desejo, pessoas que nos despertam isso. Mesmo escutando pessoas diferentes sobre o que realmente é importante, o adolescente prefere decidir por ele mesmo o modo de girar esse prato, o significado dele diante do outros e quão ele é determinante em nossas escolhas. 

Já na vida adulta somos os donos dos nossos pratos e giramos eles conforme nossa construção de rotina e prioridades. O que mais vejo no consultório são adultos que dão prioridade para o prato da vida profissional. São muito jovens e muito bem instruídos e graduados. Carreiras brilhantes e com um ganho financeiro estabilizado.

Onde surgem os problemas? Como saber se estamos sendo bons malabaristas? Por que os pratos caem?

Muitas perguntas são feitas a si mesmo quando percebemos que nossas vidas podem ser vistas em pratos. Já escutei de pacientes: "Acho que girei o prato do trabalho demais, por isso minha esposa foi embora, não cuidei do prato do casamento". Sim, é por aí que começamos a entender a analogia do malabarista de pratos.

Acho importante aqui ressaltar, que o malabarista precisa sempre estar rodando os palitos que ali mantém os pratos em movimento. Ele tem apenas duas mãos, e elas só têm a capacidade de girar um prato por vez. O que força o malabarista a escolher qual ele quer ou tem necessidade de rodar para não acabar sua bela apresentação.

Na vida, somos nós que determinamos qual prato deve ser girado, a grande questão é que gostamos tanto quando algo dá certo, uma vaga de emprego, uma namorada nova, aumento de salário, títulos, que acabamos por rodar apenas um prato. Vamos dando prioridades as coisas que nos reforçam em sermos bons e aceitos. Não que nos esquecemos dos outros, mas esquecemos de rodá-los naquele dia, esquecemos de olhar a velocidade em que ele estava girando e de perceber se ele precisava de alguma atenção.

Somos seres únicos e limitados, duas mãos, vários palitos, vários pratos e um único desejo de ser feliz. Vale a pena refletir, se a felicidade não está em ver pratos girando, sem cair, sendo trocados por melhores, dando prioridade aos que  concordam que precisam de você, podendo escolher qual quer rodar no momento e no final de tudo, saber que você fez uma apresentação dentro da sua limitação e habilidades aprendidas naquele dia.


Bom equilíbrio!!

*JULIANA ALENCAR FUZINOHARA


-Psicóloga formada pela Universidade Paulista (2013);

- Palestrante sobre Terapia Cognitiva Comportamental; 
-Psicóloga ambulatorial no Hospital São Paulo (NEUROSONO/UNIFESP);
-Trabalha com TCC para tratamentos em distúrbios de sono e com Terapia Cognitivo Comportamental;
-Atende adultos e idosos em consultório em São Paulo; e
-Realiza atendimentos online
-Contato (11) 94769-989en8




Nota do Editor:

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