segunda-feira, 12 de outubro de 2020

Atlas velho


 Autor: Edson Alves Domingues(*)

Costumo assistir um programa na TV, que mostram lugares do Brasil, e do mundo, pelos olhos de um pássaro, voando, e desde cedo sou apaixonado por geografia. Em quase todos os programas, tenho a curiosidade de acompanhar os roteiros através dos mapas das regiões visitadas, como viajando por terra aquilo que vejo pelo alto. Vejo a região em que se localizam, as estradas, os rios e praias que permeiam essas viagens. Faço isto com um Atlas geográfico que tenho, há algum tempo. 

Notei que os mapas que utilizava eram do ano de 2005, mais ou menos, e cheio de intenções, me comprometi a atualizar e adquirir um mais novo, que desse informações novas, afinal as estradas foram duplicadas, novas construídas. 

Fui a uma das livrarias mais famosas e maiores para dar cumprimento à minha promessa, e qual não foi a minha surpresa, quando o vendedor me informou que os que ainda existiam estavam em prateleiras mais baixas, onde eu quase tinha de sentar no chão para pega-las, e disse ainda que não eram mais impressos, pois os aplicativos de celular, e a busca na rede era muito mais preciso e exato, e a procura era muito baixa. 

Frustrado, fui embora, refletindo sobre a tecnologia que nos acompanha hoje, que facilita bastante as informações, e os caminhos que outrora eu fazia procurando em mapas, cheio de dobras e que muitas vezes tinha de parar o carro em um posto para procurar o destino, agora em alguns cliques, eu consigo. 

Um GPS, ou o Waze, me dão todo o trajeto sem ter grandes preocupações, basta clicar o endereço, e lá estará uma moça a me indicar o caminho que deva tomar, a hora provável de chegada ao destino, e nem preciso conhecer o caminho, basta seguir as ordens. 

Eu, que adorava viajar, olhar as boiadas que permeavam o caminho, buscar estradas alternativas, que me dariam a paisagem mais bonita, olhar as árvores frutíferas à beira da estrada, e até fazer um breve lanche à sombra de árvores, ou ainda entrar numa cidade qualquer no caminho, estava agora sob as ordens da máquina que me facilitava o caminho. 

Tomei consciência de que a tecnologia privilegia e facilita enormemente os destinos que queremos chegar, mas nesses anos de vida, tenho aprendido que o nosso destino final já sabemos, só não quando ele ocorrerá, mas que o importante mesmo é o caminho que percorremos, e que definem a nossa história. 

Fiquei com o Atlas velho mesmo!

*EDSON ALVES DOMINGUES











-Psicólogo formado pela Universidade de Guarulhos – 1977;
-Especializado em Psicodrama, com titulação em Terapeuta, Terapeuta de Alunos, Professor e Supervisor pela Federação Brasileira de Psicodrama; 
-Especializado em Terapia de Casais e Família pelo Instituto Bauruense de Psicodrama e
-Psicólogo Clínico, por 20 anos. 

Nota do Editor:

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