domingo, 24 de julho de 2022

Carência afetiva: E agora é amor ou carência?


Autora: Luciana Miranda (*)



"Não precisa mudar, Vou me adaptar ao seu jeito, Seus costumes, seus defeitos. Seu ciúme, suas caras- Pra que mudá-las?"

Quem nunca ouviu essa música da Banda Eva, sucesso em 2007, mas qual será a questão atrás dessa letra?

Também não é incomum eu escutar em algumas situações, estudos de casos ou até encontros entre amigos, "mas eu não vivo sem meu parceiro (a)", "ele (a) é minha vida", "se ele (a) me largar minha vida desmorona". E por trás desses pensamentos, vamos adquirindo sentimentos e comportamentos que nos adoecem, como por exemplo o comportamento da letra da música descrita, onde a pessoa acaba aceitando tudo que é imposto pelo parceiro, "não precisa mudar, vou me adaptar ao seu jeito". E eu tenho certeza, que se eu perguntar para as pessoas que citam as frases acima, se o que elas sentem é amor ou carência, elas irão me responder, claro que amor, e eu questiono, será?

E você sabe o motivo do meu questionamento? Claro, que ninguém muda ninguém, mas quando o sentimento é verdadeiro, há equilíbrio e reciprocidade e não somente um se adaptando ao jeito do outro, Nesse momento você deve estar se questionando, ué, mas se não é amor verdadeiro, por qual motivo a pessoa se adapta e faz de tudo pelo outro, muito bem, pois chegamos no assunto principal, carência afetiva. Mas, não se desespere, é mais comum isso ser confundido do que você imagina, até porque somos desde crianças, ensinados que existem contos de fadas, príncipes encantados, vilões e mocinhas e por tudo isso fica muito fácil nos perdermos nos nossos próprios sentimentos. E o que mais me entristece, é que uma pessoa, que chega nesse nível de carência, ela se esquece dela mesmo, ás vezes pergunto para algumas pessoas, Quem é você ? E a quantidade de vezes que as pessoas não sabem, é surpreendente, elas sabem quem elas são para os outros, mas se esquecem delas mesmos, Ops, isso, é um grande sinal de carência afetiva.

Tá bom, mas como eu sei, que talvez o que eu sinto não seja amor, mas sim carência, Atenção, um não anula o outro, pode ser sim que você sinta amor, porém sua carência faz você ter atitudes que acaba interferindo em um relacionamento saudável. A partir de agora, vou descrever algumas características de quem pode ter essa carência afetiva, também vou descrever, como surge e claro, algumas dicas para melhorar. E se percebeu que de repente, se identifique, não se culpe, o autoconhecimento é o melhor caminho para melhora.

Vamos lá então, os principais sintomas de quem sofre de carência afetiva são: uma necessidade extrema de outras pessoas para que possa se sentir feliz, por isso, ela acha que se o relacionamento acabar, será o fim; tendência a submissão extrema por medo de perder os relacionamentos; ciúme exagerado e tentativa de controle; aceitação de relações ruins, por medo de ficar sozinho, por isso que é comum quem têm carência afetiva, entrar em relacionamentos abusivos; excesso de cobranças em todos os relacionamentos, até mesmo com amigos e familiares; dificuldade para impor suas ideias; necessidade constante de atenção, sentimento de inferioridade; dificuldade em ficar sozinho, por isso é comum uma troca rápida de parceiros e medo de desagradar.

Agora vamos falar, como a carência afetiva pode afetar nosso cotidiano. Geralmente os relacionamentos são conflituosos, pela cobrança excessiva, necessidade de atenção e a própria submissão, conforme dito anteriormente é muito comum ter relacionamentos abusivos, principalmente porque as pessoas carentes são mais fáceis de manipular, dificuldade em dizer não, o que pode atrapalhar em outras áreas, inclusive profissional.

Mas e como as pessoas se tornam carentes. Bom, uma das principais causas da carência afetiva, é ausência de de cuidados, principalmente dos genitores, pois a afetividade e o suporte emocional são indispensáveis para o desenvolvimento da criança. Mas também pode surgir de um cuidado excessivo, onde a criança aprende que precisa desse cuidado para ser suficiente.

Nossa, pode ser que eu tenha uma carência. E agora? Primeiro, identifique isso, como dito acima, nós só melhoramos, aquilo que temos consciência, pratique o autoconhecimento, para esse ponto, procurar ajuda de um especialista, é muito importante, pois não conseguimos modificar alguns padrões nossos, mas nos conhecendo, conseguimos lidar. Aprenda a ter amor próprio, busque melhorar sua autoestima, gostar da sua própria companhia, pois assim ,os relacionamentos serão saudáveis e não apenas por carência ou por medo da solidão. Aliás, esses itens citados aqui, não são importantes somente para carência afetiva, mas para nos tornarmos cada vez mais versões melhores de nós mesmos.

* LUCIANA MIRANDA

















Graduada pela Universidade Paulista (2016);
Pós- graduanda em Psicologia Infantil pela Faculdade Futura - https://faculdadefutura.com.br

Psicóloga clínica;

Abordagem: Terapia Cognitiva Comportamental;

Atendimento adultos, infantis, adolescentes, terapia de casal e terapia familiar

Nota do Editor:

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