domingo, 25 de agosto de 2019

A Mente como Prisioneira de Nós Mesmos


Autora: Sueli Doniseti(*)



Primeiramente vamos definir o que é trauma segundo dicionário: "estado físico ou psíquico resultante de lesões de um tecido, órgão ou parte do corpo provocados por um agente externo."

De acordo com Ferreira Santos e Fortes (2011), trauma psicológico é um evento violento que pode levar a vítima a gerar transtorno de ansiedade, caracterizado como estresse. Portanto, quando falamos de trauma psicológico estamos nos referindo ao resultado de uma situação vivenciada ou presenciada que causou dano emocional, diante de intenso sofrimento, impotência e medo, gerando grande estresse com potencial para modificar a resposta do indivíduo diante da possibilidade de reincidência n o evento traumático.

É normal que esse comportamento permaneça por até um mês após o ocorrido. Entretanto, existem casos em que a pessoa não consegue se desligar do evento e continua revivendo as angústias do momento quanto exposta a situações semelhantes, (como por exemplo passar na mesma rua), ou que ainda faça associações e passe a apresentar a resposta traumática diante de eventos diferentes, mas que remete alguma lembrança do caso (como ser atacada por um motociclista e sentir que qualquer motociclista irá atacá-la), ou ainda ter disparada as sensações de estresse, mesmo não vivenciando naquele momento fato algum (por exemplo, pensar que terá que sair de casa). 

Essas associações podem incluir sinais diversos, inclusive reações que não fazem sentido de maneira consciente, mas que por algum motivo o cérebro reconheceu aquilo como fator de perigo. Diante disso, ainda que nada aconteça esses podem ser disparados a qualquer momento e causar grande sofrimento psíquico e reforçar o estresse inicial, podendo levar o indivíduo a ser tornar disfuncional.

O transtorno do estresse pós-traumático (TEPT), nome dado a ocorrência de sintomas psicológicos e reações físicas após exposição ao perigo, risco de morte, cenas de violência com pessoas próximas etc., tende a apresentar uma série de sintomas, entre os quais pesadelos, reatividade fisiológica, flashbacks dissociativos, lembranças intrusivas, esquiva, evitação, desinteresse, anedonia, apatia, desesperança, irritabilidade, dificuldade de concentração, insônia etc.

Nem todas as pessoas que passam por situações traumáticas desenvolve o transtorno. Também não é possível definir o tipo, a intensidade e nem a frequência do evento ocorrido para adquirir TEPT. Contudo, já se sabe que isso não é sinal de fraqueza, mas sim que o limite de sua capacidade psíquica foi ultrapassado. Qualquer um pode desenvolver o transtorno, portanto deve-se olhar com cuidado para quem apresenta esse quadro, pois é como se tivesse perdido o controle de si e passa a reagir diante das sensações arrebatadoras que tomam sua mente constantemente.

Até os dias de hoje, não há nenhuma comprovação de cura, mas tem como diminuir a angústia por ressignificação do evento vivenciado e o desenvolvimento da resiliência através da psicoterapia. Isso pode ajudar a pessoa a voltar a sua rotina normal sendo funcional e recuperar o controle de suas memórias e emoções. Ninguém precisa ser prisioneiro dessas memórias aflitivas eternamente, pois há tratamento voltado especificamente para diminuição dos sintomas. Mas para isso, é preciso não ter vergonha, nem medo de cuidar de si e buscar ajuda. 

*SUELI DONISETI


-Psicóloga e Neuropsicóloga;
-Graduada pela Universidade Cruzeiro do Sul;

-Especialização em Neuropsicologia pela USP;  
Atua na Psicologia Clínica sob a abordagem Cognitivo-Comportamental, com atendimentos a crianças, adolescentes e adultos.
Contato:11 95319-0439 


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