Aprendi com o Professor Manoel
Justino Bezerra, exímio jurista, cujas letras fluem como águas límpidas que
correm de mananciais preciosos, que não se deve usar ao redigir palavras
inusuais, que fundam a cuca do leitor. Se você for aos Sermões do Padre Vieira,
o Imperador da Língua Portuguesa, segundo Fernando Pessoa, você verá que a
simplicidade das palavras é a chave da inteligência, que não quer bem dizer a
mente privilegiada de qualquer ser humano, mas a necessária compreensão de que
os textos são continentes.
Mas achegas, na minha pouca Inteligência, esta, sim, de uma mente limitada, vi-a pela primeira vez em um texto de meu saudoso amigo Hernani Donato, que, com outro, Pedro Brasil Bandecchi, ambos da Academia Paulista de Letras e do Instituto Geográfico de São Paulo, com eles eu bicava um vinho às quintas-feiras, no antigo Restaurante Itamaraty e em que, entre outros, não me faltava a personagem agradável de Licurgo de Castro Santos, que derramávamos o sublime líquido na garganta, enquanto, por atenção a mim, talvez, falávamos de um matador de minha Santa Cruz do Rio Pardo, o Coronel Tonico Lista e de tradições misteriosas da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco.
Pois bem! Achegas se podem traduzir como complementos, por exemplo, na hipótese, que é como se pode denominar este artigo, uma breve dissertação sobre complementos da vida e a ser como tais, prazerosos complementos de nossa existência, sobretudo, agradáveis. Como agradável é o prazer dever de escrever este tema, para as variadas achegas literárias de Werneck, este cara, que também é Sampaio, como eu, família cuja achega de vida, dizem é fazer um buraco na tampa do ataúde (caixão de defunto, para seguir, Manoel Justino), porque senão, ela não fecha e a ver a grande prole que fica atrás de nós.
Por falar em prazer poucos deles são tão gostosos como uma biblioteca, como dizia o descendente de cristãos novos portugueses, como eu sou também e que, não obstante, era argentino, o Jorge Luís Borges, que o Paraíso, se existir deveria ser uma grande biblioteca.
Outro dia, curtindo minha estante, parei para ver "Crime e Castigo", do grande Dostoievski e pensando em Trump, vi que o caricato de grandeza não pode passar, de um grande palhaço, mas o que mais me fez pensar foi que tendo sido perguntado a Rodion Raskolnikov, o sociopata aassassino, que não perdia o rebolado, para se dizer, matador com dignidade, porque não trabalhava, ele respondeu, penso!
De fato, pensar é mesmo trabalhoso porque para muitos, nada pensar seja nada fazer, ao contrário e o pensamento na teologia católica, é mesmo a morada do pecado. Logo, se penso trabalho e como Descartes, penso logo existo.
Contudo a questão não é o "Crime e Castigo" de minha estante, porém, um livrinho que naquela poeira, falava das estripulias de antigos alunos da Academia do Largo, alunos dos anos 1945/1950, que deram origem à Peruada.
Então: os perus foram furtados de uma exposição agrícola no Parque da Água Branca e eram do Professor Mário Mazagão, lente de Direito Administrativo da Escola. A história foi contada pelo meu saudoso amigo Manoel Elpídio Pereira de Queiroz, da Turma, creio de 1948, que saudade!
Contei uma história! Entrei por uma porta e sai pela outra. Quem quiser que conte outra!
A pedido do Werneck fiquei pasmo. Pensei! Vou escrever sobre o nada; que deve ser o vácuo do Universo, onde, em breve vamos nos encontrar, Mas, não, sai melhor, com Achegas da Vida.
* LUIZ ANTONIO SAMPAIO GOUVEIA
-Advogado graduado em Direito pela Faculdade de Direito da USP (Arcadas) (1973);
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