domingo, 26 de maio de 2024

Primeiros socorros psicológicos

Autora: Juliana  Alencar Fuzinohara (*)

O atendimentos psicológico tende a ser pautado em uma meta ou assunto específico para ajudar o paciente a entende melhor a situação, trabalhar pensamentos enviesados e buscar soluções mais adaptativas.

Quando se fala em primeiros socorros psicológicos (PSP), esse atendimento tende a ser um pouco diferente. Esse processo pode ser realizado com qualquer pessoa que esteja com a saúde mental e física em boas situamos para não agravar ainda mais o quadro.

Esse tipo de serviço é mais oferecido por profissionais da saúde, geralmente  saúde mental para pessoas que estão passando por situação de perigo/vulnerabilidade para ajudá-las a sentirem mais calmas e apoiadas para lidar com os próximos desafios. Isso não significa que pessoas que testemunham ou acompanham a situação não experienciam também essas emoções e situações, essas pessoas também precisam ter certos cuidados.

Pessoas que passam ou as que testemunham situações de catástrofe, seja de origem natural ou humana, precisam desse tipo de apoio. Se identifica essas pessoas quando estão com sinais de exaustão mental e física, com medo de eventos futuros, tristeza grande, raiva pelo ocorrido e se sentindo muito vulneráveis a qualquer sinal de alerta. Pessoas que tendem a se isolar, fazer checagem de segurança, dificuldade para cuidados primários.

Inicialmente devemos limitar nosso acesso a informações e vivências desses eventos e relatos. Se manter informado é muito diferente de ficar vivenciando em lopping as situações o que pode gerar ainda mais ruminações mentais.

Quando for falar com essas pessoas não pontue os sinais que ela apresenta, não fale sobre sinais que ela está tendo. No primeiro contato acolha, escute e mostre sua empatia pela situação.

De modo geral, os sinais que a pessoa tem estão em choque tendem a minimizar dentro de 30 dias. Caso fiquemos focados nesses sintomas podemos evidenciá-los e prolongar para que isso se torne um futuro diagnóstico.

Os PSP precisam ser essencialmente presenciais, são as pessoas que fazem intervenções breve com resoluções pontuais como informações, situações de segurança, oferecer uma escuta não invasiva, não podemos forçar as pessoas a falarem, suporte de situações básicas.

Para começar a conversar com ela, precisa analisar se está pessoa quer conversar ou precisa de ajuda. Nesta situação também precisamos trabalhar com escalas de prioridades de vulnerabilidades, dando sempre preferencia para atendimento imediato a pessoas que mais precisam do serviço.

Não se deve fazer "terapia" de imediato.

Em hipótese nenhuma quando receber essa pessoa peça a ela que conte com detalhes o corrido vivido, isso faz com que o cérebro grave ainda mais as cenas e as experiências, o que favorece que esta pessoa venha desenvolver Estresse pós Traumático (TEPT).

Segundo a literatura em média, 30 % das pessoas que vivenciaram a catástrofe tendem a desenvolver estresse pós traumático (TEPT), algum tipo de fobia, sinais de Transtorno de Ansiedade generalizada (TAG) , transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) e outros…

Não devemos esquecer dos profissionais que por ai estiveram neste período, bombeiros, policias, enfermeiros entre outros que acabam desenvolvendo também questões psicológicos, em torno de 20% desta população depois acaba sendo afastada ou precisando de ajuda psicológica.

Por exemplo nessa enchentes que estão vivenciando do Rio Grande do Sul essas pessoas podem começar e evitar situações que viveram no dia em que a tragédia começou, começam a ter pesadelos sobre o evento, ficar em estado de hiperalerta constante, com muita dificuldade de relaxar, ficam reativos…

Depois do acolhimento, você precisa ajudar essa pessoa a entender quais a necessidade dela naquele momento. Moradia, alimentação, necessidades básicas e cuidados médicos. Dê apenas informações do seu conhecimento. Cheque que ela entendeu as informações.

Se caso a pessoa queira falar com você no particular, procure um local mais quieto e isolado, apenas acolha e não pontue nada sobre o ocorrido.

Com os grupos minoritários ou pessoas mais vulneráveis, como bebes, crianças, idosos, deve-se fornecer mais toque, procurar locais mais seguros. Reforce a segurança e ausência da culpa do ocorrido.

 Proteja essas pessoas da mídia, de exposições.

Resumindo:

*Se informe de todas os pontos de apoio e situações que estão ajudando e acolhendo pessoas para poder passar as informações corretas;

*Se atente ao seu redor, avalie quem realmente precisa da sua ajuda primária;

*Não minimize a dor ou o sofrimento do outro;

*Mostre entendimento o sofrimento do outro;

*Atenda e oriente sobre necessidades básicas;

*Fale menos e escute mais;

*Proteja essas pessoas da mídia ou a qualquer tipo de exposição.

Enfim, você que se propôs a estar presente a eventos deste tipo, esteja preparado para manter a segurança da sua pessoa e dos outros.  Busque respostas simples para explicar o corrido, caso ela questione o que está acontecendo. Ajude, acolhe e escute.

Mantenha paciência e calma!

Use sua sabedoria para ajudar!

*JULIANA ALENCAR FUZINOHARA











-Psicóloga formada pela Universidade Paulista (2013);
-Palestrante sobre Terapia Cognitiva Comportamental; 
-Psicóloga ambulatorial no Hospital São Paulo (NEUROSONO/UNIFESP);
-Trabalha com TCC para tratamentos em distúrbios de sono e com Terapia Cognitivo Comportamental;
-Atende adultos e idosos em consultório em São Paulo; e
-Realiza atendimentos online
-Contato (11) 94769-9898

Nota do Editor:

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