segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Quebrado em Pedaços




   A palavra corrupção deriva do latim corruptus que significa quebrado em pedaços, apodrecido, putrefato.

Numa definição ampla, corrupção política significa o "uso ilegal por parte de governantes, funcionários públicos e agentes privados, do poder político e financeiro, com o objetivo de transferir renda pública ou privada, de maneira criminosa, para determinados indivíduos ou grupos de indivíduos, ligados por quaisquer laços de interesse comum".

Existem pessoas que não reconhecem as leis e as desrespeitam para obter benefício pessoal. Essas pessoas são conhecidas sob o nome comum de criminosos. No crime de corrupção política os criminosos, ao invés de assassinatos ou roubos, utilizam posições de poder para realizar atos ilegais contra a sociedade como um todo. 

A corrupção trai a justiça e a ética social; compromete o funcionamento do Estado; decepciona e afasta o povo da participação política, levando-o à revolta e ao descrédito generalizado, não somente pelos políticos, mas também pelas instituições públicas. 

E, no Brasil, ela já está generalizada, quase pandêmica, presente em todos os níveis das atividades política e econômica, sendo agravada pela falta de punição. Em outros países do mundo, a punição é severa e eficiente e, então, as pessoas ficam com muito mais receio de aplicar golpes e burlar as leis, sabendo que irão para a cadeia. 

Desde 1995, a Transparência Internacional publica um índice de percepção da corrupção, classificando 180 países segundo a análise de um grupo internacional de empresários e especialistas. O índice vai de dez para um Estado considerado limpo a zero para um Estado corrupto. O Brasil tem caído de posição, sistematicamente, e em 2016 sua nota foi 4,0 ficando com o 79º lugar, atrás de pobretões como Burkina Faso, Gana e Ilhas Salomão. 

Um estudo do Banco Mundial concluiu que, se a corrupção no Brasil atingir um nível extremo, como na Somália, a renda per capita brasileira ficará 75% menor. Mas, se alcançarmos o nível de honestidade da Dinamarca, a renda ficará quatro vezes maior. 

A Operação Lava Jato é um conjunto de investigações em andamento pela Polícia Federal do Brasil, visando apurar um esquema de corrupção grandioso, que movimentou bilhões de reais em propina. 

A operação teve início em 17 de março de 2014 e, até agosto de 2017, já conta com 45 fases operacionais, autorizadas pelo juiz Sérgio Moro, durante as quais mais de cem pessoas foram presas e condenadas. 

Ela investiga crimes de corrupção ativa e passiva, gestão fraudulenta, lavagem de dinheiro, organização criminosa, obstrução da justiça, operação fraudulenta de câmbio e recebimento de vantagem indevida. 

De acordo com investigações e delações premiadas, recebidas pela força-tarefa da Operação Lava Jato, estão envolvidos membros administrativos de empresas estatais, políticos dos maiores partidos do Brasil, incluindo presidentes da República, presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal e governadores de estados, além de empresários de grandes empresas brasileiras. 

A Polícia Federal considera que essa é a maior investigação de corrupção da história do país. Mas, apesar dos 4220 policiais envolvidos com o uso de 1320 viaturas; 4377 materiais e 1264 laudos periciados; 844 mandados para busca e apreensão (Brasil e exterior), 210 para conduções coercitivas, 97 para prisões preventivas (Brasil e exterior), 104 para prisões temporárias, e 06 para prisões em flagrante; 650 procedimentos de quebra de sigilo bancário e fiscal, 350 de dados e 330 de telefone; 326 inquéritos instaurados e 187 em andamento; 1397 inquéritos eletrônicos abertos; R$ 2,4 bilhões bens bloqueados ou apreendidos; R$ 750 milhões repatriados; e R$ 12,5 trilhões analisados em investigações, a corrupção ainda é uma praga que assola o Brasil, incrustada na cultura do brasileiro em geral.

A sociedade clama por justiça. A impunidade tornou-se aliada das empresas, autoridades, maus funcionários públicos e grupos hegemônicos dominantes. Há quem diga que um terço do que se gasta nos Governos, se esvai pelos ralos da corrupção. É uma fortuna que se perde, a cada ano, impedindo o desenvolvimento e crescimento econômico do país. 

A corrupção enfraquece a democracia e aumenta as desigualdades sociais, violência e miséria. Para mudar este quadro, é preciso que cada um de nós: atue de forma correta; alerte para os males da corrupção; cobre do político o seu verdadeiro objetivo; escolha pessoas dignas de exercer mandatos; denuncie toda improbidade que chegar ao nosso conhecimento; exija que o Estado invista maciçamente em educação. 

E cabe ao cidadão brasileiro, principalmente, se transformar num implacável agente de mudança pelo fim deste Brasil quebrado em pedaços, apodrecido, putrefato. 


 

  

Grandes empresas sediadas no país dispõem de infra-estrutura e de uma cadeia logística completa, que as coloca entre as melhores do mundo. Muitas delas possuem, por exemplo, seu próprio transporte rodoviário, ferroviário, portuário, cabotagem, supply e até aeroviário; geram sua própria energia; e bancam a saúde, educação e segurança de seus funcionários. Elas possuem, também, seus próprios meios de produção, armazenagem, suprimentos, transporte, mão de obra especializada e tecnologia de informação, conectando seus fatores. Esta logística está integrada em todas as fases do seu processo produtivo e fortemente estruturada por tecnologias modernas, o que garante o sucesso de suas operações.

Por outro lado, muitas empresas menores estão fechando as portas ou demitindo milhares de pessoas, por falta de uma estrutura mínima que lhes permita seguir em frente. Isso porque a logística e infra-estrutura oferecidas pelo Estado estão longe da real necessidade da das nossas médias, pequenas e micro empresas, as quais não têm condições financeiras ou técnicas de se auto prover com tal aparato.

Especialistas afirmam que as causas das deficiências em infra-estrutura e logística, no Brasil, são: falta de estratégia, planejamento, capacidade de gestão de recursos públicos, gerenciamento das obras, além de problemas regulatórios e, principalmente, da corrupção. Estes são considerados, também, os principais motivos para a perda de competitividade brasileira. Infelizmente, estes problemas não podem ser resolvidos no curto prazo e, certamente, comprometerão o futuro do nosso crescimento econômico. 

Os desafios são enormes quando se trata de solucionar os gargalos decorrentes desse desaparelhamento estrutural, num país onde as instituições não resolvem os graves problemas do inchaço da estrutura pública e da corrupção pandêmica, que sugam a maior parte dos recursos. 

É preciso entender que o Estado não pode ser transformado num mero empregador. Suas responsabilidades com os impostos arrecadados vão além dos objetivos sociais com aliados e que investimento útil é o que se espera como resultado de tamanha carga tributária. Por outro lado, urge um ataque fulminante da Justiça àqueles que saqueiam impunemente os cofres públicos. 

Tanto uma folha de pagamento inchada, quanto a hedionda corrupção pública dificultam investimentos em educação, saúde, capacitação profissional, segurança, energia, transportes, meio ambiente, esgotamento sanitário e tratamento de água, essenciais para o crescimento da economia e do desenvolvimento social, em todas as regiões brasileiras. Dificultam, também, a relação público-privada, indispensável na execução de várias obras, empurrando-nos para um crescimento econômico medíocre.

Observar, entretanto, que resolver os gargalos estaduais, sem considerar o contexto da hinterlândia e sua sinergia, aprisionará qualquer estado. O mapeamento dos setores econômicos locais, para identificar as suas carências; e a elaboração de políticas de atração de novos negócios, focados nas próprias potencialidades, devem ser exercícios permanentes de qualquer gestor responsável. Somente dessa maneira assistiremos à transmutação dos grandes desafios em oportunidades. 

É preciso elaborar planejamentos públicos confiáveis, de longo prazo; mobilizar o empresariado para as ações em favor de todo o conjunto da sociedade; e instigar uma maior participação da população, que também precisa abandonar o silêncio. 

A falta de um compromisso mais forte, de todos os atores, com as demandas do futuro, colocará em risco toda uma perspectiva de desenvolvimento sustentável, nos aproximando, perigosamente, de um apagão infra-estruturante e logístico geral colocando-nos, permanentemente, na posição de lanterninha do planeta. 

POR MARTHA E.FERREIRA












-Economista e Consultora de Negócios

Nota do Editor:


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