sábado, 1 de dezembro de 2018

As Vantagens do Cérebro Bilíngue




A educação bilíngue é um fenômeno crescente em nossa sociedade atual. A maioria das escolas está adaptando seus currículos de monolíngues para bilíngues para angariar mais estudantes. Entretanto o que devemos nos questionar é o porquê de escolher uma educação bilíngue em detrimento da monolíngue. 

Em uma primeira análise podemos concluir que a aquisição das duas línguas seria uma sobrecarga de aprendizado numa época em que os pequenos também estão aprendendo como fazer amigos, contar, brincar, etc. No entanto, analisando mais profundamente e estudando melhor o assunto poderemos ver que este momento do crescimento permite que a aquisição da segunda língua seja muito mais natural. O cérebro das crianças pequenas é especialmente preparado para aprender uma segunda língua, uma vez que está em no ápice da flexibilidade. Eles podem aprender uma segunda língua tão facilmente quanto aprenderam a andar.

Destarte, se as crianças têm capacidade para aprender vários idiomas, por que não ensiná-los? 

Um estudo recente da York University, em Toronto, sugeriu que a exposição de uma criança a duas línguas é muito mais benéfica para seu desenvolvimento cerebral, do que quando exposta a apenas uma língua. Os resultados mostraram que crianças bilíngues apesentam uma capacidade superior de se concentrar em uma dada tarefa inibindo os estímulos cerebrais que a dispersariam.

Os estudos ainda comprovaram que quando uma criança bilíngue tenta se comunicar ambas as línguas "competem"dentro do cérebro para serem ativadas e escolhidas. A criança deve selecionar uma e suprimir a outra, o que requer atenção e foco para escolher os vocábulos da língua selecionada, mas ao mesmo tempo o cérebro deve também permanecer inibindo a segunda língua. Isso nos mostra a capacidade de flexibilização do cérebro infantil. A interferência da segunda língua força o cérebro a resolver o conflito interno, dando à mente um treino que fortalece seus músculos cognitivos.

As crianças bilíngues também são mais hábeis em resolver conflitos mentais. Um estudo realizado em 2004 por Ellen Bialystok e Michelle Martin-Rhee descobriu que os jovens bilíngues tiveram mais sucesso em dividir objetos por forma e cor do que seus pares monolíngues que apresentaram maior dificuldade quando a segunda característica (classificação por forma) foi adicionada. 

Isso sugere que a experiência bilíngue melhora o centro de comando do cérebro, dando a ele a capacidade de planejar, resolver problemas e realizar outras tarefas que exigem maior esforço mental. Essas tarefas incluem mudar a atenção de uma coisa para outra, porém manter as informações em mente. Como exemplo, podemos citar a criança que ao se preparar para ir para a escola segue atentamente as instruções de sua mãe, ou seja, a criança executa uma ação se preparando para as que virão em seguida, que são dadas por sua genitora. Essa ação no adulto seria equivalente a conversar enquanto dirige um carro.

Embora seja mais fácil para as crianças a tarefa de escolha e inibição por uma língua, também há benefícios para adultos bilíngues.

As pesquisadoras supramencionadas descobriram que os jovens adultos que conheciam duas línguas tiveram melhor desempenho nos testes de atenção e tiveram melhor concentração em comparação com aqueles que só falavam uma língua. Isso se deve em grande parte ao exercício que nosso cérebro recebe ao alternar entre uma língua e outra. Isso nos permite focar melhor durante uma palestra e lembrar informações relevantes.

Outra vantagem apresentada pelo estudo é que aprender uma segunda língua pode proteger o cérebro de doenças como o Alzheimer. Estudos recentes mostraram que o cérebro das pessoas bilíngues funciona melhor e por mais tempo após o desenvolvimento da doença. Um idoso bilíngue que desenvolve Alzheimer tem esta atrasada, em média, por quatro anos em comparação com um idoso monolíngues.

Se ainda resta alguma dúvida se a educação bilíngue confundirá e atrapalhará o desenvolvimento de seus filhos, se lembre de que seus cérebros são flexíveis e as habilidades que as crianças desenvolvem, além de aprender uma segunda língua, são imensuráveis. As crianças bilíngues aprendem que um objeto permanece o mesmo, embora o objeto tenha um nome diferente em outro idioma (permanência do objeto). Por exemplo, um pé permanece um pé em inglês e português, mesmo sendo chamado de formas diferentes.

Estudos também mostraram repetidamente que a aprendizagem de línguas estrangeiras aumentam o pensamento crítico, a criatividade e as habilidades sociais. Aprender uma segunda língua também dá ao cérebro habilidades necessárias para facilmente aprender outros idiomas no futuro.

Em um mundo onde a maioria da população é bilíngue, parece benéfico pensar em como você pode ajudar seu filho a aprender uma segunda língua ainda na infância. Conhecer outras línguas e entender outras culturas é importante para a juventude de hoje. Enquanto se preparam para viver e trabalhar em uma sociedade global, eles irão interagir rotineiramente com outras pessoas e culturas ao redor do mundo.

POR PATRÍCIA BASQUE




















-Futura Pedagoga;
-Auxiliar de Sala no 1º ano do Ensino Fundamental e
-Cursando Pós-graduação em Psicopedagogia

Nota do Editor:

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