sábado, 18 de março de 2023

Categoria O: Óh, e agora?


 Autor: Adriano da Silva (*)

O início do período letivo de 2023 dos/as professores/as da rede estadual de São Paulo, optantes pela carreira de categoria O*, se depararam com um processo seletivo longo e cansativo, que demandou no recesso escolar tempo, habilidades tecnológicas e muita paciência.

Com as incertezas da conquista nas vagas docentes, muitos/as professores/as ao atribuírem suas aulas foram coibidos a completarem suas cargas de trabalho em outras designações, levados a ministrarem aulas que muitas vezes não tinham pleno domínio ou formação.

Essas reformas da carreira docente, nos levam a repensar o papel social do/a professor/a, que está para além do fazer pedagógico, requerendo habilidades, atitudes, valores e ética, que extrapolam experiências acadêmicas.

O/a professor/a pedagogo/a, por exemplo, tem um papel fundamental na formação dos cidadãos brasileiros nos primeiros anos de escolarização. Reforçam os aprendizados em outros espaços; exploram as relações estabelecidas entre os pares em sala de aula; propõem interações entre classes; expressão, verbalização, escuta atenta e respeito a opiniões; é uma pequena parte das experiências proporcionadas pelos/as professores/as em sala de aula, além dos laços que são estabelecidos em todo ano letivo entre os alunos e professores/as.

A nova carreira docente, com as possibilidades de se atuar em diversos segmentos e escolas (inclusive), demonstram que o fazer pedagógico é algo banal, pois qualquer pessoa com o mínimo de instrução pode dar uma aula sobre qualquer conteúdo, descreditando assim o saber fazer pedagógico dos/as professores/as que de fato são formados para trabalharem e formarem os estudantes naquilo que se propuseram a lecionar em suas carreiras.

Exemplos disso, são os/as professores/as pedagogos/as que puderam atribuir aulas de sociologia ou filosofia para completarem sua jornada de trabalho ou até mesmo, das disciplinas de humanidades que puderam atribuir aulas eletivas com temas diversificados, que variam de assuntos de física, química, arquitetura, turismo, etc.

O trabalho com os/as estudantes não pode ser considerado de forma simples, trivial, comum. Se queremos ter bons resultados acadêmicos nas escolas é necessário que se crie possibilidades para que de fato tenha.

É necessário que o processo seletivo para os/as professores/as da categoria O no Estado de São Paulo seja revisto, desde o processo seletivo até a conclusão do ano escolar. O/a docente precisa ser valorizado/a em muitos aspectos da sua carreira, pois não é um assunto atual as problemáticas existentes na educação. Portanto, que se crie abordagens para o próprio desenvolvimento desse/a profissional, levando ele/a a desenvolver suas habilidades em sala de aula e aumentando seu saber fazer pedagógico, mas dentro de seus limites de atuação.

REFERÊNCIA

(1) A categoria O é uma das categorias de profissionais docentes da educação que atuam nas escolas públicas do Governo do Estado de São Paulo. Ainda existem as categorias A, P, F, S, L e V. A categoria O está vinculada nos termos da lei L.C. “1.093/2009” e é atribuída via processo seletivo.

*ADRIANO DA SILVA














- Graduado em Pedagogia  pela Universidade de São Paulo - FEUSP (2020);
- Pós graduando em Gestão de Projetos pela Universidade de São Paulo - ESALQ - USP; e
- Atua como Professor nas séries iniciais (Ensino Fundamental 1) do Estado de São Paulo.

Nota do Editor:

Todos os artigos publicados no O Blog do Werneck são de inteira responsabilidade de seus autores.

2 comentários:

  1. Gostei muito do seu texto, Adriano. Sou professora e me sino muito frustrada com os rumos da educação atualmente. Temos que continuar discutindo esse assunto.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigado, Mônica! Agradeço pela leitura. Sempre necessário esse assunto. Abraço!

      Excluir