sexta-feira, 10 de maio de 2019

Maria Gasolina Agora Só pra Rico...

Autora: Ana Paula Stucchi(*)



                                                                                        

A figura da "Maria Gasolina" é a da pessoa que não pode ver alguém de carro que quer logo ir "passear", seja qual for a programação, ou se via um rapaz de carrão era nesse que ela ia e não abria mão de dar umas voltinhas de carro pra ostentar. 

Mas e hoje? Com a gasolina, em tempos de nova administração do país, subindo (porque todos nós achamos que iria cair o preço) vamos tentar entender o que acontece? 

1 - a Petrobrás foi usada nos últimos anos como instrumento de política econômica. O que acontecia é que o governo controlava os preços dos combustíveis à revelia do Mercado. Resultado? Praticamente quebrou a estatal. De 2016 pra cá é que, desde a administração Temer, que daí aconteceu o contrário: liberalizou-se os preços, mas daí a Petrobrás não tinha reservas pra conseguir equilibrar-se diante do mercado internacional. 

2 - Com base na primeira premissa, a volatilidade dos preços deu o que fazer para a Petrobrás reequilibrar-se. Então, tentou-se reajustes "controlados"(tanto em valores quanto em frequência de tempo) para que houvesse uma readequação tanto dos preços dos combustíveis quanto da situação da Petrobrás. 

3 - Agora, em 2019, os economistas e o próprio governo querem que os reajustes não sejam em curto período de tempo, até mesmo porque, em tempos de inflação controlada, faz-se necessário certa estabilidade para que, microeconomicamente, as empresas que usam combustível como "custo fixo", possam planejar minimamente seus próximos passos. 

Agora... falando não tanto economicamente, mas comportamentalmente... já dissemos em outros posts que a demanda por combustível é inelástica - explico - tanto faz o preço que a gasolina é praticada nos postos, as pessoas vão continuar a abastecer seus carros e rodar nas ruas, e os engarrafamentos continuarão tanto nas cidades quanto nas estradas. Um fenômeno é o congestionamento em estradas na região da Grande São Paulo, a velocidade média em horário de pico é 49, 50km/h, ou seja, 40% menos que a velocidade permitida (80km/h). 

Na greve dos caminhoneiros (que ameaçam sair de novo em greve) o fenômeno inverso da teoria econômica chocou-me demais: a gasolina que já estava por volta de R$ 5 o litro, o mundo ideal seria que ninguém comprasse acima desse preço, e esperasse as distribuidoras reabastecerem os postos. Mas pasmada, assisti filas e filas pra abastecer a inimagináveis R$10 o litro!!!!!!!!!!!!! No fim, para qualquer governo, pense: que importa? tanto faz o preço, o povo vai continuar a abastecer e rodar.... Isso mostrou uma irracionalidade ímpar. Mais uma "jabuticaba" para coleção do Brasil nas análises e piadas em meios acadêmicos e políticos internacionais... 

Enquanto isso... as Marias Gasolinas continuam ostentando, andando nos carrões alheios, pouco se preocupando quanto é o litro de gasolina. Impostante é ostentar e obter curtidas nas redes sociais, enquanto que quem realmente precisa de combustível para trabalhar sofre com os altos custos. Mas #vamosemfrente mesmo assim.

ANA PAULA STUCCHI















-Economista de formação;

-MBA em Gestão de Finanças Públicas pela FDC - Fundação Dom Cabral;
-Atualmente na área pública
Twitter:@stucchiana


Nota do Editor:

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