domingo, 11 de dezembro de 2022

O caos de uma mente ciumenta


Autora: Kathigiane Brito(*)

 

O ciúme é uma emoção comum e inerente a qualquer ser humano de todas as idades, sendo praticamente impossível não o sentir em alguns momentos da vida. Esse sentimento tem papel importante para o desenvolvimento emocional e maturação das relações afetivas e, sempre é ativado por uma possível situação de perda real ou imaginária. Porém, quando intenso e de difícil controle, costuma ser desagradável e danoso para a pessoa que o sente, para a vítima e, ameaçador para qualquer relação. Trata-se de uma questão polêmica e preocupante, pois muitas vezes o ciúme é confundido com um ato de cuidado e amor, haja vista não se tratar de um sentimento isolado, ele sempre vem carregado de um misto de outros sentimentos e emoções, como o medo, a raiva, preocupação, excitação, a ansiedade, o desespero, etc. Inicialmente, seus sinais manifestam-se de forma moderada, podendo se intensificar com o passar do tempo, numa fase em que o sujeito apresenta dificuldade na diferenciação do que é real, imaginário ou fantasia e, consequentemente apresenta comportamentos que ultrapassam os limites da boa convivência.

Mas, afinal, o que está por trás de uma mente ciumenta?

As pessoas tornam-se ciumentas devido a uma série de fatores que podem estar relacionadas à instabilidade emocional, baixa autoestima, insegurança ou até situações mais complexas advindas da infância. Estudiosos da área sugerem, que o ciúme ocorre em sujeitos que se percebem em uma situação de insegurança e ameaça, logo esse sentimento provoca um nível elevado de tensão, promovendo o sofrimento psíquico e o descontrole emocional, acarretando em comportamentos desadaptativos a serem empregados pelo sujeito numa situação considerada típica.

Pessoas ciumentas trazem consigo uma gama de pensamentos disruptivos e comportamentos negativos, como:

São hipervigilantes, costumam monitorar e controlar os passos do seu parceiro(a) no intuito de limitar as suas ações;

Percebem ameaças nos ambientes e, muitas vezes, impedem seu companheiro(a) de sair sozinho(a) ou com amigos, pois pensam que essa é a melhor forma de evitar uma possível infidelidade ou abandono e, ficam a pensar: “Ele(a) pode conhecer outra pessoa mais interessante que eu”, “Ele(a) vai me deixar!”;

Costumam, ainda, considerar que o parceiro(a) é sua propriedade exclusiva e que este necessita de domínio para garantir uma relação longeva. Sempre se baseiam em experiências de relacionamentos anteriores, acreditando na repetição dessa frustração, e tem pensamentos do tipo: “Tenho tanto medo de ser traído(a) novamente”;

Tendem a ser ansiosos e possuir pensamentos distorcidos a imaginar cenários catastróficos que geram um sofrimento por antecipação de algo que pode nem ocorrer;

São inseguros e apresentam autoestima prejudicada, acarretando em dúvidas sobre si mesmo e autodepreciação, “Não me acho atraente, por isso ele(a) não me ama”;

Têm a necessidade de reafirmação de sentimentos: “Meu parceiro(a) deve sempre dizer que me ama”;

Possuem desconforto e desgaste mental, pois são completamente dependentes emocionalmente dos seus parceiros. Suas responsabilidades são afetadas, bem como suas relações sociais prejudicadas em função da desconfiança e insegurança.

Obviamente que todos nós temos o direito de validar os nossos sentimentos, e sentir ciúmes é algo comum e universal, porém é preciso se atentar aos comportamentos e estratégias que acompanham esse sentimento e que podem trazer implicações e conflitos para esse relacionamento. A melhor maneira de lidar com uma pessoa ciumenta é através do diálogo, ajudando-o a identificar a sua existência e possíveis consequências negativas para todos os envolvidos. A conscientização da superação desse sentimento, consiste em um longo processo que exige, indispensavelmente o acompanhamento por um profissional especializado que auxiliará a pessoa a lidar com essa condição.

*KATHIGIANE BARBOSA BRITO LEAL











Psicóloga Clínica na abordagem Cognitivo Comportamental

-Graduação: Psicologia- CRP-03/8731. Faculdade do Sul – FACSUL/BA (2011);

 -Especialização: Saúde Mental em CAPS com Ênfase em Dependência Química – UNIGRAD ( 2013); e

Especialização: Gestão em Saúde – Universidade Estadual de Santa Cruz  -UESC (2015).

 

Nota do Editor:

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